23.9.15

Caldeirada debate rumos para a política cultural

A importância da participação da sociedade civil na construção das políticas públicas voltadas para a cultura em Belém é o tema central da 1ª “Caldeirada - Comunicação e Cultura”, que será realizada nesta sexta-feira, 25, no auditório do Parque Zoobotânico do Museu Emílio Goeldi e no Belém Hostel.

A iniciativa é dos estudantes do curso de comunicação da Universidade Federal do Pará, em parceria com vários projetos independentes, como a Revista Na Cuia e o site de jornalismo cultural Reduto Cult, também realizados por alunos da faculdade de comunicação da UFPA. 

A programação, porém, ultrapassa os muros da universidade e chega à sociedade civil, agente fundamental para a transofrmação social e cultural necessária para a construção dessa política de fomento à cultura. Na primeira parte, às 15h, no Museu Emílio Goeldi, acontecerá a mesa de debate “Cultura na Cidade: Atores Sociais e Política Pública em Belém”, promovida pelo projeto de extensão “Facom 4.0”, dentro da ação “Isso me diz respeito!", que incentiva a formação profissional e pessoal dos alunos de comunicação e incentiva a participação da comunidade.

Após o debate, às 17h, o evento se desloca para o Belém Hostel, no bairro da Campina, onde a revista cultura eletrônica Na Cuia promove a Kuyera!, programação cultural com exposições fotográficas e shows, além da apresentação do projeto da revista.

Para a diretora da Faculdade de Comunicação, Rosane Steinbrenner, "a Caldeirada é algo que merece ser acompanhado de perto. É daquelas experiências que já nascem inquietas, baseadas numa curiosidade crítica e num DNA colaborativo. É feita por alunos, professores e técnicos da faculdade, projetos de extensão e coletivos independentes de Cultura e Comunicação. Ou seja, é aprendizagem e troca coletiva sobre dois temas, cultura e comunicação, que atravessam, envolvem e afetam quem somos, como indivíduos e cidadãos", explica a professora.

Não por acaso cultura e comunicação são dois temas transversais nas ciências humanas. 

“Quem estuda ou pesquisa comunicação sabe que jamais ela pode ser pensada separadamente da cultura, são duas dimensões da existência humana entrelaçadas de modo indissolúvel. Se a comunicação é a condição primordial para o homem viver em sociedade, a cultura é o seu horizonte simbólico de pertencimento, onde ele se reconhece”, comenta a professora Rosaly Brito, coordenadora do projeto Facom 4.0, um dos promotores do evento. “Por isso, é muito importante para nossos alunos discutirem como, na cena cultural de Belém, as duas coisas se complementam e se conectam”, complementa.

Para a estudante de jornalismo e integrante da revista Na Cuia, Juliana Araújo, a programação da Caldeirada traz esse contato dos alunos com os assuntos sociais, pensando a cultura como um reflexo da sociedade. 

“Os estudantes de comunicação precisam participar de debates públicos, entender como a área que a gente está estudando se relaciona com a sociedade. Cultura também é uma parte da política que ainda não é entendida como política. É a vida das pessoas com as quais nos comunicamos”, declara Juliana que, junto a amigos, fundou a revista Na Cuia para produzir reportagens jornalísticas sobre manifestações culturais.

Discutindo e fazendo cultura

Solar da Beira: Estudantes lutam com arte pela cidadania
Nessa Caldeirada entrarão em debate ações pontuais que vem sendo realizadas pela sociedade civil, que tenta buscar apoio e, ao memso tempo, incentivar o poder publico a criar uma política pública voltada à realidade da cidade. 

A Caldeirada convidou vozes representativas nesse atual cenário, para debater movimentos sociais e os políticos, como a implantação da Lei Valmir Bispo Santos, de iniciativa popular, escrita coletivamente e que institui o Sistema Municipal de Cultura, garantindo pelo menos 2% da receita do município para o fomento direto à cultura na cidade.  Aprovada em 2012 pela câmara dos vereadores, a Lei ainda não foi implementada, por falta de diálogos entre artistas, produtores culturais e governo municipal. 

Para debater o assunto, estarão presente um representante da Fundação Cultural do Município de Belém- Fumbel e o presidente da Comissão de Cultura da Câmara Municipal de Belém, vereador Fernando Carneiro.

Ocupação Solar das Artes
Também participa o militante de políticas públicas de cultura, integrante do Fórum Municipal de Cultura e professor do curso de Economia da UFPA, Valcir Bispo Santos; e o professor mestre em Geografia, músico e compositor, Cincinato Marques Jr, que já atuou como Coordenador da Câmara de Políticas Sócio-Culturais na Secretaria de Estado de Governo-SEGOV, e também como Secretário de Cultura do Estado do Pará.

Mais uma presença importante será a da jornalista Raphaella Marques, mestra em artes pelo Programa de Pós-Graduação em Artes do Instituto de Ciências da Arte (ICA) e militante na área cultural, representando o movimento Solar das Artes, uma das ações mais interessantes e pertinentes realizada ainda no prmeiro seemstre deste ano em Belém, ocupando o Solar da beira, prédio histórico, que continua abandonado mesmo após a manifestações de diversos estudantes e atores da cena cultural de Belém.

Outras ações - Seria interesante que representantes de outras ações independente marquem presença ou tenham suas ações citadas no debate, como exemplos. Cito aqui o Instituto Arraial do Pavulagem que vem a anos debatendo e incentivando a cena da cultura popular na cidade, as formas de financimento coletivo que vem sendo opção para artistas iniciantes e também para grupos atuantes e recohecidos na cidade, como o próprio Arraial do Pavulagem e a In Bust Teatro com Bonecos, que realiza a campanha Salve Salve Casarão.

Outro projeto relevante pra cidade é o Circular Campina Cidade Velha, que em sua oitvada edição apresenta conquistas que só mesmo com a força da sociedade civial se consegue alcançar. Há inúmeros outros coletivos na cidade, inúmeras iniciativas que devem ser pontuadas e fortalecidas. É uma oportunidade única de ter todos estes agentes reunidos.

Banda Maraú
Música e fotografia - A programação cultural dessa Caldeirada fica por conta da Revista Na Cuia. Produzida por um grupo de estudantes do curso de comunicação da UFPA, a revista eletrônica, de publicação mensal, se propõe a fazer jornalismo cultural independente, buscando sempre uma abordagem diferenciada para os temas debatidos. 

A Kuyera! surgiu como um espaço de interação e troca de ideias com o seu público. É, também, um evento de promoção cultural, abrindo espaço para novos artistas do cenário cultural de Belém. A 2° edição da Kuyera! faz parte da Caldeirada e contará com exposições fotográficas do grupo ParÁFRICA e do jovem fotógrafo Yan Belém. 

A programação musical é comandada pela Banda Maraú, que traz um indie tropicalista, com pitadas de lo-fi, à noite. A revista Na Cuia ainda irá expor as suas edições digitais e compartilhará experiências sobre o fazer jornalismo cultural de forma independente em Belém.

Serviço
1ª Caldeirada. Nesta sexta-feira, 25, às 15h. No Auditório do Parque Zoobotânico do Museu Emílio Goeldi, Av. Magalhães Barata. Às 17h abre a Kuyera! Exposições fotográficas de Yan Belém e projeto ParÁFRICA, show da banda Maraú e apresentação da revista Na Cuia. No Belém Hostel (Rua Ó de Almeida, 624 - Campina). O ingresso na Caldeira é gratuito.

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