31.1.11

Últimos dias para ver a exposição “Grafias”, no Espaço Cultural Banco da Amazônia

Reunindo gravuras de Alexandre Sequeira, Ronaldo Moraes Rêgo, Elaine Arruda, Marcone Moreira, Egon Pacheco, Jocatos, Diô Viana e Antônio Botelho, a mostra encerra nesta quarta-feira, 02 de fevereiro.

A curadoria de Armando Sobral touxe para esta coletiva um apanhado da recente produção da produção de arte nesta linguagem no Pará e seus desdobramentos estéticos, com diferentes conceitos, matrizes e processos de impressão, além dos suportes distintos, apresentando o caráter experimental dos procedimentos e pesquisas com a gravura.

Os artistas foram selecionados a partir de três cidades: Belém, Marabá e Santarém. De acordo com o curador, esta é apenas uma pequena mostra do que vem sendo produzido e a exposição não pretende ser totalizadora. “É um processo de pesquisa. A mostra é um recorte em que se procurou abranger modos e processos peculiares, na dimensão experimental”, explica.

De Belém figuram Alexandre Sequeira, Ronaldo Moraes Rêgo, Elaine Arruda e Jocatos; de Santarém, Egon Pacheco e Diô Viana; e de Marabá, estão Marcone Moreira e Antônio Botelho. Mesmo com a identidade que é possível designar sendo uma “visualidade amazônica”, cada artista apresenta técnicas e procedimentos de criação diferenciados.

Alexandre busca na relação com o outro os elementos para a criação, em uma clara concepção de alteridade. Na vila de pescadores conhecida como Nazaré de Mocajuba, em Curuçá, ele começou a desenvolver as serigrafias da série “Impressões de um lugar”, em que utiliza mantas, toalhas de mesa e redes como suporte para estampar os próprios donos.

A aproximação com o território também é marca de Jocatos, que utiliza utensílios populares, como caixas de feira e latas de manteiga, deslocando-os de suas funções usuais. Em suas pesquisas, os objetos tornam-se matrizes para impressão e também suporte para possíveis estampas.

A natureza, seja em cores vivas de Diô Viana ou nos traços delicados e precisos de Ronaldo Moraes Rêgo, aparece com a força do domínio técnico. Diô explora os matizes vibrantes aliado aos grafismos, tanto em xilogravuras quanto em gravuras em metal. Ronaldo, com a experiência de mais de vinte anos de docência na Universidade Federal do Pará, mostra como o conhecimento denso da linguagem pode ser sinônimo de criação. Além disso, é hoje um dos representantes da escola de Valdir Sarubbi, já que foi com o mestre que Ronaldo começou a estudar gravura.

Antônio Botelho traz para o trabalho artístico conceitos antropológicos, ao utilizar tábuas de cozinha das donas-de-casa de Marabá como matrizes para a impressão das gravuras. “Isso revela o caráter experimental com a utilização de objetos, em pesquisas amplas e diversificadas, ao contrário das práticas tradicionais”, diz o curador.

Em busca da denúncia social e da dimensão política, Egon Pacheco utiliza toras de madeira apreendidas pelo Ibama como matrizes. “Ele utiliza também objetos encontrados na rua para decalcar as estampas, convertendo-os em matrizes”, completa o curador.

Com a proposição de novas escalas, Elaine Arruda busca outras dimensões para a gravura em metal. “Ela vem desenvolvendo uma matéria gráfica intensa, com escalas difíceis de enfrentar”, comenta Armando.

O artista marabaense Marcone Moreira, premiado pela produção de instalações e objetos, utiliza gravura em um processo íntimo com a produção de formas tridimensionais.

Serviço
A exposição coletiva permanece aberta para visitação até o dia 02 de fevereiro de 2011, de segunda a sexta, das 9h às 17h, com entrada franca. Av. Pres. Vargas, em frente à Pça da República.

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