23.6.18

Deliquentes em campanha para lançar o 3o álbum

Foto: Christian Braga
“Brasil Mitônamo” inicia segunda-feira, 25, sua campanha de financiamento coletivo, pelo Catarse. Traz onze faixas do mais “raivoso e agressivo hardcore”, com apuro técnico traduzindo o novo e o 'antigo' na trajetória do grupo, que pretende lançá-lo em outubro, coincidindo com seu 34º aniversário.

Embora tenha mais de três décadas, a banda só lançou o primeiro disco no comecinho desse novo século. “Pequenos Delitos” inaugurou, em 2000, uma nova era na trajetória da Delinquentes que vem trazendo uma obra marcada pelo discurso de posicionamento politico perante as injustiças e atrocidades sofridas pelas causas humanitárias, entre outras questões. 

O último disco oficial, lançado em 2009,  “Indiocídio”, trouxe como carro chefe, e como o nome do trabalho já aponta, um discurso voltado a questão indígena. Depois disso, os Deliquentes gravaram, ao vivo, em 2012, com show na Praça da República, o DVD Planeta dos Macacos, lançado em 2013. De lá pra cá, houve lançamentos de singles e de EPs virtuais.

O terceiro álbum, "Brasil Mitônamo", aponta a ferida da mitomania exercida no Planalto Central, como já se pode ouvir na faixa principal disponibilizada no Youtube. O disco faz um passeio por fases desses trinta anos da banda, com músicas inéditas e outras tiradas lá do fundo do baú, além de outras mais recentes que vêm sendo disponibilizadas no universo da internet desde 2012. 

Está sendo gravado no Fábrika Studio, por Kleber Chaar, profissional que é conhecido na cena rock local, com produção do vocalista e guitarrista da banda Turbo, Camillo Royalle. A mixagem e masterização estão previstas para serem feitas com o goiano Gustavo Vasquez, do estúdio Rock Lab, conceituado por gravar muitas bandas nacionais de rock. 

Da fase punk às gravações já disponibilizadas em rede

Foto: Christian Braga
“Esse novo CD tem duas músicas novíssimas, que nunca foram gravadas, mas também contém duas musicas que são uma espécie de resgate nosso de lá dos tempos das demo tapes e fitas demo. Tem músicas dessa fase punk que a gente só gravou em demo e regravou agora, readaptou pro nosso tempo atual, sonoramente falando, fora as demais que foram pinçadas de singles e Eps virtuais que a gente vem lançando pela internet”, diz Jayme Katarro em entrevista via whatsapp ao Holofote Virtual.

“Estamos regravando tudo com maior qualidade, aprendemos a lidar melhor com estúdio, estamos nos redescobrindo em muita coisa”, continua o músico e proprietário fundador do Fábrika Stúdio. A adesão às novas tecnologias é um traço que levou a banda a entrar na onda do crowdfunding, uma estratégia altamente necessária nos nossos tempos em que falta uma política pública para a cultura que abrace de forma mais ampla todas as linguagens e liberdade de criação.

Entendendo com funciona o crowdfundign

Foto: Ana Flor
“Logo quando começou essa coisa de financiamento coletivo eu tinha muito pé atrás, porque eu ainda não tinha entendido o que era direito, achava que era só as bandas pedindo ajuda e isso me incomodava", diz Jayme. 

"Depois que eu vi algumas bandas de amigos fazendo é que eu fui compreender  melhor a historia do financiamento, fui estudar melhor isso. Ano passado algumas bandas próximas da gente fizeram o financiamento coletivo, como a 'Aeroplano' e 'Os Bandoleiros e a Cigana', que é banda muito nova, mas que estudou bastante pra fazer um projeto bacana e mais bonito do que muitas bandas mais antigas. Isso nos encorajou”, continua.

Jayme agora entendeu como funciona, mas ainda tem muita gente precisando compreender. De certa forma é pedir sim ajuda, mas esta não é filantrópica, como Jayme reconhece. Há contrapartidas e retornos aos investidores, que são normalmente os próprios fãs, amigos, familiares e pessoas que descobrem o trabalho pela plataforma e resolvem apostar. Os valores de financiamento muitas vezes não chegam ao valor de um ingresso para show, são acessíveis e há contrapartidas chamadas recompensas que estimulam as pessoas. 

Foto: não encontrei o crédito
“Sendo uma pré-venda, tu trabalhas de uma forma mais organizada, tu já vais prevendo um CD físico para aquela determinada quantidade de pessoas, e aí dá para realizar na medida para acolher aqueles que pagaram. Mesma coisa os prêmios, as recompensas, a gente faz a quantidade certa pra quem financiou”, explica.

No caso do álbum Mitônamo, quem financiar vai levar além do CD, ou uma camiseta, ou CDs antigos, no caso o Indiocídio, porque não temos mais nenhum Pequenos Delitos, e ao DVD. Para suprir a falta do primeiro CD fizemos uma coletânea, que se chama “A Verdadeira Face dos Deliquentes”, que traz músicas de todas as nossas épocas, incluindo áudios das músicas que stão no DVD. São prêmios bônus para quem colaborar", diz Jayme.

Jayme diz que também passou a ajudar outras bandas dessa mesma forma. “Eu como público, como fã, sempre que posso dou uma ajuda, porque é uma forma da banda driblar a cena atual, cenário do mercado. Não temos mais selos que banque nossos discos, temos que contar conosco e com os nossos fãs”, complementa.

Jayme diz que mesmo com tanto tempo de estrada, sempre será um desafio novo, como esse de agora que é encarar pela primeira vez um trabalho em que o próprio público e os fãs, possam participar de uma forma direta da feição do mesmo. “Essa também foi uma forma que a banda encontrou de poder sobreviver com dignidade nos tempos de independência do mercado atual”, finaliza.

Fique ligado na campanha

O endereço para quem quiser ajudar a banda Delinquentes a realizar mais essa conquista na cena rock paraense e no underground nacional é: www.catarse.me/Delinquentes. Para maiores informações sobre a banda, procurar na fanpage: www.facebook.com/delinquentes.hc.

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