Depois de passar pelo Cine Olympia, aber-se nova oportunidade para ver a exposição Transcodificações Urbanas: uma ressignificação dos monumentos de Belém, contemplada com o Prêmio Proex de Arte e Cultura da Universidade Federal do Pará (UFPA). Na Galeria Teodoro Braga.
Montada inicialmente no Espaço Cultural Cinema Olympia, em outubro passado, a exposição traz criações de uma nova geração de artistas paraenses, concluintes do curso de Artes Visuais da UFPA, convidados a fazerem uma releitura de um conjunto de monumentos, indo além dos seus códigos fundadores.
O Monumento ao Índio, localizado na Praça Brasil, por exemplo, inspirou a artista visual Marta Cosmos a criar uma obra chamada de “Arapuca”, um tabuleiro de Xadrez interativo de 3 por 3 metros, com 24 peças de até 1,80 metro de altura, feitas pelo processo de papietagem, com talas de buriti e materiais recicláveis (garrafas pet e jornais).
A ausência das outras peças deixa lugar para que os visitantes possam entrar, literalmente, no jogo e representar qualquer papel. As peças são iguais e usam adereços característicos de cada personalidade do jogo. Assim, o visitante que quiser jogar pode ocupar o espaço que desejar, desde o lugar do peão ou do guerreiro, até o do rei ou do cacique.
Além disso, ele pode mudar a posição das máscaras e descobrir o que há por trás delas , ou ainda transformar até mesmo um bispo em monstro. Como explica Marta, todo cuidado é pouco. “Afinal, você está num tabuleiro, num grande jogo... Vigilância e prudência: caminhos para o xeque-mate”, explica.
Ressignificar - Os visitantes também vão poder conhecer de perto as ressignificações dos monumentos à República, a José da Gama Malcher, a General Gurjão, a Frei Caetano Brandão, a Lauro Sodré e de obras como o Chafariz das Sereias, Praça do Relógio e Pavilhão Harmônico Primeiro de Dezembro.
A idéia da exposição nasceu após a disciplina Estágio Supervisionado, no final de 2010, quando os estudantes de Artes Visuais de 2008 saíram em busca de informações sobre a arte pública na capital paraense, assim definida por se
encontrar em espaços de grande circulação, que pertencem às ruas e às
praças, modificando as paisagens urbanas de forma permanente ou
temporária. .
Foram aos acervos do Arquivo Público do Pará, Biblioteca do Museu da UFPA, Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Estado do Pará, Fundação Municipal Cultural de Belém, Biblioteca Arthur Vianna e nos arquivos da Provincial Presidential Reports (http://www.crl.edu/pt-br/brazil/provincial/).
Foram aos acervos do Arquivo Público do Pará, Biblioteca do Museu da UFPA, Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Estado do Pará, Fundação Municipal Cultural de Belém, Biblioteca Arthur Vianna e nos arquivos da Provincial Presidential Reports (http://www.crl.edu/pt-br/brazil/provincial/).
O site www.monumentosdebelem.ufpa.br traz parte do resultado desse levantamento que reúne uma série de informações, como a história das encomendas, as representações, preços e materiais utilizados, envolvendo os nove monumentos de Belém.
Foram alvo da disciplina: Chafariz das Sereias, na Praça da República; Monumento ao índio, na Praça Santos Dumont; Monumento ao Frei Caetano Brandão, na Cidade Velha; Monumento ao médico Gama Malcher, na Cidade Velha; Monumento ao General Gurjão, na Praça D. Pedro II, no bairro do Comércio; Monumento a Lauro Sodré, no complexo de São Brás; Pavilhão Harmônico 1º de Dezembro, na Praça Batista Campos; Monumento Relógio de Ferro, na Praça Siqueira Campos, no bairro do Comércio; e Monumento à República, na Praça da República.
Foram alvo da disciplina: Chafariz das Sereias, na Praça da República; Monumento ao índio, na Praça Santos Dumont; Monumento ao Frei Caetano Brandão, na Cidade Velha; Monumento ao médico Gama Malcher, na Cidade Velha; Monumento ao General Gurjão, na Praça D. Pedro II, no bairro do Comércio; Monumento a Lauro Sodré, no complexo de São Brás; Pavilhão Harmônico 1º de Dezembro, na Praça Batista Campos; Monumento Relógio de Ferro, na Praça Siqueira Campos, no bairro do Comércio; e Monumento à República, na Praça da República.
Memórias - Supervisora da disciplina Estágio Supervisionado da turma de 2008 de Artes Visuais, a professora Ana Cláudia Melo detalha que o trabalho de catalogação partiu do princípio de que os monumentos trazem consigo memórias, valores políticos, celebrações de temas e personagens ligados às estruturas de poder e à própria história do Estado e do País.
Entretanto, com o crescente processo de urbanização das cidades, a intervenção nesses monumentos transgride os seus códigos fundadores.
“Isso porque, como sugere o sociólogo Nestor Canclini, os monumentos, ao contrário das obras nos museus, estão abertos às dinâmicas urbanas que facilitam que a memória interaja com as mudanças, seja por meio das placas de propaganda, das pichações ou manifestações e protestos”, comenta.
Com este trabalho, a professora diz que mais do que um estágio profissionalizante, os discentes puderam refletir sobre o que todos esses monumentos representaram e representam na contemporaneidade, e, ao mesmo tempo, agora constroem e compartilham conhecimento com a sociedade.
Exposição - A professora Carmen Silva, que divide a coordenação do projeto com a professora Ana Cláudia Melo, explica que, para montar a exposição, os discentes articularam diversas linguagens artísticas tendo como tema os nove monumentos pesquisados durante o programa de atividades da disciplina Estágio Supervisionado.
“Nosso objetivo com este trabalho é, a partir da ressignificação, primeiro convidar a sociedade a pensar acerca do significado da Arte Pública e, ao mesmo tempo, contribuir com a preservação da memória artística dos monumentos de Belém”, afirma.
Outro aspecto que a professora Carmen ressalta é que a Exposição Transcodificações Urbanas demonstra que os monumentos de Belém, mesmo em bronze e mármore, podem até resistir ao tempo, mas não à forma de vê-los.
“Sabemos que os monumentos já foram um meio de comunicação em uma sociedade com altos índices de analfabetismo, sabemos que os monumentos podem até ser uma teatralização do poder de uma época altamente oligárquica, porém mais do que isso eles carregam consigo as poéticas e estéticas de tempos que não param de se encontrar”, avalia.
Fazem parte da exposição Transcodificações Urbanas os discentes: Abigail Silva, Adriele Silva da Silva, Alana Braun, Ana Paula Souza, Carla Marron, Cinthya Marques, Denildo Neves, Evila Nascimento, Heskethi Barbosa, Indira Fernandes, Isley Martins, Lia Mota, Lucilainy Sampaio, Márcia Cristina Pinto, Marta Cosmo, Monik Silva, Norberto Marques, Ocione Garçon, Rafaela Barros, Renata Ferro, Rubinaldo Silva Junior, Tayanne Cid, Toky Popytek e Yasmine da Mata.
Serviço
A abertura da exposição acontece nesta quarta-feira, 09, às 19h, e a visitação pode ser feita até o dia 30 de novembro, das 9 às 19 horas, de segunda a sexta-feira. A exposição também integra a programação da 14ª Jornada de Extensão Acadêmica da UFPA e da Semana do Patrimônio do Pará.
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