18.3.11

“Encontro das Águas” reúne Sebastião Tapajós, Simone Almeida e Trio Manari

Pintura do artista Apolinário, exposta no Mascote (Santarém-PA)
O violonista Sebastião Tapajós e a cantora Simone Almeida se apresentam pela primeira vez juntos, nesta sexta-feira, 18, e sábado, 19, no Teatro Margarida Schivasappa, do Centur. O espetáculo tem participação especial do Trio Manari, o contrabaixista Adelbert Carneiro e o pianista Edgard Matos.

Por Avelino V. do Vale*

Ouvido por telefone, da cidade natal, Santarém, no oeste do Pará, onde reside desde 1997, Sebastião Tapajós informou que o repertório do show “Encontro das Águas” tem duas composições inéditas, ambas de autoria dele, em parceria com outros dois paraenses, Billy Blanco e Paulo André Barata, cada um parceiro em uma das músicas.

O violonista conta que as duas composições tiveram uma mesma fonte de inspiração: o Ver-o-peso. E revela que considera o Ver-o-peso um lugar encantador desde que conheceu Belém, onde residiu, ainda jovem, nos anos 60, em dois períodos, o primeiro, tendo se mudado de Santarém para desenvolver estudos de Teoria Musical, o segundo, após concluir a formação acadêmica em violão, em Lisboa e em Madri.

De título Ver-o-peso, uma das duas músicas de Sebastião Tapajós que no show com a cantora Simone Almeida são mostradas pela primeira vez em público tem letra. A letra foi criada por Billy Blanco, compositor radicado no Rio de Janeiro que é o mais antigo dentre os poucos parceiros letristas de Sebastião Tapajós, por sua vez, um compositor de poucas músicas letradas, que, na maioria, têm Billy como autor das letras.

Parcerias com Paulo André Barata e Billy Blanco (foto: Bruno Pellerin).
Ver-o-peso é uma das músicas que Simone Almeida e Sebastião Tapajós interpretam juntos. É, também, um dos números em que aos dois se somam no palco do teatro do Centur, o contrabaixista Adelbert Carneiro, o pianista Edgar Matos e o Trio Manari.

A outra composição inédita do show Encontro das Águas é intitulada Manhãs no Ver-o-peso. Trata-se de uma música instrumental, ou seja, sem letra. Ela é tocada apenas por Sebastião Tapajós, ao violão solo. Segundo o solista, Manhãs no Ver-o-peso foi criada por ele e por Paulo André Barata quando de recente estada dele, Tapajós, em Belém, durante uma das visitas que costuma fazer ao amigo e compositor belenense, na residência deste.

Anteriormente, Sebastião Tapajós e Paulo André Barata já eram parceiros em duas composições musicais: a primeira, um samba-enredo, feito com outros autores, para a escola de samba Acadêmicos da Pedreira, música em que o violonista diz ter tido “uma participação muito pequena, para atender ao convite do Paulo André, lá pelos anos 90”; a segunda, do ano 2000, a canção-choro Quebranto, que tem letra de Avelino do Vale.

Simone Alveida, romântica e eclética.
Simone Almeida apresenta repertório diverso

É evidente nesse repertório a versatilidade como intérprete vocal que ela desenvolveu ao longo dos 15 anos de carreira, que comemora este ano. Além da versatilidade, o repertório vocal do espetáculo indica outro forte componente da identidade artístico-musical dela, o de intérprete do cancioneiro amazônico, que ela tem contextualizado como cantora do amor em várias dimensões, favorecida por um timbre vocálico ao mesmo forte e suave.

Simone Almeida brinda o público do show desta sexta e sábado, no Teatro do Centur, com interpretações de duas músicas de Sebastião Tapajós que ela faz pela primeira vez: uma, a de Ver-o-peso, a inédita dele e de Billy Blanco, outra, a de um dos sucessos do violonista, Igapó, que não tem letra.

A cantora interpreta Igapó fazendo vocalize, em trilha sonora que se prenuncia uma das mais bonitas do show. O estilo romântico tem um dos principais momentos na performance vocal de Simone Almeida no espetáculo quando ela interpreta o maior sucesso discográfico dela, a canção Meu Grande Amor, composição de Eudes Fraga.

Meu Grande Amor será música título de um CD comemorativo de 15 anos de carreira a ser lançado pela cantora em 2011, além de um disco de louvores, intitulado O Amor Maior.

A versatilidade de Simone Almeida transparece tanto da diversidade de autores quanto da diversidade de gêneros musicais que ela interpreta. Eudes Fraga está presente no repertório com outra música além de Meu Grande Amor, uma composição com letra de Joãozinho Gomes.

Os outros autores interpretados pela cantora vão de Waldemar Henrique, referência em música da Amazônia brasileira, até uma criação do grupo Abuela Coca, do Uruguai, passando por Ruy Baldez e Chico Sena, dentre outros.

A música uruguaia é interpretada por Simone Almeida com letra em Português, em versão de título Caminhando, feita por Fernando Dako, guitarrista e compositor, que é marido dela, e, como ela lembra com perceptível satisfação, tem sido o diretor artístico dos mais recentes shows que ela realizou.

Diversidade de gêneros musicais - Simone Almeida interpreta canções, marabaixo  e até o que o contrabaixista Adalbert Carneiro denomina "ritmos afro-amazônicos e carimbó-choro", este, uma fusão que só tem precedentes em composições de Sebastião Tapajós, com registro pelo violonista no CD Choros e Valsas do Pará.

Algumas das músicas do show no Teatro Margarida Schivasappa estarão no CD comemorativo Meu Grande Amor. A cantora conta que esse disco será uma coletânea de interpretações dela que ela própria selecionou dos repertórios de vários CDs, dentre eles os dois discos solos que já fez, Recado, de 2003, e Quando Teu Amor Chegou em Mim, de 2007.

Juntamente com faixas pinçadas desses CDs solos, estará no CD coletânea, já em fase de finalização, músicas gravadas por ela em CDs de vários intérpretes. Dentre esses discos de onde transporá faixas avulsas em que canta estão um CD com músicas da programação 5ª Cultural, do Banco da Amazônia, e dois da série Uirapuru, da Secretaria de Cultura do Pará – Secult/PA, sendo um destes o CD de composições de Galdino Penna e outro o CD de composições de Antonio Carlos Maranhão.

Manari toca Suíte das Amazonas, com Tapajós.
Noite percussiva - O Trio Manari, constituído pelos percussionistas Márcio Jardim, Nazaco Gomes e Kléber Benigno, tem participação especial no show Encontro das Águas. 

Os três destacam-se em um número que fazem com Sebastião Tapajós, um trecho da Suíte das Amazonas, de autoria do violonista, e que dá título a um CD já gravado, a ser lançado, disco tripartite do solista santareno, do trio de percussionistas e do contrabaixista Ney Conceição.

No show, o Trio Manari toca, também, em músicas que Simone Almeida canta acompanhada por Adelbert Carneiro, no contrabaixo, Edgar Matos, no piano, e, em alguns números, por Sebastião Tapajós, ao violão.

*Avelino V. do Vale é jornalista e compositor (avelino.vanetta@gmail.com)

Um comentário:

Juliana Tuma disse...

Que massa o teu blog! Virei fã. Muito bom ficar por dentro do que rola por aí.