18.5.21

Tarô Amazônida ilustrado com foco nas mulheres

Ilustrado por mulheres artistas, o projeto revisa o tarô de forma criativa e inovadora. Jogo de cartas cuja leitura interpreta situações ou mesmo cria um panorama da vida de quem o consulta, nesta jornada mística, a ideia é navegar com personagens emancipadas, numa verdadeira releitura que traz como força a valorização das mulheres da Amazônia.

Surgido na Itália no século XIV, o Tarô rapidamente ganhou popularidade. Desde então, artistas em todo o mundo fazem releituras do famoso baralho, composto por 22 Arcanos Maiores e 56 cartas de um baralho comum. O Tarô Amazônida é uma iniciativa das artistas Renata Segtowick, Ty Silva, Moara Brasil e Mandie Gil, viabilizado por meio do MAR (Mulheres ARtistas Pará), projeto de conexão feminina artística e selecionado pelo edital Moda e Design da Lei Aldir Blanc Pará, organizado pelo Instituto Ágata, Secult, Governo do Pará, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.

Ty Silva
“O tarô permite uma profunda conexão espiritual com os nossos ancestrais e guardiões. Então, fazer essa ponte com os seres encantados e com as culturas amazônidas, além de ser um processo de busca pela nossa ancestralidade, também reforça a necessidade de termos mais conteúdo produzido por artistas que vivenciam esse local e cultura”, conta Ty Silva, artista paraense e uma das ilustradoras e organizadoras do Projeto Tarô Amazônida.

O baralho, que inicialmente terá os 22 Arcanos Maiores, foi ilustrado totalmente com personagens femininos ou sem gênero definido. Com o objetivo de trazer o tarô para referências locais, 11 artistas paraenses ilustram as cartas. “Buscamos recriar os personagens com a cara das mulheres da amazônia, com sua diversidade étnica, valorizando nossos corpos, nossas cores, nossa cultura”, explica a ilustradora e designer gráfica Renata Segtowick.

Revisar o tarô de forma criativa e inovadora é a chave para que o trabalho artístico abra portas para discussão de vários temas como feminismo, descolonização e valorização de mulheres da amazônia. Através de pesquisa, produção de ilustrações e do lançamento de exposição em plataformas digitais (Instagram e website), seguido de debate, este material é mais um elemento de empoderamento e reflexão sobre várias questões do corpo feminino.

Moara Brasil
"Essa é a primeira etapa do nosso projeto, que inclui apenas artistas participantes do MAR. A maioria é moradora da Região Metropolitana de Belém, mas, na sequência, com o financiamento coletivo, vamos poder chamar outras artistas, inclusive mulheres cis e trans de fora da nossa região, para dar maior diversidade ao projeto", reforça Moara Brasil, uma das ilustradoras envolvidas no projeto.

A coleção inspirada no Tarô Amazônida incluirá camisetas e canecas e será colocada à venda na loja online do MAR. Posteriormente outras peças também estarão disponíveis como recompensas na campanha de financiamento coletivo, criada para possibilitar o desenvolvimento das outras 56 cartas. 

As vendas servirão de fonte de renda para a equipe, composta exclusivamente de mulheres que vivem de sua arte e foram duramente atingidas pela crise resultante da pandemia da covid-19, além de reverter 15% do lucro para comunidades indígenas da região do Tapajós. “Projetos como este possibilitam que artistas continuem criando, pois o setor da cultura foi um dos mais atingidos com pandemia, e deveriam ter mais apoio e recurso”, reforça Moara.

Conhecimento e acessibilidade

Renata Segtowick
O Tarô Amazônida conta ainda com duas oficinas virtuais na área de design gráfico e arte: uma de Fundamentos de Aquarela com a artista Marina Pantoja e outra, de Teoria das Cores, com a artista Mandie Gil. As oficinas serão disponibilizadas gratuitamente no YouTube e tanto elas quanto a live de lançamento contarão com tradução simultânea em libras para deficientes auditivos.

O MAR (Mulheres ARtistas Pará) é um projeto de conexão feminina que foi criado e organizado para dar visibilidade e divulgar o trabalho das artistas plásticas, grafiteiras, ilustradoras, game designers, profissionais de animação, profissionais de lettering, tatuadoras e quadrinistas da amazônia paraense. Hoje, o coletivo conta com mais de 100 inscritas.

Para saber mais sobre o projeto, siga o Instagram do M.AR (@mulheres.artistas.pa) e participe da live de lançamento, que será no dia 20, às 18h.

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