NOTA DE ESCLARECIMENTO
A preservação da Casa da Estrella
2) a aquisição, repetimos: aquisição, da casa pelo Poder Público, de maneira que sua manutenção possa ser garantida. A petição recebeu a adesão de quase mil pessoas em apenas quatro dias. Ela foi muito divulgada com mensagens de esperança. Todas querem ver o legado de Benedito e Maria Sylvia preservado.
Houve, contudo, quem a recebeu de forma negativa e confusa. Essas pessoas se sentiram ofendidas com algo que é direito de qualquer cidadão: pedir providências ao Poder Público para que um bem de interesse social seja preservado. Em uma atitude defensiva e desproporcional, postagens foram feitas nas redes sociais deturpando argumentos, outras lançaram ataques pessoais e houve até aquelas que fizeram a defesa da propriedade privada (!) e acusaram os peticionários de questionar a legitimidade dos herdeiros (!), assim como de quererem confiscar ou desapropriar a casa (!). Sim, tudo isso foi dito, algumas vezes de maneira deselegante e vil.
1) sim, os herdeiros legítimos manifestaram diversas vezes, repetimos: diversas vezes, que não poderiam manter a casa e que, por esse motivo, cogitavam vendê-la;
2) o interior da casa está esvaziado, pois a biblioteca foi transferida para a UFPA e parte do mobiliário, as obras de arte e as antiguidades foram de lá retirados. Esses fatos são suficientes para preocupar quem conhece o valor arquitetônico, histórico e social da casa – e exigem, sim, uma mobilização que se antecipe a um final bem conhecido dos habitantes de Belém.
Com a finalidade de proteger a residência, solicitamos o tombamento do imóvel. Esse é um instrumento legal que as sociedades civilizadas dispõem para que a responsabilidade pela preservação do patrimônio histórico seja compartilhada com o Poder Público. O tombamento nada tem a ver com demolição, desapropriação ou confisco.
Pelo contrário: ele permite que os proprietários tenham um desconto no IPTU, recebam investimentos públicos, sejam auxiliados em serviços de arquitetura e engenharia ou mesmo tenham facilidade para obter empréstimos destinados à manutenção do imóvel. Convém, portanto, que o Governo do Pará avalie a necessidade de tombar a Casa da Estrella, pela importância que ela adquiriu para a cidade e para que os esforços em prol de sua manutenção sejam recompensados.
Casa abrigava biblioteca e pinacoteca do casal |
Nesse caso, a demanda dos peticionários também pretende se antecipar a uma possível situação de risco para a casa, abrindo uma janela de soluções que contemple o interesse dos herdeiros legítimos. Essa proposta também nada tem a ver com desapropriação ou confisco, mas com uma possibilidade concreta, talvez a única na atual conjuntura do país, de preservar a residência caso seja vendida. Repetimos: caso – seja – vendida. Se a intenção não é vendê-la, se os planos mudaram, a sugestão feita pelos peticionários pode ser ignorada.
Ao leitor que chegou até aqui, pedimos que volte à petição e releia o texto. Ele é claro em suas intenções e propostas, é verdadeiro nos seus argumentos e vislumbra, sim, um destino factível para a Casa da Estrella. Esse é um lugar de memória que justifica um esforço coletivo para sua preservação. Isso é o que importa. Se toda essa polêmica resultar na proteção do Poder Público e no apoio da sociedade civil, seja qual for seu proprietário, teremos todos razão e sairemos todos ganhando.
Coletivo pela Preservação da Casa da Estrella
Atualização sobre a petição, em 13 de maio:
O coletivo acaba de informar que a petição alcançou a meta de assinaturas e encerrou. Será encaminhada aos órgãos de patrimônio das três esferas de poder, no caso o IPHAN, Secult-Pa e Fumbel, que já aceitaram o pedido de tombamento do imóvel.
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