Fechado desde a pandemia, o Reator abriu as portas nesta semana, com dois espetáculos de performance, integrando a programação do !PULSA! Movimento Arte Insurgente que realiza desde o dia 9 de novembro, a 3a Edição em Belém.
Na segunda-feira (11) foi apresentado IAIA QUEBRADA e na terça-feira (12) a performance Black Rock, propondo ao expectador criar a própria dramaturgia a partir das provocações criativas de Nando Lima, sobre o universo urbano Amazônico.
A performance IAIA QUEBRADA Episódio Antes que Você impactou o público que esteve no espaço para ver a estreia. O performer Nando Lima, diretor do espetáculo e idealizador do Reator, trouxe à cena a experimentação em multilinguagens, especialmente a relação com as mídias, que é sua assinatura. No caso de IAIA, a performance apresentou os resultados do uso da Inteligência Artificial para Nando provocar o pensamento em uma Amazônia no ano de 2227.
Com os performers Dudu Lobato, Danilo Bracchi e Renan Rosário, o espectador de IAIA QUEBRADA "navegou" pela criação de Nando ao som de um motor de barco, trilha sonora com música tradicional e popular, projeções, imagens e manifestos. No centro da sala um praticável, meio passarela, meio pista e que, ao final, se tornou a mesa de um banquete coletivo com vinho (claro!), frutas e pipoca.
Para Nando, IAIA QUEBRADA "tanto pode ser um problema, quanto uma ginga. Pode ser o que vem ou é da quebrada, a borda das coisas". Neste movimento que vai para as bordas, Nando falou sobre a parceria com o Pulsa. "Tem tudo a ver justamente por essa questão da insurgência das coisas que estão nas bordas. Coisas que não estão necessariamente dentro das regras mais aceitas".
Neste movimento de experimentar novas tecnologias, Nando construiu a visualidade de IAIA passando pelo filtro da inteligência artificial com o comando de pensar como seria a Amazônia no futuro. "Comecei a tentar traduzir através da Inteligência Artificial, esses pensamentos que eu tinha sobre essa questão Amazônica. Sonoridades, imagens, videos, todas esses arquivos que constróem a visualidade, as ideias, a tradução passaram pela inteligencia artificial", contou.
"É uma figura inquietante que parece sempre estar caminhando à frente do seu tempo", disse o professor e artista visual, Alexandre Sequeira, que é um dos colaboradores no processo de criação da performance IAIA. Sequeira está entusiasmado com a reabertura do Reator. "É um espaço gerador muito incrível. Eu conheço o Nando há muitas décadas. Ele propõe há muito tempo essa relação com as mídias e com o espaço cênico. Então é um lugar que a gente tem que celebrar e torcer pela vida longa".
Estética Nando Lima e resistência
Para o ator Cláudio Barros, que também esteve nesta segunda no Reator, trabalhos como o de Nando Lima são marcantes e precisam deixar de ser invisíveis ao grande público. "O Pulsa traz para a cena artistas que desenvolvem um trabalho muito importante durante décadas como o Nando. Fazia tempo que eu não reencontrava o Nando. É um artista que começou a sua história no teatro praticamente junto comigo", lembrou. "Hoje em dia, após passar por várias estéticas do teatro e inúmeras experiências, o trabalho do Nando está tão maduro que a gente olha determinado trabalho e reconhece uma estética Nando Lima", opinou.
"É um espaço que é casa, que é sonho e que há quase 15 anos é um lugar importante na cidade, de convergências de propostas que esgarçam as fronteiras. Já vi música dialogando com o visual, já vi sombra. Um pouco de tudo que eu já vi aqui é muito surpreendente", declarou Valéria Andrade, atriz e professora da Escola de Teatro e Dança da UFPA. (ETDUFPA). "É muito boa a sensação de assistir um trabalho aqui considerando o tempo significativo que o Reator ficou fechado para o público", completou.
Destacou-se na noite, também, a homenagem inesperada com a projeção de nomes de artistas que hoje estão na memória, entre eles, o diretor de teatro Paulo Faria, falecido em setembro. Cláudio Barros se mostrou emocionado com a reverência.
"Foi uma coisa muito generosa no trabalho apresentado. Ele faz com que outras gerações percebam artistas que não estão mais entre nós fisicamente, mas o seu trabalho está na gente. Como Ronald Bergman, como Walter Bandeira. Como muitos outros, que ele joga luz", afirmou o ator Cláudio Barros.
O !PULSA! segue até o dia 17 de novembro, com uma programação abrangente de espetáculos, workshops e debates. Para mais informações e ingressos (gratuitos) aos espetáculos, acesse pulsa.art.br.
Serviço
A realização é da Olhares Instituto Cultural e Outra Margem, com patrocínio do Instituto Cultural Vale e Ministério da Cultura, via Lei Federal de Incentivo à Cultura. Parceria institucional: Fundação Cultural de Belém, Prefeitura Municipal de Belém, Fundação Cultural do Estado do Pará, Secretaria de Estado de Cultura e Governo do Pará. Apoio Cultural: IBT - Instituto Brasileiro de Teatro.
SAIBA MAIS:
Site: https://pulsa.art.br/
Instagram: https://www.instagram.com/pulsamovimento/
Folder: https://pulsa.art.br/wp-content/uploads/2024/10/PULSA-GUIA-A3-grade-de-programacao_compressed.pdf
Ingressos: https://pulsa.art.br/edicao-3/ingressos/
(Holofote Virtual com reportagem de Railídia Carvalho)
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