O mais recente trabalho do poeta volta a mergulhar no universo do cordel, que vem caracterizando a trajetória do artista. O livro “O Chapéu do Boto e O Bicho Folharal” foi contemplado no Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010 – Edição Patativa do Assaré e está sendo publicado pela editora Paka-Tatu. O lançamento será lançado nesta quarta-feira, 01, no Instituto de Artes do Pará, a partir das 19h.
O cordel é o embrião de toda a trajetória de Antonio Juraci Siqueira na literatura. Foi com a leitura das narrativas impressas nos rústicos folhetos que esse poeta, trovador e cordelista da Amazônia se embrenhou nas entranhas da atividade literária. “Tudo começou, passou e permanecerá atrelado a ele, mesmo quando trabalho outro tipo de composição que, aparentemente, nada tem a ver com esse gênero”, explica.
Autor de pelo menos 80 títulos individuais publicados entre folhetos de cordel, livros de poesia, contos, crônicas, além de outras vertentes, aos 63 anos, Juraci Siqueira é, acima de tudo, um contador de histórias. Quando garoto, era ele quem lia para os vizinhos e parentes os folhetos de cordel que o padrasto comprava no Ver-o-Peso e levava para a casa da família em Cajary, localidade no município de Afuá, no Marajó.
“Aprendi a ler e escrever na Escola São José do Cajary, localizada às margens do Cajary, rio paraense que empresta seu nome à localidade. Meu contato com a literatura deu-se, principalmente, através dos folhetos de cordel. O papel mais importante dessa literatura foi sua atuação como mediadora de leitura e oralidade, já que ao ler várias vezes o mesmo folheto para diversas pessoas, acabava por decorá-lo no todo ou em parte.
Anos depois, como mediadora inconsciente da escrita, pois minha afinidade com a métrica e com a rima veio em decorrência dessas leituras”, avalia.
A publicação das histórias de “O Chapéu de Boto” e “O Bicho Folharal” é resultado da aprovação no edital do Ministério da Cultura (MinC) voltado para o segmento cordelista.
As obras, reunidas agora em livro/folheto e ilustradas por Arerê Marrocos, integram os dez primeiros colocados no edital – ao todo foram 87 classificados. É uma das mais recentes vitórias desse “Filho do Boto” vencedor de outras 200 premiações literárias em âmbito local e nacional.
Cultura popular brasileira - Em “O Chapéu de Boto”, Juraci resgata nossa mais tradicional lenda da floresta, e dos rios amazônicos, e reveste de rima e aventura. No caso de “O Bicho Folharal”, ele adapta o popular conto brasileiro para o território do cordel e vai além.
“Procurei evidenciar a nossa fauna levando um grande número de animais para o velório da onça”, destaca. E tudo cercado por um enredo de muita ação, mistério e humor. Ambos retratam com simplicidade e leveza a força o cordel da Amazônia. Mantêm as características do passado, mas não se desconectam das
transformações do mundo, entre elas da própria literatura.
O livro/cordel de Antonio Juraci Siqueira poderia insultar a tradição, ao quebrar a estética dos rústicos folhetos de até bem pouco tempo atrás. Mas a essência – a maneira como a história é contada – permanece fiel aos cordéis de antigamente.
Para Roberto Carvalho de Faro, que assina a apresentação do livro, Juraci une em sua escrita as referências do cordel brasileiro e as particularidades da região onde nasceu. Os dois trabalhos, na opinião dele, representam isso.“Emergem dos nossos rios e das nossas florestas para confirmarem a verve do autor no traquejo desembaraçado da arte da poesia popular”.
Serviço
Lançamento dia 1º de fevereiro, às 19h, no Instituto de Artes do Pará - Praça Justo Chermont, número, ao lado da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. Preço do livro no dia do lançamento: R$ 5.
(Com informações da Editora Paka-Tatu)
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