Fotos: Júlia Rodrigues |
Filmado na maior ocupação artística da América Latina, o clipe “Lesbigay”, da paraense Aíla, é um dos trabalhos indicados ao Women's Music Event. Promovido pela WME, plataforma digital criada para aumentar o protagonismo da mulher na música – e a VEVO Brasil, a primeira edição do prêmio é uma iniciativa inédita na história da música brasileira. A premiação passa por uma votação em tês etapas: categoria voto popular, até 3 de novembro, voto técnico e homenageadas pelo conjunto da obra. A cerimônia será no dia 28 de novembro, com transmissão ao vivo, das 20h às 21h30, pelo site do evento.
Expoente da nova música produzida na Amazônia, a cantora e compositora Aíla lançou, no último domingo, 29, Dia Nacional da Visibilidade Lésbica o clipe “Lesbigay”. A faixa, parceria com Dona Onete, integra o disco “Em Cada Verso Um Contra-ataque” (Natura Musical), segundo álbum da carreira. O vídeo está disponível no YouTube e escancara o direito de “amar sem pudor”.
“Fizemos essa música pensando o 'Lesbigay' como um lugar que deveria ser comum, habitual, onde todos podem ser livres –, apesar de parecer, no contexto carregado de preconceito e ódio em que vivemos hoje, um lugar idealizado”, comenta Aíla. “A música quer fazer dançar nossos corpos dissidentes, afirmar o brilho que ninguém vai fazer desaparecer, escancara o direito de amar a quem se quer. 'Lesbigay' - a música, ou o lugar referido na música - é onde continuaremos dançando, construindo nossos espaços de afeto”, completa a artista.
O vídeo foi gravado na Ocupa Ouvidor 63 - a maior ocupação artística da América Latina, com mais de 100 residentes que lutam para conquistar definitivamente o espaço. O prédio de 13 andares, localizado no centro de São Paulo, está ocupado desde 1º de maio de 2014. Mais que cenário, tornou-se personagem fundamental do vídeo à medida que é, ele próprio, um forte símbolo de resistência.
“Gravar o clipe na Ocupa Ouvidor é uma maneira de dizer que apoiamos esse movimento de ocupação, que queremos fortalecê-lo. Essas pessoas estão lá vivendo, fazendo arte e colaborando com a cidade. E elas têm todo o direito de estar ali”, defende a diretora Vera Egito.
Personagens da vida real
Para compor o elenco, a equipe de produção buscou personagens reais – performers e ativistas gays, lésbigas ou transsexuais – como a rapper Luana Hansen, o coordenador do Ibrat (Instituto Brasileiro de Transmasculinidades), Lam Matos; os performers Alma Negrot e Coletivo Animalia; e também moradores da Casa 1, centro cultural e república de acolhimento a LGBTs em situação de risco. As professoras aposentadas, Ana Maria Oliveira e Carmem Almeida, companheiras há 17 anos, também participam do vídeo.
Co-diretora do videoclipe, Jéssica Queiroz reforça a importância de ter um elenco formado por militantes da causa LGBT. “O clipe fala muito sobre libertação. O ‘Lesbigay’ é esse lugar que não é uma festa, um endereço, mas um sentimento, uma experiência, ele não existe no mapa. No vídeo, Aíla vai avançando as escadas e ‘se descobrindo’ à medida que encontra pessoas com diferentes histórias pra contar, diferentes vivências. Por isso foi tão valioso contar com personagens reais, não-atores”, diz.
Lesbigay integra uma série de cinco videoclipes, que vai originar um pencard audiovisual. O projeto tem o patrocínio da Vivo, via Lei de Incentivo à Cultura Semear, Fundação Cultural do Pará e Governo do Estado do Pará. A Vivo incentiva projetos que promovem a valorização da cultura brasileira em diferentes regiões do país. Em 2016, a empresa apoiou mais de 100 projetos por meio das leis de incentivo à cultura, que beneficiaram mais de 2 milhões de pessoas.
LESBIGAY
Aíla/ Dona Onete
Onde o amor não tem cor, nem nome, nem pressa
Onde a vida é livre e nada mais interessa
Eu não sou pecador
Só quero amar sem pudor
É lá que eu vou te encontrar em pleno luar
Basta você me ligar que eu vou correndo te amar
Eu não vou mais esperar
Eu quero é me libertar!
Senti saudade voltei lá no lesbigay
Senti saudade voltei lá no lesbigay (x2)
Trajetória marcada pelo ativismo e busca de liberdade
Aíla nasceu na Terra Firme, bairro da periferia de Belém. É um dos principais nomes da nova música produzida no Pará e no Brasil. Com um timbre marcante e intensa personalidade no palco, ganhou destaque em 2012, com o álbum "Trelêlê", lançado através do projeto Conexão Vivo, em que misturou a tradição popular musical do Pará com uma sonoridade atual, passeando por referências que vão do brega ao pop, da guitarrada ao carimbó, da cúmbia ao zouk love.
De lá pra cá, o lado ativista e inquieto de Aíla tomou a frente de seu trabalho, e a poesia antes romântica e “fulêra”, deu lugar a versos afiados e certeiros. Em 2016, Aíla lançou "Em Cada Verso Um Contra-Ataque", pelo edital Natura Musical, com pegada artivista, canções próprias e de parceiros, além de uma inédita de Chico Cesar e outra em parceria com Dona Onete.
No trabalho, ela investe em uma sonoridade mais pop, que flerta com as distorções do rock e ao mesmo tempo com os beats eletrônicos, reflexo também da conexão Belém - São Paulo, onde reside hoje. O disco discute temas urgentes, como feminismo, questões de gênero, assédio, intolerância e resistência, e entrou nas principais listas de melhores do ano. Com ótima repercussão de mídia e público, o show já passou por locais emblemáticos, como Circo Voador (RJ) e Teatro Oficina (SP).
O olhar feminino pela transformação social
Vera Egito e Jéssica Queiroz |
Vera Egito é Diretora de "Amores Urbanos", seu primeiro longa-metragem lançado em 2016. Foi apresenta no Festival de Cannes de 2009, como "jovem talento promissor" do cinema brasileiro.
A diretora abriu e fechou a Semana da Crítica do prestigiado evento naquele ano, com os curtas “Elo” e “Espalhadas pelo ar”. Também estudou cinema na Escuela de Cine y TV de San Antonio de los Baños, em Cuba e foi assistente de direção do filme "O cheiro do ralo", de Heitor Dhalia. Ao lado do mesmo diretor, ainda contribuiu para o roteiro de "À Deriva" e do longa "Serra Pelada".
Jéssica Queiroz formou-se em Edição Audiovisual pelo Instituto Criar e é graduada em Direção Cinematográfica pela Academia Internacional de Cinema. Trabalha há anos com edição de publicidade. No cinema, dirigiu o documentário "Vidas de Carolina" (2014), as ficções "Número e Série" (2015) e "Peripátetico" (2017). Acredita que o cinema é uma ferramenta de transformação social, fazendo de seus filmes uma representação do olhar de dentro da periferia.
Ficha Técnica
Aíla – videoclipe “Lesbigay”
Produtora: Paranoid
Direção: Vera Egito e Jéssica Queiroz
Produção executiva: Fernanda Geraldini
Produção: Sofia Aquino
Assistente de direção e produção: Bianca Soares
Direção de fotografia: Julia Zakia
1 AC: Cosmo Roncon
Logger: Fabio Henrique Batista Moraes
Eletricista: Diogo Costa
1o Ass. de eletricista: Marcelo Brasil
2o Ass. de eletricista: Eduardo Neves
Direção de arte e figurino: Vitor Nunes
Ass. de arte e figurino: Mauri Miglioli
Make up / hair: Amanda Pris e Ester Ganev
Coordenação de finalização: Camila Doimo
Montagem: Mariana Becker
Correção de cor: Julia Bisilliat
Arte de Letreiros: Julia Balthazar
Finalização: Psycho n' look
Elenco principal: Lam Matos - Homem Trans, militante e coordenador do IBRAT - Instituto Brasileiro de Transmasculinidades / Luana Hansen - Lésbica, feminista, ativista, DJ, MC e produtora musical / Alma Negrot - Drag queer, de gênero híbrido, artista visual, performática e bruxa / Ana Maria e Carmem - lésbicas, juntas há 17 anos, casaram em 2014 / Animalia - grupo de performers não binárias e travestis, experiência sensorial, diálogos entre imagem, som e corpo / Moradores casa 1 - Centro Cultural e República de acolhimento a LGBTs em situação de risco.
Realização: 11:11 Arte, Cultura e Projetos
Patrocínio: Vivo / Lei Semear / Fundação Cultural do Estado do Pará / Governo do Estado do Pará
Saiba mais: www.ailamusic.com
(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)
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