9.12.19

Exposição traz temáticas e narrativas ribeirinhas

“Rios e Redes: uma poética sobre o tempo” abre nesta sexta-feira, 13 de dezembro, às 18h, na galeria do Centro Cultural da Justiça Eleitoral do Pará. A programação conta com exibição de um vídeo e show de carimbó. Entrada gratuita.

A  temática é ribeirinha, inspiração para a produção de mais de 20 peças elaboradas pelo Mestre Francisco Coelho (redes de pesca), o Chico das Rede, Roberta Mártires, que trabalha com moda autoral, a partir do crochê (Atelier Multifário), e Paulo Emílio, mestre na papietagem (Atelier Na Garupa). A curadoria é de João Cirilo Neto. 

Roberta Mártires vem tecendo em linhas, suas ideias, dando formas a criações inusitadas, de vestir e usar. A artista-artesã, agitadora e produtora cultural, ao propor o projeto de exposição ao edital do Centro Cultural da Justiça Eleitoral do Pará, teve como objetivo exercitar o olhar e a relação de artistas, artesãos, amigos e fazedores de cultura com a cultura ribeirinha, os rios e seus habitantes, aspectos tão caros a nossa realidade e identidade.

Roberta Mártires
Foto: Faustino Castro
“Lá, onde a cidade pulsa barulhenta a qualquer hora do dia ou da noite, ouço relatos de uma cidade ribeirinha, de seus becos, e de sua resistência periférica, e percebo os outros que lá estão junto comigo. A Liberdade de criação, os trabalhos autorais e as fronteiras do bairro onde moro, e onde trabalho se misturam, pois não só finco meus pés neste lugar de trabalho, como ainda moro na Cidade Velha, primeiro bairro de Belém. Um bairro central cheio de misturas, odores e sensações que guarda o maior número de Museus da capital, entretanto, não recebe suas artes ribeirinhas".

Francisco Coelho é o mestre inventivo das redes e teias artesanais: redes de segurança, de esportes, de pescas e de dormir. É possível encontrá-lo no Mercado Francisco Bolonha, o conhecido Mercado das Carnes, localizado no Complexo do Ver o Peso, bem em frente ao Solar da Beira. Criador de belíssimos matapis, de paneiros, luminárias, puçás e de tantos outros objetos que saem de suas mãos com materiais que reutiliza e subverte em seus usos anteriores, Chico faz a primeira incursão em espaço expositivo e suas criações ganham destaque em plasticidade e formatação. 

“É importante ressaltar que eu e Paulo Emílio já nos colocamos como artistas, já o Chico é um mestre e que tem um dos trabalhos mais fortes dentro da exposição.  Ele faz  um trabalho que não é voltado ao universo artístico, seu trabalho junto a pesca artesanal contribui para trazer o alimento às pessoas e é disso que ele também se alimenta. Ele está no mercado desde criança, primeiro no Ver-o-Peso e depois nesta barraca que ele ocupa no Mercado de Carne, onde eu também exponho a Multifário. Ele não se via como artista, mas para mim ele é peça chave desse projeto”, diz Roberta Mártires.

Paulo Emílio
Foto: Otávio Henriques
Paulo Emílio Campos, com sua produção escultórica, iniciada em 1989, apresenta um olhar politizado e bem humorado sobre o cotidiano e sobre o universo da arte. As criações, feitas em papietagem, a partir de materiais tão simples como o papel e o amido de milho, tecem comentários sobre as relações de homens e mulheres em sociedade e com meio-ambiente. Versáteis, suas criações exploram todas as possibilidades em termos de suportes, montagens destilando camadas e camadas de significados.

O convite está feito. O público verá instalações e uniões de objetos e esculturas que refletem a contribuição entre os artistas, dentro de seus ofícios, resultando em obras feitas em caráter de coletividade. Um vídeo produzido pelo Coletivo Mergulho (direção e montagem: Carol Magno / som e áudio: Renato Torres)  também será exibido, contendo o relato dos participantes, e haverá show de carimbó do grupo Cuité Marambaia. A noite de sexta promete começar bem ali pela Campina.

Serviço
“Rios e Redes: Uma Poética sobre o Tempo" - mostra contemplada pelo edital da galeria de artes do CCJE/2019. Abertura nesta sexta-feira, 13, às 18h, no Centro Cultural da Justiça Eleitoral do Pará (R. João Diogo, 254, bairro da Campina). A exposição ficará aberta até janeiro, sempre de terça a sexta-feira, das 9h às 17h. No dia 18 de dezembro haverá uma feirinha dentro do espaço, aberta ao público das 9h às 14 horas, com trabalhos de artistas convidados que produzem peças autorais. Entrada gratuita.

Nenhum comentário: