10.1.12

Pássaros e Bois Juninos chegam às telas do cinema

"Acredito que reinventar é a melhor maneira de manter vivas as nossas paixões". A frase, de Luiz Arnaldo Campos, nos dá a dica sobre sua mais nova produção, o curta metragem "Pássaros Andarilhos e Bois Voadores", que será lançado em Belém, nesta sexta feira, 13.

O lançamento iniciará com um cortejo na Praça da República, a partir das 17h.  A exibição será às 19h, no Cine Olympia, com entrada franca.  Ambientado na Belém de 1925, a trama de magia e sedução, amor e desventuras mostra Floramor e Rosimeire, fada e feiticeira, respectivamente, do Cordão de Pássaro Quero-Quero que se envolvem na disputa entre os bois Flor de Lis e Touro de Ferro, organizados por seus namorados, Zebedeu e Ladislau. 

Foi uma produção de fôlego - mais de uma semana de filmagens envolvendo dezenas de figurantes nos municípios de Belém, Marituba e Santa Bárbara. Sem falar nas minúcias que envolvem a edição de uma obra cinematográfica. Para o lançamento, uma grande festa. 

"Vamos fazer um pequeno cortejo com gente dos bumbás e dos pássaros saindo da Praça da República para a porta do cinema, esquentando os corações. Depois é esperar que o público- o senhor soberano- se sinta recompensado", adianta Luiz Arnaldo Campos, roteirista e diretor do filme, vencedor, em 2010, do Concurso de Apoio à Produção de Obras Cinematográficas Inéditas, de Curta Metragem, de Ficção ou Documentário, do Ministério da Cultura. 

Nesta entrevista, Luiz Arnaldo afirma que foi "arrastado pelas culturas do Pará" e, desde,então, nos último 15 anos também nos arrasta junto produzindo filmes e vídeos impregnados com a diversidade cultural paraense. 

Luiz Arnaldo fala também da expectativa de estreia, das dificuldades de se filmar em Belém e também do próximo trabalho. Desta vez, um arrastão : um longa "que tem como pano de fundo a migração dos tupinambás da Amazonia para a costa brasileira"

Como surgiu a idéia de um filme envolvendo Bois e Pássaros Junino?

Luiz Arnaldo Campos: Desde que cheguei em Belém - há mais de quinze anos- fui arrastado pelas culturas do Pará que se apossaram, com doçura e sensibilidade do timão do meu trabalho.Daí vieram os documentários Chama Verequete, Altino Pimenta, Haroldo Maranhão, A Descoberta da Amazonia pelos Turcos Encantados, Tocando Rabeca, Vento das Palavras, Terra de Negro 2 e a contribuição nos vídeos produzidos pela Oficina Indígena de Audiovisual. 

No Pássaros Andarilhos & Bois Voadores trnaformei a idéia do Rogério Parreira de um documentário em um trabalho de ficção que vira de cabeça para baixo as tradições dos bumbás e cordões. Acredito que reinventar é a melhor maneira de manter vivvas as nossas paixões. 

O filme acabou envolvendo as pessoas que participam e promovem os arrastões juninos. Como foi trabalhar com eles no set de filmagem? 

Luiz Arnaldo Campos: Os mestres e integrantes dos bumbás, os componentes dos bois de toada, as encenadoras e participantes dos cordões, os artistas da capoeira fizeram sua a nossa fantasia e foram de uma dedicação inebriante e comovente. Tenho a impressão que viram o filme como um grande cortejo, uma brincadeira das boas e se atiraram nele com garra e alegria. Por exemplo, a forma como os participantes assumiram as cores dos bois rivais do roteiro e recriaram a tradição da disputa nas ruas foi emocionante. 

Embora vá cometer uma injustiça por não citar todos os nomes não posso deixar de destacar os Mestres Alarino e Pantoja que montaram os bumbás protagonistas Flor de Lis e Touro de Ferro, as queridas Iracema de Oliveira e Bernadete Lourdes, grandes encenadoras dos Cordões de Pássaros e Bichos, o Careca , animador dos bois de toada de Santa Bárbara e Juliana Silva , nossa atriz principal que é dançarina de Boi em Santa Bárbara. Quero falar também da Célia Maracajá que assina a direção de arte do filme. Sem o seu conhecimento e imersão neste universo seria impossível realizar esta arquitetura.

Quais foram as principais dificuldades para rodar o filme?

Luiz Arnaldo Campos: Dinheiro é sempre um problema mas o mais importante foi a montagem de uma equipe profissional e criativa que conseguiu driblar todas as dificuldades.

Como será o lançamento no Olympia e a circulação dele pelos cinemas e festivais?

Luiz Arnaldo Campos: Minha ansiedade é grande. Estrear na Semana do Aniversário de Belém e no Cine Olympia é bem forte. Vamos fazer um pequeno cortejo com gente dos bumbás e dos pássaros saindo da Praça da República para a porta do cinema, esquentando os corações. Depois é esperar que o público - o senhor soberano - se sinta recompensado.

Estamos acertando uma outra exibição no SESC para os próximos meses e claro vamos batalhar para fazer uma temporada num dos nossos cinemas de arte. No Rio, temos uma outra pré-estréia no dia 23 deste mes.Amigos que já viram acham que podemos fazer uma boa carreira no circuito dos festivais. Estamos torcendo. 

Já tem um próximo projeto sendo encaminhado? Pode falar um pouco sobre ele?

Luiz Arnaldo Campos: Começamos a trabalhar no roteiro de um longa-metragem de invenção que tem como pano de fundo a migração dos tupinambás da Amazonia para a costa brasileira , no anos que antecedem 1.500. É um trabalho coletivo, feito com muitas mãos. Estamos animados e esperançosos.

(entrevista enviada pelo jornalista Wanderson Lobato, da assessoria de imprensa do filme)

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