25.3.11

Bazar musical e experimentalismo dão o tom deste final de semana no Estúdio Reator

Léo Bitar, mostrando seu CD do Aeroplano
Nesta sexta, 25, e no sábado, 26, serão as últimas oportunidades para ver o trabalho de Jeferson Cecim, Nando Lima, Patrícia Gondim e Léo Bitar. No encerramento de temporada, uma novidade. O Estúdio Reator (Trav. 14 de abril, 1053, entre Magalhães Barata e Gov. José Malcher) também está realizando, a partir das 19h, um bazar de música, apresentando uma coleção cheia de raridades. Não perca.

O espetáculo estreou ainda em fevereiro, antes do carnaval, trazendo ao público um espetáculo instigante, que se utiliza de várias linguagens cênicas. De narrativa incomum, tendo como mote o sexo, Red Bag nos convida ao universo sonoro e multicolorido da imaginação sensual. Para saber mais sobre o espetáculo leia aqui, mas atentem que embora Red Bag comece às 21h30, o Reator abre nesta sexta e sábado desde as 19h, para o Bazar Musical.  Aviso aos aficionados que está imperdível.

Léo Bitar trabalha há 20 anos com trilha e sonoplastia para o teatro. É ele que assina, por exemplo, a trilha de Red Bag. Ligado em música desde muito cedo, traz na trajetória trabalhos também em cinema e televisão. Para explicar melhor o que vai acontecer neste final de semana e conhecer melhor esta vibe sonora o Holofote Virtual conversou com o próprio Léo. Segue abaixo o bate papo.

Leo, experimentando trilha de Dom Quixote, do Miasombra
Holofote Virtual: Red Bag é totalmente musical. Seria, por isso, um momento pensado para iniciar a cena do bazar de música?

Léo Bitar: Não necessariamente, mas acho que cai bem uma feira de Lps com o Red Bag. Quando começo a pensar numa trilha para um espetáculo, a primeira coisa que me vem na cabeça é a minha estante de discos, vou passando ela na memória, olhando os Lps e parando em alguns, ouço mentalmente o que tem nele. É a primeira escolha. Depois, quando chego em casa, pego o disco e vou ouvir para confirmar. É quase 100% de acerto! E com o Red Bag, isso foi muito mais acentuado, pois trabalhamos a música como pontapé inicial para criarmos as cenas, quase todo ele funcionou assim.

Holofote Virtual: A música ocupa um espaço enorme na tua vida. Estes discos fazem parte da tua história. Estás te desfazendo deles, como assim?

Léo Bitar: Esses discos definitivamente fazem parte da minha história, são Lps e Cds que me acompanharam por muito tempo. Não é me desfazer, pois, na verdade, são repetidos! (rsrsrs). É que nessa caminhada, sempre encontro um Lp importado, ou tenho uma edição americana, daí encontro uma inglesa ou japonesa e acabo comprando, pois sempre procuro as primeiras prensagens, originais, pois são as mais próximas da fita master de rolo no qual são feitas as matrizes dos discos. Então acabei ficando com dois ou três do mesmo disco. Chegou a hora de repartir o bolo.

À direita, atuando em Frozen
Holofote Virtual: De onde vem esta sina, de curtir e trabalhar com trilhas, som de cinema? Fala mais...

Léo Bitar: Desde criança, a música me pareceu algo mágico, tinha uma eletrolinha, cujo as caixas de som eram as tampas. Colocava meus disquinhos e ficava impressionado com a agulha rodando e saindo um som fabuloso, histórias, melodias, vozes, incrível!

Daí veio a formação do gosto musical, ao qual agradeço a minha família que é altamente musical, clássicos, mpb, etc. Quando entrei no teatro em 1988, queria ser ator, mas os amigos foram percebendo meu interesse musical e me perguntavam se eu não queria trabalhar com sonoplastia, pois havia poucas pessoas no momento, aliás, até hoje.

Fui assistir a uma peça de teatro do "Cena Aberta" e a trilha sonora era magnífica!Fui conhecer o sonoplasta que era o fantástico Fernando Pina, que fez trilhas para várias peças em Belém e tive o prazer de operar uma trilha sua para “O grito do trem noturno”, da Companhia Atores Contemporâneos (Miguel Santabrígida).

Trabalhando com sonoplastia, senti a necessidade de conhecer melhor os equipamentos, microfones, editores de áudio, fui à luta, fiz cursos, etc e com isso veio o som pra vídeo, cinema, rádio, tv etc. O som, o ruído, a melodia, os acordes, tudo me intriga!

Reator: montagem de Red Bag
Holofote Virtual: Pra ti, que momento é este de ter o Reator para tantas experimentações cênicas que vimos só neste ano, como À Sombra de Dom Quixote, Red Bag, Morgue Insano and Cool e o show Invento?

Léo Bitar: É um tempo que esperei muito na minha vida, pois sabemos que "teatro experimental" tem um público muito específico. Sempre houve a resistência, pois é esse teatro no qual acreditamos e gostamos de fazer!

Agora que temos um espaço pra criar, sem ter que necessariamente pensar em taxas, pessoal da montagem, burocracias etc, podemos nos perder em nossas criações finalmente! É um espaço pra gente experimentar, criar, e se acontecer. Sair do Reator com nossa criação, mas nunca o contrário. 

Não temos a necessidade de ter grande fluxo pra manter o local, então podemos ficar mais tranquilos, sabendo que temos tempo, material, espaço pra se perder em movimentos. São muitas idéias fervilhando. Segurem a gente, pois se deixarem, teremos um espetáculo por mês estreando no Reator.

No centro fazendo o som do curta  "Mãos de Outubro"
Holofote Virtual: Agora vende o peixe, o que vai ter nessa feira?

Léo Bitar: Muitos Lps raros, primeiras edições americanas, alguns Lps europeus, muita MPB rara, Hendrix, Stones, Beatles (inglês com as fotos e poster e capas internas pretas, numerado - raríssimo), Nico, Genesis, Yes, King Crimson, Caetano Veloso, The Doors, Pil, Gilbeto Gil, Jards Macalé, Roxy Music, Jethro Tull. É tanta coisa que nem lembro.

Serviço
Reator: Neste final de semana, Bazar Musical, a partir das 19h, e as últimas apresentações de Red Bag, às 21h30. Na Trav. 14 de Abril, 1053. Mais informações: 8112.8497.

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