17.2.12

TV Sesc (SP) entrevista grupos de teatro de Belém

A equipe de Milaré, na Casa dos Palhaços
Esta semana a equipe do programa “Teatro e Circunstância”, da TV Sesc (SP), esteve por aqui e registrou a história e a experiência do nosso rico, diverso, sedutor e criativo teatro.

A partir de depoimentos, sempre reunido material de imagens de trabalhos e cenas de obras realizadas, o programa vem realizando um importante trabalho de mapeamento da produção de teatro no país, ao abordar o teatro contemporâneo através de diferentes aspectos. O programa tem direção de Amilcar Claro e roteiro de Sebastião Milaré, e vai ao ar pela TV Sesc às terças-feiras, 22h, com reprises às quintas, sábados e domingos.

Desta vez, fora do eixo sul e sudeste, veio bater em Belém do Pará. Aqui, a equipe entrevistou os integrantes do In Bust Teatro com Bonecos, dos Palhaços Trovadores, do Grupo Cuíra e ainda visitou o Estúdio Reator, onde bateu um papo com Nando Lima.

Curioso com o que rolou durante as visitas, o blog buscou e recebeu notícias de Marton Maués, dos Palhaços Trovadores, Cristina Costa, do In Bust, e Nando Lima, do Reator, que contaram aqui pra gente como foi o encontro e nos anteciparam os assuntos tratados, conteúdos importantes para que o país que ainda não conhece vai poder ver em breve na telinha da TV Sesc. 

Trovadores em entrevista
“Adoramos fazer o programa. Eu, particularmente, gosto muito e o assisto sempre. Acho que, sobretudo agora, a equipe está fazendo um mapeamento importantíssimo do teatro brasileiro, mas do teatro brasileiro fora do eixo, fora do esquemão comercial tradicional”, diz Marton Maués, do grupo Palhaços Trovadores que recebeu a equipe da TV Sesc na Casa dos Palhaços.

“É um mapeamento do teatro de grupo e de pesquisa brasileiro, fundamental e necessário. Para nós, poder estar par a par com outros grupos que acompanhamos e admiramos, mostrar compartilhadamente nosso trabalho, como e porque os fazemos, está sendo uma grande felicidade”, disse ao Holofote Virtual. 

Os Palhaços Trovadores falaram de sua história e de como o grupo foi se constituindo a partir de uma oficina ministrada por Marton, na Escola de Teatro e Dança da UFPA, e que trouxe ao grupo a forma poética e popular da trova com que até hoje seus adoráveis clowns nos divertem e fazem refletir. 

Trovadores em "A Morte do Patarrão"
De acordo com Marton, foi esta maneira de trabalhar elementos dos folguedos populares nos espetáculos, que acabou, com o tempo, “gerando uma poética de forte característica Amazônica e popular. Falamos de nosso processo criativo e de nosso treinamento, dos nossos estudos e pesquisa sobre a linguagem do palhaço e sobre a cultura popular, seus ritos e brinquedos”, explica. 

O “Teatro e Circunstância” perguntou sobre a organização do grupo, a distribuição do trabalho e ainda sobre a conquista da sede, sua ocupação e projetos desenvolvidos. Por aí se toma que assunto não deve ter faltado. Na Casa dos Palhaços são realizados projetos como o “Palhaçadas de Quinta”, o “Bailinho Infantil de Carnaval” (que vai rolar neste sábado, 18, aliás), oficinas e ainda abriga uma biblioteca, entre outras atividades. 

O programa no qual Os Palhaços Trovadores estarão, ainda não tem data certa para a exibição, mas irá ao ar trazendo entrevistas com dois grupos do Rio de Janeiro, o “Teatro de Anônimo” e a “Intrépida trupe”, tendo como mote “Grupos de teatro que trabalham com elementos circenses”.

Fio de Pão
Com bonecos e atores - O In Bust, que também recebeu a visitinha da equipe do Teatro e Circunstância, disse que o diretor Sebastião Milaré deixou o grupo muito à vontade para falar de sua história e de seus projetos. A partir daí, abriu-se um baú de memórias que foi buscar o primeiro espetáculo do grupo.

Formado por Paulo Nascimento, Aníbal Pacha e Adriana Cruz, em 1996, o grupo com apresentação de esquetes musicais, que traziam bonecos e manipuladores, ainda neutros, com roupas negras, óculos escuros e bonés, nas apresentações do saudoso bar Go Fish. Quem lembra? 

O “bico prazeroso” que se fazia, porém, logo ganhou outras dimensões, como conta a produtora do grupo Cristina Costa. “Quando eles precisaram dar um nome ao grupo, resolveram brincar com a palavra "embuste", que acreditavam que era o que faziam com os bonecos, e como o local da apresentação era em língua inglesa (Go Fish), assumiram o In Bust. Em determinado ponto, o grupo sentiu que precisava costurar mais as esquetes e os manipuladores começaram a se manifestar também, revelando o rosto, entrando na luz, dando um pequeno texto”, explica Cris.

No 2o espetáculo, o In Bust ainda seguiu a mesma linha, mas na 3a, Fio de Pão, veio a mudança dramatúrgica que norteia a estética e a construção da linguagem com que se trabalha até hoje de se fazer um teatro de formas animadas com atores. 

O Curupira, do In Bust
Um ponto importante também focado na entrevista foi a pesquisa para confecção de bonecos e cenário e a dificuldade em se conseguir material de qualidade aqui e Belém, além da investida em materiais regionais e alternativos.

O Teatro e Circunstância também quis saber, claro, sobre o Catalendas, programa realizado junto com a Tv Cultura do Pará e ainda dos incríveis projetos de circulação pela região que já permitiu ao grupo chegar a mais de 50 municípios paraenses.

Nas saídas de Belém, o grupo investiga matérias primas, modos de trabalhá-las e ainda coleta narrativas populares nas quais se inspira para a construção de novas dramaturgias e personagens. Cristina à equipe do Teatro e Circunstância falou sobre a montagem do espetáculo Natureza no Asfalto, que levou ao surgimento do conceito de "produção criativa" e mais tarde, ao grupo Produtores Criativos. 

Quanto à linguagem do teatro de bonecos em miniatura, utilizada neste projeto, Paulo Ricardo falou da experiência vivida pelo grupo e de como esta também originou o Grupo de Experimentação em Teatro em Miniatura, questão detalhado por Aníbal Pacha. Para finalizar, falou-se do Casarão do Boneco, sua estrutura e ação cultural na cidade, abrindo espaço para apresentações e acolhendo grupos e artistas.


No Estúdio Reator, variações criativas
Teatro e tecnologia - No Reator, a equipe de Milaré conheceu uma experiência coletiva.

De acordo com Nando Lima, o diferencial do Reator foi colocar de maneira clara que não se trata, ali, de um grupo de teatro, mas sim de profissionais de várias áreas, envolvidos com a produção artística, tendo algumas premissas no modo de produzir e também afinidades como a questão do hibridismo, a tecnologia, a pesquisa.

Participaram do papo no Reator, além de Nando, Danilo Bracchi, da Companhia de Investigação Cênica, Leo Bitar, que trabalha com direção, desenho de som e trilhas para teatro e cinema, e Jeferson Cecim, do Usina de Animação, e que por sinal volta em cartaz no espaço agora em março, com o espetáculo Red Bag.

“Cada um de nós colocou a sua visão sobre o reator e os processos que aqui acontecem. Falamos de todas as pessoas envolvidas, dos espetáculos Morgue insano and Cool,  Red Bag, À Sombra de Dom Quixote e dos espetáculos que estão em processo e pesquisa como Makunaíma em a árvore e a enchente (Milton Aires), Incidental e Fratura Exposta”, explica.

As interseções e diferenças de cada indivíduo foram colocadas. “Como isso é ajustado e ou somado dentro da nossa produção que opta por experimentar sem medo de críticas e subvertendo as leis do mercado atual. Parece que foi uma entrevista muito interessante e longe do lugar comum das práticas atuais do que se convencionou chamar de "teatro de grupo"”, finaliza Nando.

Com toda certeza as próximas séries do programa serão imperdíveis para todos que fazem, estudam e gostam de teatro neste país. Pesquisa, circulação e idéias criativas, que trazem sotaques e idéias diferentes, de um Brasil mais amplo e plural. Excelente trabalho do programa Teatro e Circunstância. Eu quero ver!

Um comentário:

Nando Lima disse...

O Holofote sempre em "cima da pauta" parabéns Luciana por prestar esse serviço de informação, com lisura , e paixão. APOLO - DIONÍSIO - BACO , feliz carnaval de 2012 pra vc!!!