Jean-Paul está em Belém desde domingo, 26. Na Aliança ele ministra no sábado (2) um atelier de escrita jornalística, mas nesta sexta, 1º, às 19h, participa de uma palestra, junto com o escritor paraense Edyr Augusto, em que os dois vão falar de seus trabalhos, abrindo um diálogo literário sobre obras publicadas na França e no Brasil. Na Aliança Francesa, na Rui Barbosa, 1851. Entrada gratuita.
Com Bossa Nova, não somente descobrimos uma das fases mais rica da música brasileira mas percoremos uma das páginas mais importante da História deste pais. Escrito no forma de um romance, Bossa Nova faz « la part belle » a uma certa forma de « joie de vivre » mas vai mais longe e decripta, pela primeira vez, os motivos que fizeram que esse movimento nasceu com um retorno a democracia e desapareceu com a chegada brutal da ditatura.
Das relações ambíguas entre os políticos de Brasília e de Washington aos artistas esquecidos da Bossa Nova, da bela juventude branca da Avenida Atlantica ao racismo e machismo ambiantes, do passado sulfuroso de Vinicius à personalidade mal conhecida do João Gilberto, do papel pertubador de Aloysio De Oliveira ou do produtor americano Sidney Frey aos bastidores do concerto de Carnegie Hall em 1962, Bossa Nova oferece uma nova leitura desta música, tanto amorosa e apaixonada quanto sem concessão.
Pela primeira vez, entrevistas realizadas pelo próprio autor há mais de trinta anos saíam dos cartões. Até hoje nunca publicadas, sem papo na língua, sem discursos mornos, na contra mão do politicamente correto atual, os criadores da Bossa Nova se abram. Entre eles : Nara Leão, Baden Powell, Ronaldo Bôscoli, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, o poeta Afonso Romano De Sant'Ana, Gilda Mattoso, Georges Moustaki, Claude Nougaro, Pierre Barouh, etc. Sem esquecer a entrevista de João Gilberto...
SOBRE O AUTOR - Nascido na comuna francesa de Aix-en-Provence, Delfino cresceu em Berre-l’Étang, em uma família de professores. Três carreiras rodearam a vida do francês. A primeira foi a de jogador de futebol profissional, entretanto, uma lesão no joelho o impediu de seguir jogando para a França. Após isso, tornou-se professor, mas lhe faltou convicção. Em seguida, veio o amor pela escrita, que permanece até os dias de hoje, quando segue como escritor e jornalista.
Em um projeto editorial específico, o francês veio conhecer a bossa nova e acabou entrevistando grandes nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Nara Leão. O resultado foi a produção de uma série de livros, “Suite brésilienne” (Editions Métailié/Le Seuil/Le Passage) composta por oito livros que contam, através de romances históricos, as grandes etapas da história do país durante mais de 300 anos.
O autor publicou também uma antologia da música brasileira com 40 canções, nomeada de “Couleurs Brasil”, a obra acompanhou uma série de 40 emissões sobre todas as frequências da rádio France Bleu na França. Além de mais de 15 livros publicados, o autor escreveu também para televisão e cinema.
Edyr Augusto: escritor da urbanidade amazônica
O estilo marcante, a escrita alucinante e implacável de Edyr já havia chamado a atenção de editoras internacionais, a começar pelo romance Casa de Caba, publicado na Inglaterra com o título Hornets’nest pela Aflame Books, em 2007. O paraense também teve alguns contos traduzidos no Peru, pela editora PetroPeru, e também no México, pela editora Vera Cruz. E dois de seus livros estão sendo adaptados para o cinema.
Ele é jornalista e escritor paraense, vencedor do prêmio Caméléon. Nascido em Belém, em 1954, inicia sua carreira como dramaturgo no final dos anos 1970. Escritor e diretor de teatro, Edyr trabalhou como radialista, redator publicitário, autor de jingles além de produzir poesia e crônicas. A estreia como romancista se dá em 1998, com a publicação de Os éguas. Quadro desolador da metrópole amazonense, o "thriller regionalista" mergulha no ritmo frenético da decadência e da violência urbana.
Muito apegado à sua região do Pará, Edyr Augusto ancora lá todas as suas narrativas. Em 2001 lança Moscow, seu segundo romance, seguido de Casa de caba, em 2004. Seu mais recente romance é Selva Concreta (2012). Os thrillers escritos por Edyr Augusto são conhecidos por representarem o que há de mais interessante na literatura contemporânea paraense, mas com temas identificáveis em qualquer cenário urbano.
Sua linguagem é coloquial, típica da região, compondo um retrato perfeito da oralidade local. A temática urbana, com uma trama de suspense que se desenrola por bares, botecos, restaurantes, delegacias, clubes e motéis, ecoa a tradição policialesca noir. É nesse encontro que se configura o estilo singluar da obra de Edyr Augusto.
Em 2013, com a publicação de Os éguas em francês (sob o título Belém), a obra de Edyr ganhou grande destaque na cena literária parisiense. Amplamente aplaudido pela crítica, o romance recebeu, em 2015, o prêmio Camaléon de melhor romance estrangeiro, na Université Jean Moulin. Concorreram com ele Milton Hatoum (Orphelins de l’Eldorado), Adriana Lisboa (Bleu corbeau) e Frei Betto (Hôtel Brasil).
No mesmo ano, Edyr participou do festival Quais du Polar, em Lyon. O evento é mundialmente conhecido por celebrar o gênero noir na literatura e no cinema e recebeu neste ano cerca de 65 mil visitantes e nomes consagrados como Michael Connelly e Harlan Coben.
Em 2014, o escritor também participou como convidado e palestrante do festival Étonnants Voyageurs em Saint-Malo, e em 2015, foi convidado a participar do Salão do Livro de Paris. Desde então, seus romances vêm sendo traduzidos para o francês. Em 2014, foi a vez de Moscow (2014) e em 2015, Casa de caba (publicado com o título Nid de vipères).
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