11.5.11

Espetáculo da Cia Avuados é mergulho nos subterrâneos do texto

Pontuado por divagações, provocações, imperativos e fugas, estreia nesta sexta-feira, 13, na Casa dos Palhaços, o primeiro espetáculo da Companhia Avuados do Teatro. Com três atores em cena há quase nada de figurino e nenhum cenário. Com uma iluminação precária, alguns candeeiros à vela, “Em algum lugar de mim” é um encontro marcado com possíveis respostas, outros adendos e novas inquietações.

O espetáculo é resultado do trabalho que a Cia. Avuados do Teatro vem desenvolvendo em uma experimentação cênica, com sotaque nortista, paroara. O grupo surge do encontro de um grupo de amigos atores, interessados em investigação teatral com dramaturgia própria, focando o "dizer teatral" a partir de suas histórias de vida.

Em cena as personagens A, B e C revezam-se até a exaustão em busca de um lugar onde estar (perdendo-se em si e no outro) ora distanciados, ora aproximados da vela-mor que os faz olhar pra dentro, pros lados, pra fora do território que por alguma centelha de instante os retém.

Neste primeiro espetáculo do grupo os movimentos e cenas transitam num terreno movediço que pode - ou não- ser de sonho, dor, ilusão, entrega, medo, desejo. Juntos, os três mergulham nas profundezas das águas límpidas ou turvas que o espectador traz consigo, “porque muito provavelmente é lá, em algum lugar das águas subterrâneas deles mesmos, em algum lugar de si que encontraremos respostas para olhar a vida como espelho vazado que é”. 

O texto (pretexto) atravessa o "ser ator" chegando à platéia por meio desta travessia feita a remo pela voz, como um raio que se refrata multiplicando- se quando tocá-la como luz multiforme contida em cada espectador diante de nós. 

O ator é este prisma que possibilita as mais variadas formas possíveis de dizer em cena, onde e como a ventania deste nevoeiro interpretativo nos projeta. Diferente de um espelho que apenas reflete, o intérprete acolhe a fala, sua e do outro, a reelabora na memória corporal e sonora presente no seu tempo vivencial, devolvendo-a com outras camadas carregadas de sentidos. 

É como uma teia que atravessada pela luz do sol, deixa vazar o feixe de luz, mas que dependendo da hora e do estado da mesma, este feixe vai ter tons e formatos variados.

“O trabalho do ator aqui consiste apenas em uma leve e certeira condução na qual deixar-se ir é a única forma de ficar" (Rosilene Cordeiro, Atriz que interpreta personagem C, sobre o espetáculo).

"É um embaçado espelho quebrado. Com seus pequenos fragmentos refletindo um lugar interno e coletivo. Onde fica esse lugar? É por conta de quem nele se mira." (Fabrício de Souzsa, ator que interpreta o personagem A, sobre o espetáculo).

"Em algum lugar de mim são três pessoas emanando uma energia interrogativa e cortante. É como uma raiz que silenciosamente domina e destrói muros e casarões" (Dario Jaime, ator que interpreta personagem B, sobre o espetáculo).

Serviço
Em Algum Lugar de mim. Com Dario Jaime, Fabrício Souzsa, Rosilene Cordeiro. Texto e Encenação: Mailson Soares. Curadoria: Wlad Lima. Temporada: 13, 14 e 15 de maio, às 20h, na Casa dos Palhaços (Tv. Piedade Nº 533, esquina com a Tiradentes, Bairro Comércio). Contatos: (91) 8195-4808/ 3297-7512 (Rosilene)/ 8873-7147/ 8330-9206 (Mailson).


Um comentário:

Rosilene Cordeiro disse...

Lu, vc lincando sempre a gente com o que é há de melhor na cena da cidade!! Mão cheia a sua...rr
Parabéns pelo blog e obgadaço pela força virtual!rr. Chegou na gente, acreedite...rr