3.5.10

Temporada de "Corpo Santo" encerra com teatro lotado

Domingo, 02, chuvoso e o que seria improvável , por causa disso, acontece. Os ingressos para a última apresentação da temporada de “Corpo Santo – Um Monstro na Medida em que não é”, estavam esgotados.

Estávamos eu e mais umas cinco pessoas na fila de espera. Felizmente a produção foi rápida e conseguiu mais cadeiras e espaço dentro do Teatro Universitário Cláudio Barradas da UFPA, que ficou completamente lotado para ver o primeiro espetáculo solo da Companhia Madalenas.

Ainda lá fora, o público é convidado a entrar pelos músicos e cantores que, em cortejo, entoam um canto, nos preparando para o que ainda estava por vir, um espetáculo feito de música, canto e corpo.

Com direção musical de Kleber Benigno, o Paturi do Trio Manari, coro e percussão ecoam pelo ar, amplificando a atmosfera mágica da sala de espetáculo, transformando-a em um espaço santo, sincrético e mítico.

Músicos acima do palco. Abaixo deles, um semicírculo é formado pelo público, que também se distribui na arquibancada. Os músicos tocam os tambores, e as cantoras, continuam o canto, um lamento.

O cenário é simples e emblemático. Do alto, pendem lanças. Abaixo delas, uma única lança fincada no centro do palco, tendo em torno velas, ainda apagadas. Inicia-se a defumação do ambiente.

Mais música, canto, toques percussivos e logo entra em cena Rodrigo Braga, o ator que, diante da platéia encarna quatro personagens.

Ora é um contador de histórias, ora uma criança, e vai de Ogum a São Jorge. O narrador conta as histórias do santo e o espetáculo torna-se uma metáfora. “Que perpassa pelos valores populares ligados a São Jorge e cria uma reflexão sobre os desafios que a vida nos desvela, pontuando de forma sutil a presença do mostro e do herói existente em cada um de nós, um eterno construir de novos desafios para desbravar outros caminhos”, diz o ator.

No centro das atenções, a performance corporal de Rodrigo é envolvente e vigorosa. O ator entra num transe, embalando os olhares e sentimentos do público, ao som de pontos de Umbanda e Tambor de Mina.

“Com movimentos lúdicos e orgânicos, este corpo santificado se debruça sobre uma espécie de dança do afeto, que baila no palco sua generosidade doando ao espectador suas vísceras em forma de sentimento no corpo e na palavra”, afirma o ator Rodrigo Braga.

Neste início de ano, Corpo Santo é um espetáculo que impressiona pela excelente produção, direção e atuação. Prêmio Mirian Muniz de 2009, da Funarte, na categoria montagem, consegue ser marcante e inesquecível.

A direção é de Leonel Ferreira, um dos fundadores da Cia Madalenas. Michele Campos, também fundadora do grupo, assina a assistência de direção e o texto que acompanha o programa de “Corpo Santo”.

Com cenário e figurino, de Aníbal Pacha (In Bust), iluminação, de Thiago Ferradas (Fundo Reyno), também participam da encenação, os percussionistas Valdeci Jr., Welerson Willians, e Welliton Barreto e as cantoras Érika Nunes, Moahara Fagundes e Dina Mamede.

Foram apenas dois finais de semana em cartaz. Mas “Corpo Santo” deve voltar à cena, em algum outro espaço da cidade e quem ainda não viu deve se preparar e não perder a próxima oportunidade.

Leia mais sobre o espetáculo na Janela Cultural do Portal Cultura.

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