7.12.19

Violão Solidário encerra o ano com show na praça

Com rock, samba e chorinho, concerto do Projeto Violão Solidário reúne artistas em shows gratuitos na Praça da República. Apresentação, que celebra o primeiro ano do projeto de musicalização que atendeu 90 crianças de escolas públicas, será neste domingo (8), às 9h, no anfiteatro da Praça da República. 

Cerca de 90 alunos de escolas públicas participaram de cursos gratuitos de musicalização sob a batuta de Diego Santos, destaque da nova geração do chorinho, e Nego Nelson, um dos maiores instrumentistas do país. Da música regional ao rock, o show traz ainda a participação de convidados como Sammliz, Trio Lobita, Allan Carvalho e Pedro Viana.

O projeto é uma plataforma de valorização da cultura paraense, especialmente do violão enquanto instrumento fundamental na música popular brasileira. A iniciativa aposta na arte como meio de contribuir para a formação estética e cidadã de meninos e meninas entre 10 e 15 anos, estudantes de escolas públicas e advindos de famílias de baixa renda. O propósito é fazer da música ferramenta pedagógica e estratégica na redução da violência e diminuição da evasão escolar.

Para a coordenadora geral do projeto, Narjara Oliveira, a iniciativa oportuniza uma introdução à linguagem artística e transforma o relacionamento escolar. “Quando se coloca um adolescente para fazer uma oficina de violão, estamos trazendo, inevitavelmente, informações que eles nunca tiveram. E isso muda a vida das pessoas”, pontua. “Atrelamos a participação no projeto ao com comportamento e desempenho deles na escola e isso tem modificado a forma com que eles lidam com os colegas, como eles lidam com o patrimônio, porque tudo isso nós cobramos deles”, conta Narjara.

O primeiro módulo de oficinas, que atendeu 30 estudantes, foi realizado no Fórum Landi, com aulas ministradas por Diego Santos, professor do naipe de violões e regente do projeto Choro do Pará. Já a segunda etapa formou 60 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rui Barbosa, que realizaram o curso com Nego Nelson, artista de renome nacional com mais de 50 anos de carreira.

A diretora da escola Rui Barbosa, Márcia Maia, explica que a oportunidade de estar em contato com a música traz vários impactos aos alunos. “É uma oficina de música tão importante, com impactos social, afetivo e emocional. Ter o projeto Violão Solidário e a presença do Nego Nelson é motivo de orgulho e satisfação e nós ficamos muito agradecidos”, diz Márcia.

“Nossos alunos, muitos com históricos de carências das mais variadas, se sentem estimulados. Muitos deles relatam que já se veem como artistas e imaginam um futuro na arte. É emocionante”, relata Josefa Silva, coordenadora pedagógica da escola.

Coordenador pedagógico do projeto, Nego Nelson partilhou a experiência de 35 anos na área de arte educação. Ele foi professor de violão durante 15 anos no Conservatório Carlos Gomes e ao longo de 20 anos na Fundação Curro Velho, além de já ter participado de inúmeros projetos de musicalização através do violão pelo estado do Pará. 

“Só o fato de eles virem para o curso e ficarem nessa integração, como a atividade paralela, por meio do violão, melhora o desempenho do aluno na escola, melhora em matemática, português, melhora em tudo. Eles podem experimentar se é isso o que eles querem, aguçando o potencial artístico das crianças”, diz  Nego Nelson.

Daieny Fernandes, aluna do 9º ano da Escola Estadual Rui Barbosa, na Cidade Velha, é só expectativa para o primeiro concerto da carreira. “Eu sempre achei bonito tocar violão e depois de ter escutado sobre toda história do guitarrista americanos Robert Johnson, passei a ter mais vontade de aprender a tocar. As oficinas me incentivaram, mais ainda, a continuar, porque eu realmente já pensei em criar muitas coisas, já que eu tenho muitas inspirações para poemas”, conta a aluna.

Do regional ao rock

No concerto na Praça da República, três turmas de alunos irão apresentar um repertório com clássicos da música brasileira, como Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e Uirapuru, do maestro paraense Waldemar Henrique. A surpresa fica por conta de Suzie Q, do Creedence.

A programação traz o recital de Diego Santos, com músicas autorais. Violonista e compositor, ele é um dos destaques da nova safra de instrumentistas do Pará. Em 2018 participou do Festival Internacional de Choro de Paris e ainda se apresentou nas cidades de Amsterdam na Holanda e Lyon na França, com o projeto Mercado do Choro.

Em seguida, sobe ao palco Nego Nelson.  Sumidade da música brasileira, ele já produziu músicas para teatro, filmes e documentários. Participou de festivais e shows com artistas de renome nacional como Leny Andrade, João Donato, Leila Pinheiro, Fafá de Belém, Billy Blanco, Arismar do Espírito Santo, Maestro Laércio de Freitas e outros. Se apresentou em países como França e Itália, e possui sete discos autorais, além de participações como instrumentista em mais de vinte CDs de outros artistas.

O concerto encerra ao som do Trio Lobita, que reúne grandes artistas: Paulinho Moura (violão 7 cordas), Tiago Amaral (clarinete) e Andréa Pinheiro (voz e pandeiro). O grupo surgiu em 2012, resultado das reuniões sonoras realizadas na casa do cartunista Biratan Porto, chamada de Terças de Cordas. Canções do universo do samba e choro e autorais fazem parte do repertório do trio, dividido entre instrumental e cantado. Em 2017, o grupo lançou o disco Na Marola, com repertório autoral e em parceria com outros artistas, que teve a produção enriquecida com a participação de músicos especialistas em maxixe, polca, baião e choro.

Serviço
Concerto do projeto Violão Solidário, neste domingo, 8, às 9h, no anfiteatro da Praça da República. Entrada franca.

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