16.8.17

Corres do contemporâneo no curta de Paulo Roque

“Pílulas para nos fazer voar antes que a chuva acabe” é o novo filme de ficção do cineasta Paulo Roque, realizado pela produtora independente Cobra Grande Filmes. Em 25 minutos de duração surgem várias temáticas de transgressões, envolvendo instagram, tatuagens, relacionamentos, diversidade, solidão, lixo, tolerância, felicidade, busca por identidade. A pré-estreia acontecerá no Cinema Olympia, dia 19 de agosto às 18 horas, com entrada franca. A seguir um papo com o diretor.

Paulo Roque diz que o filme questiona aquilo que pode nos levar a viver e pensar, que envolve nossas escolhas, nossas ambições, nosso dia a dia e que acrescenta algum conteúdo no vácuo de nossas vidas. "Somos todos um paradoxo em nossa existência: nos achamos importantes demais e ao mesmo tempo somos insignificantes na imensidão do universo", diz.

As histórias destacam detalhes do cotidiano contemporâneo. Pessoas que se cruzam no tempo, espaço e trazem consigo sentimentos diversos de seu íntimo humano. “O filme trata de coisas que eu queria dizer, ideias apenas, sem defender bandeira nenhuma, só queria mesmo transformar o banal em poesia através da fotografia”, diz Paulo.

Professor da Pós graduação em Produção Audiovisual, Design e Fotografia da Estácio Belém, Paulo Roque também é publicitário, tem uma produtora, a N2produtora, que atende a área comercial, e também dirige a Companhia Cinematográfica Cobra Grande Filmes, que é o braço artístico, voltado exclusivamente para projetos autorais.

Holofote Virtual: Quantos e quais filmes ou trabalhos audiovisuais você já realizou?

Paulo Roque: Meu primeiro curta foi o ‘Cobra Grande’, de 1993. De lá pra cá nem lembro quantos docs já fiz. Mas o que produzi sobre o Barroco de Santo Alexandre, em 1999, foi minha tese de graduação em artes, numa época em que ninguém fazia vídeos acadêmicos, afinal o sistema era analógico (rsss).

Entre os curtas mais recentes, produzidos pela Cobra Grande, e que têm participado de festivais, estão “A Menina e o Boto” (2014), “Ao Quadrado” (2014), “Promesseiros” (2015), “Violências Urbanas” (2015) e “Asas Roubadas” (2016).

Como trabalho com TV e publicidade, desde 1988, faço muita coisa institucional, campanhas, etc. E ultimamente tenho feito uns videoclipes também, fáceis de encontrar no youtube: DNA – work to pay for my beer ; STRESS – Heavy Metal é a Lei; Cabocla da Amazônia – Gina Lobrista e mais alguns outros…

Holofote Virtual: Quando e em quanto tempo foi filmado. Tivestes apoios financeiros, culturais? 

Paulo Roque: Selecionamos o elenco em fevereiro, nos reunimos durante os meses de março, abril e maio, filmamos durante o mês de junho e a montagem rolou em julho. Estamos lançando a pré-estreia neste sábado (19) para sentir como está o primeiro corte na tela grande (muito massa, né?). Claro que podemos sentir necessidade de fazer alguns ajustes e logo em seguida já vamos partir para a inscrição em festivais. 

Importante ressaltar que este projeto é 100% independente, sem nenhum tipo de patrocínio. Os atores não receberam cachê, mas o que nos faltou em recursos, sobrou em paixão e dedicação, por parte deles e da incrível equipe de produção, sem a qual nada seria possível. Só tive que convencer todo mundo a embarcar na minha viagem… Acho que conquistei a galera pelo roteiro (rsss).

Holofote Virtual: Pela proposta do roteiro, a dinâmica do filme deve ser veloz. Fala um pouco dessa construção do filme...

Paulo Roque: Pílulas para nos fazer voar antes que a chuva acabe, trata de questões banais da contemporaneidade. São 12 micro histórias, 12 pílulas que poderiam ser 12 curtas… Para nos fazer voar, para nos fazer pensar, voar nosso pensamento, provocar reflexões… 

Antes que a chuva acabe, são momentos mágicos, não são? Uma Belém diferente, cosmopolita, sem clichés, sem regionalismos bairristas, mas com certeza uma cápsula do tempo que registra nossa realidade para o mundo. Não, não somos índios com macaquinhos de estimação, nem temos jacarés no meio da rua… O elenco é todo formado por atores locais, selecionados em audições, ou outros que já conhecia de projetos anteriores e que fiz questão de convidar. 

Holofote Virtual: Há um elenco grande também. Como costumas conduzir o trabalho de direção, com tantos atores e histórias diferentes? 

Paulo Roque: Fomos preparando o elenco durante alguns encontros técnicos para este projeto, e minha forma de dirigir é meio diferente: quando estamos no set quase tudo já foi conversado e minha relação com os atores já foi construída, coisinhas que aprendi pelo caminho, cada um tem seu estilo, e eu sou muito tranquilo, não gosto de stress desnecessário, pois quando estou filmando gosto de estar no meu transe, meu foco…

Holofote Virtual: Já tem projeto novo rolando?

Paulo Roque: Já tenho um novo roteiro pronto na mão para iniciar a pré-produção, seleção de elenco e ainda este ano devemos iniciar as filmagens. Mas este será completamente diferente de tudo que já fiz… Mas essa é outra conversa...

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