9.11.11

Paka-Tatu lança livro com leituras do Vestibular

Dois contos de Marques de Carvalho estão entre os lançamentos literários da editora Paka-Tatu. Os contos paraenses ”Que bom marido!” e “Desilusão” integram as leituras recomendadas do vestibular da UFPA e foram reunidos em um livro de 70 páginas, que traz o trabalho de pesquisa do Mestre em Estudos Literários Paulo Maués Corrêa. A obra resgata a importância e contribuição de Carvalho para a literatura brasileira, além de apresentar comentários e notas explicativas sobre os textos produzidos no século XIX. 

“Marques de Carvalho é um autor relevante, pois foi um intelectual atuante em seu tempo, participando de grupos de literatos, como a famosa Mina Literária. Literariamente falando, ele produziu obras que dialogaram com a produção sua contemporânea, da Escola Naturalista, o que é reforçado em meu livro pelos diversos contrapontos que efetuo ao longo das análises, especialmente com a obra do também paraense Inglês de Sousa e de Aluísio Azevedo", explica Maués Corrêa. 

Com prefácio de Paulo Nunes, doutor em Literatura de Língua Portuguesa, o livro “Leitura de dois Contos Paraenses de Marques de Carvalho” começou a ser desenvolvido por Maués em abril de 2011. O trabalho envolveu a compilação dos contos, atualização ortográfica e elaboração de ensaios analíticos e interpretativos dos textos. Para ter acesso ao original de “Contos Paraenses”, Paulo Maués contou com a colaboração do Museu da UFPA, através da equipe responsável pelo acervo do professor Vicente Salles.

Os Contos registram um período significativo da Belém do século XIX e apresentam um recorte bem construído da cidade do período. “Otto Maria Carpeaux assegura que, para conhecermos profundamente uma nação, devemos nos voltar para a literatura produzida por ela. Nesse sentido, Marques de Carvalho é um exemplo ilustrativo, pois encontramos, em sua obra, uma Belém localizada num tempo específico. Aliás, ele é o introdutor do cenário urbano de Belém na Literatura, conforme já havia ressaltado o Professor Eidorfe Moreira”, destaca. Com poucas edições disponíveis, Marques de Carvalho é praticamente um desconhecido do público leitor. 

Até pouco tempo, o único livro que se poderia encontrar no mercado é o romance “Hortência”, segundo Paulo, trata-se do primeiro romance urbano de Belém. “É que antes predominava o discurso em torno do interior. Por exemplo, na obra de Inglês de Sousa, temos cenas da vida do Amazonas [o rio, não o Estado], Belém é somente citada por alto, não havendo uma entrada na cidade, o que só acontece em ‘Hortência’, de 1888. O ‘Contos Paraenses’ é de 1889”, conta.

O título editado pela Paka-Tatu ressurge no mercado literário como uma nova possibilidade de tornar Marques um autor mais conhecido pelo público. Pensado especialmente para alunos e professores que precisam utilizar o material sobre Marques para o vestibular. Uma experiência que Paulo Maués repete com a Paka-Tatu. 

“Em 2005, também a convite da Editora Paka-Tatu, preparei os ‘Contos Selecionados de Inglês de Sousa: Voluntário, Acauã e A Quadrilha de Jacó Patacho’, textos indicados para o vestibular naquela oportunidade”, recorda.

O projeto ganhou desdobramentos e foi parar na internet, no portal interativo da Paka-Tatu. Nele, o leitor pode conferir comentários, exercícios, vídeos e áudios sobre os contos, além de espaço para sugestões dos internautas. O projeto teve apoio da Universidade Federal do Pará, Museu da UFPA e Universidade Estácio/FAP. 

“Fizemos reuniões e definimos o que seria feito para colocarmos no portal. Os exercícios e a possibilidade de sugestões dos leitores são um diferencial. A versão em áudio dos contos de Marques de Carvalho é trabalho profissional, elaborado pela equipe da Estácio-FAP, com destaque para a locução de Ramayana Pena. Até onde tenho conhecimento, é o primeiro livro com interface de interatividade já publicado no Pará, e espero que isso seja um diferencial no mercado de livros”, confia. 

Serviço
O livro custa R$ 15 e pode ser adquirido nas principais livrarias de Belém e na loja da Paka-Tatu, na travessa 14 de março, esquina com a rua Oliveira Belo, bairro do Umarizal.

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