Escrito por Carlos Correia Santos, o romance tem como pano de fundo o polêmico projeto que a Cia. Ford desenvolveu em plena Amazônia nos anos 20. O livro já premiado em 2008 com o Prêmio Dalcídio Jurandir, promovido pela Fundação Tancredo Neves (FCPTN), também está à disposição de leitores da França, Alemanha e Reino Unido.
A literatura produzida na Amazônia chega ao suporte virtual de modo pioneiro. A versão sai em e-book publicada pela Pubon Soluções Editoriais. Já lançado em Lisboa, no início deste ano, o e-book está disponível na Amazon francesa, alemã e do Reino Unido.
“Velas da Tapera” também foi autografado por Correia na capital lusitana no dia 06 de junho em um recital lítero-musical promovido pela FNAC Chiado, com apoio da Embaixada do Brasil em Portugal e produção de Fercy Nery e Rita Pestana, representantes na Europa do escritor brasileiro.
O evento contou com mostra de música a cargo de Fercy Nery (na voz e violão) e Attila Argay (na bateria). A programação incluiu ainda um bate-papo com o autor. O livro também integrou uma ação de fomento à leitura promovida pela ONG lisboeta EpDAH e foi enviado a leitores do Timor Leste.
Resultado de seis anos de pesquisa, “Velas na Tapera” tem como pano de fundo a colossal história de Fordlândia, núcleo urbano erguido pela Cia Ford nos anos 20, em plena selva amazônica, para produção de látex destinado à fabricação de pneus que seriam utilizados pela poderosa empresa automobilística.
O projeto acabou abandonado depois que a plantação de seringueiras foi atacada por uma praga. É pelo cenário da abandonada cidade americana, em meio ao ermo da mata, que transitam os personagens da narrativa. Em especial, Rita Flor, que nesta história perde sua filha de seis anos após um misterioso incêndio em sua tapera.
Lançado em Portugal |
Ela acredita que sua menina virou uma milagreira e decide construir uma capela em sua homenagem. A jovem não tem dinheiro para cumprir seu intento. O único caminho que lhe resta é prostituir-se. O sagrado e o profano deitam-se na mesma cama. Em meio ao vazio e ao desencanto que transformam Forlândia numa vila fantasmagórica, Rita vende seu corpo para santificar a filha.
A obra tem prefácio assinado pelo romancista José Louzeiro (autor de clássicos da literatura brasileira, como Pixote e Lúcio Flávio – O Passageiro da Agonia) e orelha assinada por Olga Savary (uma das mais importantes poetas brasileiras, considerada a introdutora do haicai nas letras nacionais).
“Sinto que é uma honra em todos os sentidos poder ver meu livro lançado em Portugal, encaminhado ao Timor Leste e agora transformado em e-book distribuído em lojas virtuais na França, Alemanha e Reino Unido. Primeiro porque consigo provar que, mesmo sem a cobertura de mercado de uma grande editora, é possível fazer circular a produção literária”, ressalta o autor.
E ele complementa: “Essa possibilidade de intercâmbio também é sempre fascinante. Para quem cria narrativas em língua portuguesa é uma experiência emocionante poder levar seus ditos não apenas ao país berço do idioma com o qual labuta como a diversos outros lugares do mundo”.
Em breve, o trabalho de Correia também chegará à África. Em 2009, o romancista e dramaturgo venceu o concurso Literatura para Todos, promovido pelo Ministério da Educação do Brasil, com a peça infantil “Não Conte com o Número Um no Reino de Numesmópolis”. O trabalho está sendo editado numa coleção com tiragem de 300 mil exemplares que serão distribuídos em escolas brasileiras e africanas.
Novo romance - Já na esteira dos êxitos de “Velas”, Carlos se prepara para divulgar outra de suas narrativas longas. Seu novo romance “Senhora de Todos os Passos”, foi um dos vencedores do Prêmio IAP de Edições Literárias 2011 (Prêmio Haroldo Maranhão). A obra será editada e lançada até o fim deste ano.
O livro conta a saga da ousada e espirituosa Maria Xavier, personagem inspirada na avó do autor. A trama faz um imenso passeio por episódios importantes da História nordestina e amazônica.
Do Recife dos anos 20, passando pelas ladeiras de Olinda na década de 50, até o barro da Transamazônica dos idos de 1970, seres fictícios e várias personalidades reais cruzam o infindável caminho de Maria Xavier. Correia transforma em personagens do livro figuras como Bajado, Catulo da Paixão Cearense, Irmã Dulce, Corisco, Dadá, Dulcina de Moraes e até Dorothy Stang.
Esta é a terceira vez que Carlos ganha o Prêmio IAP. Em 2003, ele venceu a categoria dramaturgia com o texto da peça “Nu Nery” (cuja montagem já foi apresentada em várias cidades brasileiras, graças à Caravana Funarte Petrobras de Circulação Nacional). Em 2008, outra peça sua foi laureada: o texto “Batista”.
Capa original |
O ano de 2011 tem sido produtivo para Correia. Além do recente prêmio do IAP, da edição em e-book de “Velas na Tapera” e de seu lançamento em Portugal, além de ter duas peças suas apresentadas com bastante êxito em São Paulo (“Perfídia Quase Perfeita” e “A Fábulas das Águas”, montadas pela Cia. Fé Cênica), Correia conquistou o segundo lugar geral da quarta edição do concorrido Seleção Brasil em Cena, edital de fomento à nova dramaturgia brasileira, promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro (CCBB).
Ele foi o único autor da região Norte escolhido para o projeto. O certame selecionou também um escritor do Nordeste. Os demais foram das regiões sul e sudeste.
A obra com que Carlos Correia foi destacado é o monólogo “Um é Multidão”. Foi a segunda vez que o paraense participou da iniciativa. Em 2007, o escritor também foi selecionado para o concurso justamente com sua comédia “Perfídia Quase Perfeita”. Para adquirir o e-book de “Velas na Tapera”, clique aqui.
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