17.8.15

Herança francesa em Belém é tema de debate

Paris N'América: prédio é exemplo clássico
da presença francesa em Belém.
Com quase 400 anos, a cidade de Belém traz como marca histórica a influência francesa do período da Belle Époque. Em um curto passeio no centro histórico da cidade é possível ver essa herança na arquitetura de casas, palacetes e até nos azulejos que enfeitam pisos e paredes no centro de Belém. Retomando um assunto presente no cotidiano dos paraenses, o editor Fábio Augusto de Brito Ávila ministra a palestra “A herança francesa em Belém” no dia 27, às 19h, na Aliança Francesa.

A Belle Époque foi um período de cultura cosmopolita na história da Europa que começou no fim do século XIX. Assim, cidades com ambientes e sociedades diferentes como Paris, Lisboa, Buenos Aires, São Petersburgo, Viena, Belém e Manaus, acabaram se integrando ao circuito mundial da cultura burguesa. No Brasil, este período teve início em 1889, com a Proclamação da República e foi até 1922, quando explodiu o Movimento Modernista no país.

O palestrante Fábio Ávila, escritor e editor, além de presidente da Empresa das Artes, editora com mais de 300 obras publicadas nos segmentos de cultura, meio-ambiente e turismo, abordará estas influências presentes em Belém, a partir das arquitetura e o turismo cultural. Na ocasião, a platéia poderá ganhar também publicações do editor com a participação de uma dinâmica de perguntas e respostas.

História - Para a maioria dos europeus, a época entre 1871 e 1914 foi a Belle Époque. A ciência tinha tornado a vida mais cômoda e segura, o governo representativo tinha grande aceitação e se esperava confiantemente um progresso contínuo. 

As potências européias se orgulhavam dos seus avanços e, convencidas de que a história lhes tinha reservado uma missão civilizadora. Paris foi a principal capital européia que se glorificou com o estilo da belle époque, com exemplos que hoje se podem contemplar na Gare de Lyon e na ponte Alexandre III.

As mudanças realizadas entre os séculos XIX e XX, estimuladas, principalmente, pelo dinamismo da economia internacional, também afetou a sociedade brasileira significativamente. De meados dos anos de 1890 até a Grande Guerra, a orquestra econômica global gerou grande prosperidade no país. 

O enriquecimento baseado no crescimento explosivo dos negócios formou o plano de fundo do que se tornou conhecido como “os belos tempos” (Belle Époque). No Brasil, a atmosfera do surto amplo de entusiasmo do capitalismo gerou uma sensação entre as elites de que o país havia se posto em harmonia com as forças da civilização e do progresso das nações modernas.


Belle Époque na região Amazônica

Na região Norte do Brasil a Belle Époque foi fruto do desenvolvimento da economia do látex na Amazônia no período de 1870-1910, o que está intimamente ligado às próprias transformações ocorridas a nível da reprodução do capital e da acumulação de riquezas pela burguesia internacional. 

Em decorrência do Bomm da borracha, Belém do Pará assumiu o papel de principal porto de escoamento da produção do látex, além de se tornar na vanguarda cultural da região. Verifica-se neste momento a construção de todo um processo mordenizador na região Norte. A necessidade de mordenizar a capital paraense e realizar uma melhor distribuição do espaço urbano esteve inevitavelmente ao desenvolvimento da borracha, como também as transformações políticas e sociais ocorridas no país a partir da década de 1880. 

Era preciso adequar a cidade às transformações capitalistas, investindo capital e diversificando sua aplicação em outras atividades, para isso se engendrou todo um processo de modernização da cidade de forma a facilitar o escoamento da produção e de divisas para os países centrais.

O desenvolvimento urbano que se gestava há algum tempo, acelerou-se significativamente com a implantação da República que, enfatizando a descentralização, deu maior autonomia à aplicação dos impostos, além de conceder ao Estado maior participação na renda de exportação da borracha. 

Neste sentido, a ação dinamizadora do embelezamento visual da cidade estava associada à economia, a demografia e também aos valores estéticos de uma classe social em ascensão (seringalistas, comerciantes, fazendeiros) e às necessidades de se dar a determinados segmentos da população da cidade segurança e acomodação, além da colocação em prática da idéia positivista de progresso enfatizado pelo novo regime republicano.

O período de apogeu da economia da borracha produziu em Belém, um processo de transformações que tentava dar à cidade as feições urbanas de suas pretensas congêneres na Europa. 

Belém tornava-se, sob certos aspectos, uma capital agitada e pretensamente mais européia do que brasileira, dominado por um francesismo, principalmente no aspecto intelectual, que ressaltava a ligação da cidade com as principais capitais européias, causada de um lado pela dependência financeira e comercial à Inglaterra, e por outro, por uma relação cultural intensa com a França. 

As famílias locais ricas na época tinham por hábito enviar seus filhos para as escolas da França. A cidade também tornou-se um verdadeiro centro de consumo. Belém ficou conhecida no Ciclo da Borracha como Paris N'América.

Serviço
Palestra “A herança francesa em Belém”. Dia 27, às 19h, na Aliança Francesa de Belém - Tv. Rui Barbosa, 1851. Entrada franca.

(Holofote Virtual, com informações da assessoria de imprensa da AL. Outras fontes: blog Pará Histórico).

Nenhum comentário: