O intercâmbio cultural artístico entre as regiões Norte e Sul do Brasil é um dos focos do Rotação de culturas, será realizado de 7 a 11 de abril na Galeria Theodoro
Braga do CENTUR. O projeto contemplado
pelo Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais traz mostra de vídeos e mesas redondas. Entrada franca.
“Rotação de Culturas” tem como ideia inicial incentivar no
âmbito de cada uma das regiões, a troca e a reflexão entre as comunidades
artísticas das regiões Norte e Sul do
país. Para isso o projeto agrega um artista/pesquisador de cada um dos 10
estados que compõem as duas regiões extremas do Brasil, em torno das capitais
Belém e Curitiba.
Este elenco conta com a presença de Ueliton Santana (Rio
Branco-AC), Mapige [Maria Pinho Gemaque] (Macapá-AP), Sávio Stoco (Manaus-AM),
Newton Goto (Curitiba-PR), Arthur Leandro (Ananindeua/PA) e Bruna Suélen
(Colares-PA), Claudia Paim (Porto Alegre/ Rio Grande-RS), Joeser Alvarez
(Porto Velho-RO), Anderson Paiva (Boa Vista-RR), Janice Appel e Gabriela
Saenger (Florianópolis-SC), Thaise Nardim (Palmas-TO), artistas que fizeram as
pesquisas e que estarão nos debates sobre os circuitos locais.
Os encontros e trocas acontecem em duas ações abertas ao
público: debate sobre os circuitos artísticos estaduais e mostra
de vídeo sobre circuitos autônomos nessas localidades. Aqui em Belém, na
Galeria Theodoro Braga, onde serão realizados dois debates e em Curitiba, no
Museu Oscar Niemeyer - MON, envolvendo os 10 artistas/pesquisadores
participantes do projeto, além de duas mostras de vídeo, nos mesmos locais.
Do Pará a mostra apresentará trabalhos de Ícaro Gaya, Qualquer Quoletivo,
rede[aparelho]-:, coletivo Matou o cinema e foi à família, Pedro Olaia,
Romário Alves, Táta Kinamboji (Arthur Leandro) e coletivo do Terreiro de
Mansu Nangetu, Táta Kafungeji (Rodrigo Barros) e coletivo do
Terreiro Rundembo Ngunzo ti Bamburucema e Fernando de Pádua. E a análise feita
é de um circuito apresentado como uma consequência da violência colonizadora.
Para os pesquisadores Arthur Leandro e Bruna Suélen “a situação que a gestão
pública criou, reduziu o espectro de multiplicidade do circuito naquilo que
comumente chamamos de movimento cultural: ou a livre circulação de ideias que
não são identificáveis com as intenções mercado, mas que são ricas em produção
simbólica”, dizem.
Para eles, é importante apresentar o pouco conhecido que é
feito aqui para revolver o solo artístico no Grão-Pará.
Eles investem em
apresentar um circuito criado pelos próprios artistas selecionados, um circuito
em que a arte está impregnada de culturas consideradas não européias e que se
apresentam em áreas rurais, nas ruas e nos rios em uma “vivência artística
que produz na cultura da liberdade amazônida”, uma produção que consideram
invisível, e por isso mesmo é a produção por eles escolhida “para garantir
a fertilidade do solo artístico das culturas amazônidas”, afirmam.
Sinopses dos vídeos:
- Vivendo em Casa- Quartarei longe contigo. Ícaro Gaya e Qualquer Quoletivo. Em quarto crescente, cavalgamos. Ouço melodias da infância onde tempo não é mais que uma caverna e o espaço é sempre instante e a alma galopa por cartazes escritos. Caminhos labirínticos de sonhos, imagens elétricas, dedos entrecruzados, egos eletrocutados, olhos sujos e vermelhos, intimidades e maremotos
- Aparelho/aparelhado/aparelhagem. Rede[Aparelho]-: Documentário poético e experimental sobre circuito alternativo de comunicação na cidade de Belém. Artistas de rua, Artistas do comercio e Artistas da periferia. O palco é a rua e a gambiarra tecnológica é o suporte. Lowstecs representando a Amazônia Brasileira.
- NavegAções #2 AsLÉMdasdecoLARES. qUALQUER qUOLETIVO e MATOU O CINEMA E FOI A FAMILIA. Em 2012 após uma poda brutal das árvores da Praça Miguel Gondin no centro comercial da Ilha de Colares-Pará, foi realizado um ritual tecnoxamico como forma de protesto, clamando à mãe natureza para as folhas das árvores renascerem, pois reclamar para a secretária de obras e/ou do meio ambiente não resolveu o problema e eles insistem em podar as arvores todos os anos desnecessariamente, pois não há fios que pudessem justificar tal ato, mesmo que. Esse ritual gerou provocações sobre religião, desmatamento e arte, o vídeo retrata construção, a convivência coletiva para o ritual e a performance em si.
- Rebatizado do elevado Exu de Mãe Celina: Registro de Performance coletiva proposta por Táta Kinamboji e realizada pelo Terreiro Mansu Nangetu, onde houve um rebatizado do elevado situado na cidade de Belém, elevado que agora se chama ‘Exu de Mãe Celina’, frisando a importância de homenagem para a criação de memória pública para os povos tradicionais de matriz africana; e ainda registro do Trabalho Arte Oferenda, Sua Intervenção Gera Arte - SIGA de Rodrigo Barros (Táta Kafungeji) em conjunto com o Terreiro Rundembo Ngunzo ti Bamburucema, feitos para vídeo-instalação na exposição ‘Nós de Aruanda – artistas de terreiro’ em 2013.
- EskizoBike: Procesos poéliticos de Fernando de Pádua. Sinopse: Video-arte-Documentário sobre o trabalho de Fernando de Pádua, artista Visual que constrói bicicletas como pressuposto Poélitico - termo que fundamenta sua pesquisa para uma produção processual em práticas ordinárias do fazer poético -, apropriando-se de refugos, sucatas, restos de materiais da indústria e da construção civil para produzir objetos que possam servir de intervenção itinerante sobre rodas, transformando seus objetos em estruturas movíveis.
- TravaCarne - Uma história de travestis e açougues. Os três vídeos produzidos nesta serie são registros de ações realizadas na cidade de Belém retratando a cena periférica de prostituição masculina e o quanto estes homossexuais estão suscetíveis a violência homofóbica e marginalizados dentro do sistema heteronormativo em que vivemos. Pedaços de carne crua são oferecidos aos transeuntes como partes dos corpos de tantos travestis mortos nas ruas. Enquanto no almoço do Círio serve-se como prato principal pato no tucupi, nas esquinas os açougues diariamente expõem corpos femininos prontos para o abate. (3 vídeos).
Serviço
Projeto contemplado pelo Programa Rede Nacional Funarte
Artes Visuais, promove atividades de 7 a 11 de abril na Galeria Theodoro Braga
do CENTUR. Além de mostra de vídeos, a programação prevê mesas redondas. A
glaeria fica na Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves - Av. Gentil
Bittencourt, 650, Térreo. Mais informações: Belém (PA) – Contatos em
Belém: Bruna Suelen – 91-82364046 ou
Arthur Leandro – 91-80353377|84506974|93223377.
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