5.6.18

MABEU completa 20 anos abrindo nova exposição

“Memórias Liquidas”, das fotógrafas Brenda Brito, Iza Girard, Mara Hermes e Nádia Borborema  trazem registros do impacto das atividades do Distrito Industrial de Barcarena na população local. Com curadoria de Alexandre Sequeira, as artistas retratam em 42 fotografias a rotina e as memórias de moradores da comunidade de Vila Nova, uma das primeiras a serem realocadas com a criação do Distrito Industrial no município na década de 1980. A exposição integra as comemorações dos 20 anos do MABEU- Museu de Arte Brasil Estados Unidos, criado em 04 de maio de 1998. 

Ao longo de quase quatro décadas, o desenvolvimento da atividade industrial em Barcarena gerou empregos e movimentou a economia local e regional. Porém, alterou a história e trajetória de várias famílias que tiveram que ser realocadas de seus lares originários para cederem espaço às indústrias.A elas, restaram memórias de um período de maior riqueza de vida e afeto. Agora sofrem com sucessivos desastres ambientais, ligados à poluição dos recursos hídricos, muitas vezes silenciosos e imperceptíveis a olho nu, mas que alteram a relação de todos com o uso da água. 

“Queremos mostrar quem são as pessoas que sofrem impactos desde o início do distrito industrial em Barcarena e que até hoje são reféns de sucessivos problemas ambientais por conta da atividade industrial”, afirma Brenda Brito. “Nossa exposição resgata as memórias dessa comunidade que foi a primeira a ser realocada com a criação do distrito industrial e que precisou se adaptar a uma realidade diferente da liberdade e fartura da natureza que possuía antes”, afirma Mara Hermes.

A exposição aborda a relação dessa população com a água contaminada e com a rotina urbana em Barcarena, cidade que é considerada em algumas avaliações com a pior situação de saneamento básico entre 231 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. “A comunidade Vila Nova foi criada na década de 1980, mas até hoje não tem um saneamento básico adequado. Nossa exposição mostra um pouco de como a comunidade se adapta à essa situação e à realidade da água contaminada”, indica Iza Girard.

Obra: Nádia Boborema
A prometida riqueza do Distrito Industrial contrasta com a situação de abandono de direitos ligados à saúde e moradia dessa parte da população. No entanto, a riqueza cultural e afetiva da comunidade de Vila Nova persiste e é capturada nas imagens de seus habitantes e seu modo de vida. “As pessoas da comunidade de Vila Nova se adaptaram a uma rotina de dificuldades, mas cultivam sorrisos e esperança de que sua realidade possa melhorar”, afirma Nádia Borborema.

As quatro fotógrafas residem em Belém, três delas são paraenses. Brenda Brito já recebeu menção honrosa pela série Bastidores no 26º Salão de Arte Primeiros Passos do Centro Cultural Brasil Estado Unidos, duas menções de fotografia altamente recomendadas no concurso internacional La Grande Awards 2016 (categoria still life) e premiações em dois concursos mensais do Foto Cine Clube Grão Pará em 2017.  Já participou de exposições coletivas em Belém e em Palo Alto, Califórnia (EUA). 

Iza Girard  graduada em Pedagogia, tem especialização em Psicopedagogia. Participou de várias amostras e exposições coletivas no SESC, FotoAtiva, Curro Velho, Casa das Artes e TJE/PA. Em 2015 foi premiada com o 2º lugar no Salão Primeiros Passos, do CCBEU e, por duas vezes o primeiro prêmio no Foto Cine Clube Grão.  Possui obras no acervo do MABEU/PA e Museu do Círio/PA. Hoje se debruça a produção e execução de projetos fotográficos experimentais e digitais e atua como membro da diretoria do Foto Cine Clube Grão Pará.

Obra: Iza Girard
Mara Hermes, é psicóloga, e traz no currículo duas exposições fotográficas individuais, "Mundo Invisível", no Centro Cultural Sesc Boulevard Belém, em 2016, e “Identidade Colorida”, na Galeria Virtual da Griffo Comunicações. Participou em 2017 da mostra coletiva no 14º Salão Nacional de Fotografia Pércio Galembeck em São Paulo com a obra “Mulheres Lavadeiras do Marajó”, e recebeu Mensão Honrosa na Exposição Fotográfica da Expedição Imerys 2017.

Nádia Borborema é a única que não nasceu no Pará. É natural de Niterói-RJ, mas residente em Belém há 40 anos. Graduada em arquitetura pela UFPA, iniciou suas produções fotográficas em 2013, tendo frequentado vários cursos pelo SESC, Fotoativa, Curro Velho e outros, com mestres da capital e outros estados. Hoje é membro efetivo do Foto Clube Grão Pará.

Mabeu 20 anos de vernissages e encontros com a arte

Obra: Mara Hermes
A inauguração da Galeria do MABEU foi um acontecimento em Belém, no finalzinho dos anos 1990, um espaço importante que se abria na cidade, com mostras de obras do próprio acervo da instituição, e também exposições de artistas plásticos paraenses e convidados de outros estados. Eu não costumava perder os vernissages. Na época, escrevia no Caderno D, o então caderno de cultura do Diário do Pará, e a abertura das exposições eram verdadeiros encontros de artistas, jornalistas e amigos interessados em arte. Os coquetéis também eram um atrativo à parte, devo lembrar (risos).

As duas décadas completadas no dia 4 de junho, coincidem com o ano em que se comemora 200 anos da presença dos museus no Brasil, a partir da criação por Dom João VI , em 1818, do Museu Real, hoje Museu Histórico Nacional da UFRJ. O MABEU é uma das 3.800 instituições museológica do país, cadastradas pelo IBRAM e é um órgão suplementar do CCBEU, Centro Cultural Brasil Estados Unidos. 

“Chegamos no vigésimo ano do MABEU, e cumprimos seu papel na construção de uma sociedade que democraticamente tem acesso à arte e cultura.” destaca Simei Bacelar, Gerente Artístico e Cultural do CCBEU. Toda nossa programação de exposições, que muitas vezes traz bate papos com artistas, oficinas de arte, visitas guiadas para escolas e pequenos grupos, são totalmente gratuitas.

Serviço
Abertura da exposição fotográfica “Memórias Líquidas”. Nesta terça-feira, 5, às 19, com visitação de6 a 28 de junho, de segunda a sexta - 14h às 19h, e sábado - 9h às 12h. Na Galeria de Arte do CCBEU-MABEU- Trav. Padre Eutíquio, 1309, Fone: (91)3221-6116. Informações: (91) 3221-6116 (Museu de Artes Brasil Estados-Unidos). Entrada Franca.

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