Últimos preparativos, no Casarão do Boneco |
Escola de Samba Bole Bole, entra na Aldeia Cabana nesta madrugada de sábado, 05, pra domingo, 06, encerrando o desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial e traz como tema “Bonecos pra lá de Animados”, homenageando o mundo encantado dos desenhos animados e a In Bust Teatro com Bonecos.
O grupo, que ganha um carro alegórico especial, vai levar os bonecos de alguns de seus espetáculos. Na comissão de frente, o bonequeiro, cenógrafo e figurinista Aníbal Pacha, aparecerá como Gepeto, rodeado de Pinóquios e acompanhado pelo Grilo Falante, encarnado pelo professor Beto Benone, da Escola de Teatro e Dança da UFPA.
Nesta sexta-feira, 04, o In Bust reuniu, no Casarão do Boneco, o grupo de 16 atores e amigos que irão manipular os bonecos na avenida. Foram acertados os últimos detalhes, a letra do samba foi distribuída e também foi oportunidade para ouvir o samba enredo.
O grupo In Bust tem 15 anos de estrada e nunca nenhum dos integrantes entrou até então na avenida. Esta será a primeira vez de Paulo Ricardo, Anibal Pacha, Adriana Cruz e Cristina Costa no carnaval paraense.
Aníbal Pacha, na empolgação |
“Não sou muito carnavalesca, nunca saí na avenida e há muito deixei de ir a festas de carnaval, mas saber da homenagem à In Bust e ver este samba tão bonito, dá uma emoção tão grande! Tenho a impressão de que será uma hora de desfile com os pelos todos arrepiados! Merda!”, diz Cristina Costa usando o jargão do teatro para desejar boa sorte a todos.
“Eu até curto carnaval, mas não sou, como disse a Cris, carnavalesco. Já vi muitos desfiles, já fui jurado na Doca, na Aldeia Cabana, em Outeiro, mas nunca saí na avenida. Acho que deve ser uma emoção desigual, mais ainda me sentindo contido no enredo, vamos ver no pé...”, arremata Paulo Ricardo.
“Também já fui jurada várias vezes, mas nunca entrei na avenida. Quero ver como vai ficar o coração com esta oportunidade e recebendo a homenagem tão bonita da Bole Bole”, conclui Adriana Cruz.
Adriana, dá um grau na malvada Rainha de Marambaia |
Aníbal também nunca colocou os pés na avenida. Mas assim que a ideia do samba enredo surgiu, ele foi o primeiro a ser procurado pela carnavalesca Cláudia Palheta, responsável pelo desfile. Cláudia tinha certeza de que ele seria, sem dúvida, fundamental no processo e então, o primeiro passo dela foi convencê-lo a participar.
“Quando a Claudia me convidou fiquei surpreso e meio assim pensando o que vai ser isso. Gosto sempre de assistir os desfiles, mas ir para a avenida... Ela fez um trabalho de formiguinha comigo e conseguiu. Acabei mergulhando de cabeça”, conta Aníbal.
A 1ª vez a gente nunca esquece - A estreia do In Bust é repleta de homenagens. Estarão na avenida os três bonecos índios em formato grande, feitos de paneiro, do espetáculo “Sirênios”, em sua 1ª versão; outros três bonecos de “Os 12 Trabalhos de Hercules” e mais dois do pássaro junino “Garça Dourada”, o príncipe Henrique e a malvada rainha Valéria de Marambaia.
Tem mais. Eles compartilharão o espaço com Dona Preguiça e Preguinho, do programa Catalendas, da Tv Cultura do Pará, que aliás, este ano, de acordo com as informações da Funtelpa, voltará à programação da emissora com episódios inéditos.
Neste mesmo carro, também estarão os Palhaços Trovadores, com os bonecos de “O Menor espetáculo da Terra”, que une as linguagens do clown com a de formas animadas. No chão, haverá uma serpente feita de guarda-chuvas, reprodução de um dos bonecos utilizados pleo grupo nas apresentações de rua.
Karla ensaia a manipulação do Príncipe Henrique |
Para tudo isso, vários amigos e atoress-manipuladores foram convidados a cmpartilhar este momento, como Vandiléia Foro, atriz convidada In Bust; Luciano Lira, Karla Pessoa e Michel Amorim, da Escola de Teatro e Dança da UFPA, Lu Maués e Jhonny Russel, da Cia EntreAtos; o Gilberto, que já trabalhou com o grupo na Pauta Residência, no Waldemar Henrique; Andrea Rocha, atriz e produtora.
E tem ainda Thiago Ferradaes, iluminador e cenotécnico; Fernanda Sales, que também já participou de ação artística do grupo; Jorge Torres, dos Palhaços Trovadores, Zack,; Marina Mota, bailarina, atriz, cineasta, parceira de outras ações; Inaê e Dandara Nascimento, filhas do grupo; Gabriela, outra amiga e mais duas pessoas do circo, que virão da Cia Atlética. Eu também, como assessora de comunicação do grupo, aceitei e vou encarar este inédito desafio, desfarça aí. Nunca fui sequer ver um desfile na avenida.
Mão na massa: oficina de bonecões |
Bole Bole – A idéia do tema deste ano surgiu logo depois que a Bole Bole arrebatou o primeiro lugar no desfile do ano passado, com o tema “Palhaços Trovadores – o riso na passarela do samba”.
A carnavalesca Cláudia Palheta conta que durante exposição dos figurinos de 2010, ela ouviu uma frase da professora Maria Sylvia Nunes, dizendo que foi legal homenagear os palhaços e que agora tinha que ser a vez do In Bust.
Ideia acatada de imediato. Mas a homenagem é ampla. Refere-se ao In Bust e a seu bonequeiro, mas também a todo o universo de bonecos existente no mundo, dos internacionais aos populares, afinal tem boneco animado no teatro, na televisão, no cinema, e na cultura popular.
Esta já é, na verdade, característica da Bole Bole, trabalhar com temas dessa natureza. Em 27 anos de carnaval, começando como um simples bloco de rua, a Bole Bole já homenageou também, o Arraial do Pavulagem, o Bar do Gilson e Mestre Lucindo.
Cláudia Palheta que entra em seu sétimo ano, como carnavalesca , foi a responsável pelos desfile do ano passado e deste ano, que surgiram a partir de seu contato mais próximo às linguagens cênicas. “Os Trovadores já tinham participado duas vezes do desfile da Escola, já então tínhamos esta parceria e veio a idéia. Deu no que deu. Fomos campeões pela primeira vez no grupo especial”, diz Cláudia.
Cláudia Palheta, não pára nem para dar entrevista |
Formada em ates visuais, com experiência em arte publicitária, ela é atualmente, além de carnavalesca, professora de figurino no curso técnico da Escola de Teatro e Dança da UFPA, onde Aníbal Pacha também é professor, no curso de graduação.
Agora os trabalhos estão prontos. Mas antes, durante várias semanas, Aníbal Pacha vinha comandando a oficina de confecção de bonecões, que irão fazer alusão aos bonecos do carnaval de Olinda. Eles virão dividindo as oito alas da escola formadas pelos 1.200 brincantes, que assumirão as fantasias, a bateria e a ala das baianas, entre outras que trarão brincantes fantasiados de personagens de histórias em quadrinho, do cinema e da televisão.
Com vários de seus bonecos caindo no samba, Anibal diz que a ideia é fazer na avenida o mesmo que a In Bust faz em suas apresentações, chamar o público para brincar junto e participar dessa magia que tem o teatro de formas animadas.
“Acho muito bacana o jeito que a Escola vai se apresentar na avenida. Nem sei se vou segurar a a emoção. A primeira vez que eu ouvi o samba, até chorei. A letra está primorosa e fala exatamente o que é este universo, o que são os bonecos, o que é a produção e o que é a profissão desse tipo de artista. Está lindo!”, conclui Pacha sobre o samba enredo.
Vetinho, Cládia Palheta, com Aníbal e integrante da Bole Bole |
O samba - Vetinho, fundador da Bole Bole e autor do samba enredo se diz satisfeito. “Ficamos felizes de saber que a letra ficou a contento. É uma parceria minha com o Edson Ari e chegamos a uma melodia que agrada o pessoal”, diz ele.
A letra foi baseada numa sinopse escrita pela carnavalesca Cláudia Palheta, com indicações de Aníbal. “Juntos, conseguimos resumir a idéia, o que constatamos quando vemos o artista se emocionar como o Aníbal. Nem sempre conseguimos isso. Daí veio a melodia, que com a letra deixa tudo bem engraçado. Tá pequeno e muito animado”, explica Vetinho.
Se escondeu a lua, um lindo sol raiou/O Bole Bole vem pra rua/A festa no Guamá já começou/A ilusão do artista/ Dá alma à criação/ Com amor e dengo, o mamulengo/ Traz alegria e emoção/Vem colorir a poesia/ “Catalendas” a brincar/ Os mascarados, as fantasias/ Essa folia é milenar”, diz a composição.
O presidente de honra e fundador da Bole Bole conta que era apenas músico tocador de cavaquinho, quando ajudou a fundar a Escola de Samba Arco Iris, que originalmente abriu alas ao surgimento da Bole Bole.
“O pessoal do Guamá não conseguia sair na Arco Iris, pois a fantasia era muito cara. Por isso, fizemos o bloco Bole Bole. Quando a escola acabou, em 1995, entramos com tudo na avenida”, comemora. Então, para ir esquentando tudo antes de ir para a avenida, leia na íntegra a letra do samba. Para ouvir, vá ao facebook.
Reprodução gigante de boneco do espetáculo Hércules |
Bonecos pra lá de animados
Autores: Vetinho e Edson Ary
Se escondeu a lua,
um lindo sol raiou
O Bole Bole vem pra rua
A festa no Guamá já começou
A ilusão do artista
Dá alma à criação
Com amor e dengo,
o mamulengo
Traz alegria e emoção
Vem colorir a poesia
Catalendas a brincar
Colorido e alegria na avenida |
Os mascarados, as fantasias
Essa folia é milenar
Fantoches são bichos, são gente
Marionetes da cultura popular
Quem manipula tem desejos
Tem os delírios mais profundos
Tem bonecos no cortejo
De todas as partes do mundo
Olha, faz no corpo, movimentos
Põe nos olhos, sentimentos
Euforias verdadeiras
Hoje, faz enredo na avenida
Minha escola tão querida
Carnaval é brincadeira
Ai liri, ai liri, aiô ôôôô
Ai liri aiô ôôô
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