26.12.11

É isso. Viver não é só Trelêlê!

(Foto de Taiana Lauin)
Mas para a cantora Aíla Magalhães bem que tem sido. Em outro sentido, claro, diverso ao que no popular significa algo sem importância ou... maluco. “Trelêlê”, que também, para os paraenses, é aquela sensação ótima que o jambú provoca nos lábios ao saboreamos nossas iguarias à base de tucupi, ou não, foi o nome escolhido pela cantora para intitular seu primeiro CD, a ser lançado em 2012. Importante e longe de ser uma maluquice, o projeto tem sido sinônimo de trabalho e prazer para a cantora, que vem acompanhando cada fase do projeto. “É um processo longo, lindo e cheio de aprendizado, quis acompanhar tudo de perto e pra mim foi maravilhoso”, diz ela que, nesta entrevista concedida ao Holofote Virtual, conta mais detalhes sobre seu momento profissional.

Ela é uma grata surpresa no cenário musical paraense. Em direção a projeção nacional de seu trabalho, Aíla Magalhães encontrou, este ano de 2011, espaço, reconhecimento e não brincou em serviço. Aos 23 anos, ganhou respeito e admiração de profissionais daqui e de outros estados. “Acho que o disco vai ter repercussão... Belém e o Pará são realmente o próximo point musical do Brasil”.

A opinião é de Felipe Abreu, que conheceu Aíla pela internet e topou fazer a direção vocal do CD. É professor de canto popular e já fez a direção/preparação vocal em cerca de 40 CDs e DVDs no Brasil e na Itália. O depoimento completo está disponibilizado no youtube, em registro feito durante as gravações do CD, cujo making of também foi disparado para o público internauta.

Somando a isso, a divulgação de algumas faixas pelas rádios ou internet (ouça algumas músicas no Preview do CD lançado em aplicativo exclusivo para Facebook) vem ampliando um público de fãs que Aíla talvez ainda não saiba que tenha, mas que aos poucos vai encontrando pelos shows que tem feito em Belém, Macapá, Recife e em outro estados para onde ela já tem levado uma pequena mostra do que será o show de lançamento do Trelêlê.

“Estive em Macapá, no Festival Quebramar, onde fiquei bastante surpresa e feliz com a recepção do público, e conheci várias pessoas que já acompanham o trabalho e estão na espera no disco”, diz a cantora. Além de Belém, Aíla promete difundir o CD em outras cidades e estados do país. O projeto de circulação de um show que acaba de ser aprovado pela Lei Semear, vai levá-la a Santarém, Macapá e a pelo menos seis estados, incluindo Salvador, Recife e São Paulo. Leia a seguir a entrevista completa.

(Foto de Renato Reis)
Holofote Virtual: Como tem sido a produção deste CD. Muito trabalho? 

Aíla Magalhães: Desde o início do ano, estive imersa neste projeto de produção do CD. 

Acompanhando de perto todas as fases de pré, produção e pós: elaboração do projeto, captação, seleção de repertório, idealização dos arranjos, gravação, preparação vocal, mixagem, masterização, e tantas outras etapas... Quis acompanhar tudo de perto. É como se fosse o primeiro filho mesmo, sinto que amadureci uns 20 anos em 1 (risos)... 

E enfim ele está pronto, e do jeito que eu sempre quis. Está na fábrica agora em dezembro, chega em janeiro e lanço até março (2012). Esses meses que seguem, a partir de agora, é de ansiedade, na espera de colocar ele na rua e seguir levando o trabalho mundo a fora. 

Holofote Virtual: Como foi trabalhar com o Felpe Abreu? 

Aíla Magalhães: Ah... Trabalhar com o Felipe foi um grande presente! Felipe é professor de canto popular e já fez a direção/preparação vocal em cerca de 40 CDs/DVDs no Brasil e, na Itália. Trabalhou com artistas que eu admiro demais, como Adriana Calcanhotto, Vanessa da Mata, Arnaldo Antunes, Mariana Aydar, entre outros. Além de ter sido professor de canto das duas primeiras edições do programa "Fama", da Rede Globo. 

Eu estava atrás de alguém que pudesse me preparar e dirigir vocalmente neste primeiro trabalho, pesquisei bastante e o achei pela internet. Durante o processo de preparação do disco, precisei ir ao Rio de Janeiro ter aulas com Felipe, e em seguida ele veio me acompanhar em Belém durante as gravações de voz no estúdio. Foram dias de intenso trabalho, e muito proveitosos.

Felipe, além de ser um excelente profissional, é uma grande pessoa. Me sinto muito feliz em tê-lo neste trabalho, foi muito importante pro resultado de todo o processo. Holofote Virtual: Ele disse que o Pará é a bola da vez no cenário da música brasileira. O que você pensa sobre isso? Aíla Magalhães: Estamos em um excelente momento de difusão da música produzida no Pará, e não só da música, do cinema, das artes visuais, da gastronomia... 

Enfim, nos encontramos em um movimento consistente, mesmo que isso seja natural e inconsciente. São vários artistas somando trabalhos e caminhando para um mesmo lado, claro, que com suas individualidades e distinções. Porém, o ponto de partida é o mesmo, o diálogo com a nossa própria cultura, que acaba resultando em reinvenções na música produzida por aqui. 

(Foto de Renato Reis)
Holofote Virtual: Esta pegada de misturar sons tradicionais ao que é mais contemporâneo, como o Felipe Abreu comentou, é a estética sonora que deves seguir em teus próximos trabalhos? 

Aíla Magalhães: A estética do "Trelêlê" foi construída durante esses meus três anos de carreira, e tem influências diretas de tudo que vivi e conheci nesse período. Esse trabalho reflete a vontade de fazer uma música pop com sotaques da Amazônia, que pudesse soar contemporânea e universal ao mesmo tempo. Reúne composições de vários artistas da região norte, que, de certa forma, fizeram parte dessa minha trajetória até aqui, como Dona Onete, Eliakin, Felipe, Alípio Martins, entre outros. 

Falar sobre a estética dos próximos trabalhos é um pouco mais complicado pra mim, pois só consigo pensar no "Trelêlê" hoje, (risos). Acredito que cada novo trabalho seja reflexo de uma nova fase, porém tenho certeza apenas de uma coisa, continuarei fazendo aquilo que me move e que faz sentido pra mim. 

Em relação à tradição da nossa cultura, percebo que ainda tem muita coisa a se redescobrir, tudo isso me instiga muito e me faz querer experimentar cada vez mais nessa direção sim. 

(Foto de Lilian Guimarães)
Holofote Virtual: Já tem data definida e local para o lançamento do CD? 

Aíla Magalhães: Sem local e data exata ainda, mas gostaria muito de fazer em um espaço aberto, ao ar livre. 

Holofote Virtual: Além do teu talento, do trabalho do Felipe (Abreu), reunistes neste trabalho mais dois expoentes desta nova geração de artistas que o Pará vem produzindo, Roberta Carvalho e Felipe Cordeiro. Como flui o diálogo entre vocês? 

Aíla Magalhães: Bem, conheci o Felipe em 2008, através de um amigo em comum, e a empatia foi à primeira vista, desde então passamos a trabalhar juntos. Felipe sempre foi um grande parceiro e um dos principais incentivadores da minha carreira. Durante esses anos de convívio, passamos por muitos momentos importantes juntos, de descobertas, a prêmios em festivais de música, troca de idéias, experiências e amadurecimento profissional. Nosso encontro foi fundamental pro resultado do Trelêlê, o qual Felipe assina a produção musical. 

Já Roberta, conheci um pouco depois, em 2009. Esse encontro foi de extrema importância pro desenrolar deste primeiro trabalho também, pois Roberta compreendia exatamente meus quereres e modo de trabalhar. Iniciamos a parceria, efetivamente, no meu primeiro show solo, em 2010, onde Roberta fez a produção juntamente comigo, e assinou as projeções visuais do cenário multimídia. 

A partir de então, começamos a construir uma relação direta de pensamento no que seria esse trabalho, em termos conceituais mesmo... e procuramos sempre relacionar artes visuais com a música em todos os shows. Desde um projeto gráfico, um vídeo ou ao vídeo-cenário que está sempre se modificando e se desenvolvendo ao longo desse primeiro momento. Nossa afinidade resultou também, em um selo cultural, intitulado "11:11 Arte, Cultura e Projetos", que inclusive é responsável pela produção executiva do Cd "Trelêlê", e que já tem muitos Projetos pro ano de 2012 também. 

(Foto de Renato Reis)
Holofote Virtual: Ei, você foi militante estudantil. Onde essa veia é encontrada no momento atual? 

Aíla Magalhães: Desde que me entendo por gente, já era representante de turma na escola, e isso acabou se prolongando até a Universidade, onde fui Presidente do Centro Acadêmico do meu curso. Sempre lutei por melhorias no ensino, organizando eventos para fomentar ações interessantes no Curso, e defendendo os direitos dos estudantes... Lembro que uma vez, fui até Brasília lutar por direitos estudantis, e consegui respostas positivas até (risos). 

Na verdade, sempre fui muito engajada em tudo que me envolvia, e, com certeza, isso refletiu bastante no meu trabalho como artista hoje. Lembro que no inicio da carreira, me perguntavam se eu tinha algum familiar influente, ou algum "Q.I" no meio musical, e eu respondia que não. Pois diziam que se não fosse dessa forma, as coisas seriam bem mais difíceis... No entanto, segui minha inquietude e minha "teimosia" de querer fazer arte, e hoje estou aqui, estimulando os outros a fazerem arte junto comigo, rs. 

Holofote Virtual: Em que momento vocês estão com os preparativos para o lançamento do CD ano que vem? 

Aíla Magalhães: Bem, agora estamos em processo de finalização do design gráfico do disco, e daqui há alguns dias o CD vai pra prensagem. Mas já iniciei uma mini turnê de pré-lançamento do CD esse semestre. Fiz Show em outubro no Conexão Vivo Belém, depois em novembro, no Festival "Até o Tucupi" (Manaus), em seguida fizemos em São Carlos (SP), no Festival Contato, que teve uma repercussão muito bacana. Mais recentemente estive em Macapá, no Festival Quebramar. 

(Foto de Lílian Guimarães)
Holofote Virtual: E o que mais vem aí em 2012? 

Aíla Magalhães: 2012 será um ano de difusão do trabalho aos quatro cantos do país... Portanto, será um ano dedicado à turnê nacional do CD "Trelêlê". E também dedicado às produções culturais que a "11:11" realizará em Belém, festivais e programações muito legais, aguardem!

(Trelêlê - Lei Semear - Conexão Vivo)

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