16.12.11

Celebração no show "Antônimo e O Nome da Coisa"

De volta a Belém, esta semana, depois de dois anos de ausência initerrupta, o músico Antonio Novaes mostra ao público paraense a fusão de dois projetos que foram criados em São Paulo e na Europa. “Antônimo e O Nome da Coisa”, mais do que isso, será para ele uma celebração, pois vai reunir antigos e novos parceiros no mesmo palco. As cantoras Ana Clara, Gláfira Lôbo, Aíla Magalhães e Juliana Sinimbú e os músicos Patrick Florêncio (baixo) e Artur Kunz (bateria) estão confirmados. Além deles, o show ainda conta com participações especiais das guitarras de Renato Torres e Tom Salazar Cano. O show começa às 20h, no Teatro Cuíra.

O convencional nunca foi o forte de Antonio Novaes. Ainda bem. Depois de fundar a célebre banda A Euterpia  no apagar das luzes dos anos 90, surpreendendo a cena musical independente da época, ele se dedicou ao violão erudito e tocou na Orquestra de Violões do Conservatório Souza Lima, na capital paulista, onde também criou o projeto “Antônimo”, utilizando o teclado em estilo “retrô”. 

Depois, ele foi para os Estados Unidos e estudou jazz. Mas não se radicou por lá. Na Itália, onde mora atualmente, ele trabalha com teatro e musicoterapia, e desenvolve o projeto “O Nome da Coisa”, junto à cantora, também paraense, Ana Clara, e em parceria com instrumentistas italianos.

Sempre envolvido com a música, uma filosofia de vida para ele, Novaes quando esteve em São Paulo trabalhou no projeto “Musicando”, no Centro Cultural Banco do Brasil e em fevereiro, de volta à Milão, ele irá realizar um laboratório de educação musical, em um Centro Cultural da Província de Santo Stefano Ticino. O trabalho terá um viés Psicoeducativo, com a participação da psicóloga chilena Lilliete Meniconi, que também vive em Milão. 

Projeto Antônimo, em SP
“Para mim, a música é um caminho para ser um ser humano melhor. É profissão paixão, chega a ser até religião”, diz ele que abaixo fala mais de suas experiências fora do país, do show que será apresentado esta noite e dos projetos para o futuro.  

Holofote Virtual: O que representou pra você, sair de Belém para trabalhar e estudar música?

Antonio Novaes: Foi uma experiência muito enriquecedora, acho que sempre que a gente sai de uma zona de conforto tem-se a oportunidade de autoconhecimento. Sair do nosso país, na minha opinião, pode fazer a gente entendê-lo melhor. Mas acho que isso é uma questão de escolha e de oportunidade, qualquer lugar pode ser um grande lugar pra gente crescer, ser feliz”. 

Holofote Virtual: A sonoridade amazônica te influência? 

Antonio Novaes:  Sim, claro que me influencia, mas não sou um típico compositor da Amazônia, sou totalmente contaminado por todo o tipo de influência que me cerca, e não coloco aqui essa palavra "contaminado" como pejorativa, talvez só como uma forma de acentuar a não pureza quanto a essas referências na minha produção. No entanto, adoro, sou grande apreciador de muito do que se faz aqui, Mestre das Guitarradas, Metaleiros da Amazônia, Carimbó, Retumbão, Marabaixo e por aí vai... 

Holofote Virtual: São Paulo é um mercado aberto às experimentações? 

Antonio Novaes: Tendo já andado em algumas cidades fora do Brasil, e certamente isso não é uma novidade pra ninguém, São Paulo vai muito além de algumas cidades européias, apesar de algumas dessas cidades estrangeiras possuírem uma infraestrutura, digamos que, um pouco superior, em termos de agitação cultural, São Paulo não deixa nada a desejar. Lá eu comecei a trabalhar com teatro de narração e fiz também trilha pra uma peça chamada "Silêncio" com direção de Fabiana Monsalú. 

Novaes e Ana Clara com os músicos parceiros de Milão
Holofote Virtual: Como foram as experiências profissionais nos EUA e agora em Milão? 

Antonio Novaes: Nos EUA, em São Francisco onde fiquei um tempo, tive a honra de estudar um pouco de Jazz com Dee Spencer, uma pianista, arranjadora, cantora, professora e um ser humano de uma generosidade incrível. Também estudei um pouco de composição com Hafez Modirzadeh, um grande mestre, que busca uma música sem limites criativos, mas com clareza de comunicação, parece maluquice né? Mas é isso mesmo, foi uma experiência incrível. 

Na Itália, em Milão, estudo Teatro e Educação, além de fazer também trilha para uma série de monólogos de um ator de Roma que vive a Milão Giulio Valentine. Nesse projeto uso músicas minhas, algumas delas já com partes traduzidas para o italiano. Então, todo esse percurso certamente tem me proporcionado um crescimento pessoal que de alguma forma reflete na minha parte musical. E acho que de novo, trago uma reafirmação, sem falsa modéstia. Como digo numa canção do projeto Antônimo, somos "pequenininhos", apesar de sermos esse mundo de coisas. 

Holofote Virtual: Como funciona a fusão de “Antônimo” e “Nome da Coisa”, dois projetos criados em lugares e momentos diferentes? 

Antonio Novaes: A ideia desse show é trazer esse momento mais recente com a Ana Clara, junto com o Antônimo que comecei a desenvolver em São Paulo, um ano atrás com Bruno Duarte (Bateria) e Guima Mendonça e Fabio Martinez (Contrabaixo). Revezando entre esses dois baixistas, este projeto contou ainda com Isabela Lages, Sammilz e Marisa Brito nos vocais. O Projeto Antônimo, ainda assim, estava em fase de construção. Posso considerar aquele um momento de reinvenção e redescoberta musical. 

Já "O Nome da Coisa" é resultado do encontro com Ana Clara Matos na Itália, onde estou morando e ela também passou um ano por lá. Nesse encontro começamos a compor e junto com dois músicos italianaos, Andrea Pistorio (contrabaixo) e Carlo Attolini (Bateria), entramos em Studio. 

A Euterpia: saudades daquele abajour... no Brechó do Brega.
Holofote Virtual: A experiência com o grupo A Euterpia serve de embrião para todo este momento de agora? 

Antonio Novaes: Certamente! Eu me tornei músico na Euterpia. Ali que eu percebi uma das coisas que mais dava sentido pra minha vida, a música. A moçada da Euterpia na busca de seus objetivos, todos grandes músicos, pessoas formidáveis. O Tom faz uma participação neste show que será uma celebração de parcerias, em "Marylin", com A. Clara Matos e Raquel Leão.

Holofote Virtual: Você fica em Belém por quanto tempo e o que há de novo para 2012? 

Antonio Novaes: Fico em Belém até depois do natal, depois ainda passo umas duas semanas em São Paulo e retorno a Milão, passo ainda esse ano por lá, daí vamos vendo o que acontece. Quero tocar com o Antônimo e com o Nome da Coisa. Estamos fechando umas coisas pela Europa com esses trabalhos. Além é claro das trilhas pra Teatro e de projetos na área educativa. É muito bom voltar pra cá, são quase dois anos sem vir. Adoro esse lugar, minha cidade, aqui tenho família, grandes amigos, isso é insubstituível, mas a gente faz escolhas, mas sempre que puder, estarei por aqui!

Nenhum comentário: