19.4.10

Saber da Fonte discute a Linguagem e identidade afro-indígena na Amazônia

A produção de novas práticas culturais a partir da mescla de diferentes elementos da cultura indígena e africana na Amazônia é o foco da palestra “No Rastro/ Resíduo da História: Linguagens e Identidades Afro-indígenas no coração da Amazônia” , nesta terça-feira, 20, a partir das 18h30, no Instituto de Artes do Pará.

Texto: Luciana Kellen

A palestra faz parte do Projeto “Saber da Fonte” que todas as terças-feiras do mês de abril apresentam pesquisas acadêmicas desenvolvidas a partir do universo cultural da Amazônia e suas mais diversas manifestações.

O tema de hoje é um resumo dos projetos de mestrado e doutorado do Professor Doutor em História Social pela PUC-SP, Agenor Sarraf, que documentou registros da presença indígena, africana e mestiça e suas trocas culturais, captados nos campos e florestas do arquipélago do Marajó.

O professor Sarraf investigou trajetórias de vida de antigos moradores do município de Melgaço e cidades fronteiras, especialmente Breves e Portel, entre os anos de 1927 e 1998.

Posteriormente desenvolveu sua tese de doutorado buscando entender como os povos da floresta enfrentaram os conflitos sociais, sob as orientações dos padres espanhóis agostinianos que se instalaram na ilha de Soure, a partir de 1928.

“Este trabalho fala de viagens, rotas e raízes de populações de tradições orais marajoaras, detentoras de ‘saberes locais’. Um mergulho realizado sobre a experiência de marajoaras em Melgaço, especialmente em suas expressões religiosas, modo de ser e lutar por suas tradições”, afirma Sarraf.

Segundo o professor, as pesquisas permitiram reunir material que ajudam a compreender as relações e tensões compartilhadas pelas populações marajoaras, desde o período colonial.

“Inicialmente é preciso entender o caráter dinâmico, movente e criacional das culturas populares. Nenhuma cultura, seja ela qual for, consegue permanecer igual ao seu nascimento ou a sua dita primeira invenção. As modificações são processos que expressam a historicidade das práticas culturais”, explica.

O professor espera que o público presente na palestra possa refletir sobre a influência cultural afro-indígena na Amazônia, principalmente a partir da lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana na Educação do Ensino Fundamental e Médio.

“A perspectiva desta apresentação é abrir discussões com professores, alunos e público interessado pela temática, para que possam valorizar em seus campos de atuação, experiências de vida de grupos de tradições orais africanas, indígenas e mestiças que se esparramaram, interagiram e conformaram marcas das identidades materiais e sensíveis amazônicas”, finaliza.

Pássaros Juninos - Na próxima semana, dia 27, o projeto vai abordar a riqueza cultural dos Pássaros Juninos. Três trabalhos serão apresentados:

Na foto de Hélio Neto, ao lado, o Pássaro Tucano

“A Função Dramática do Figurino nos Pássaros Juninos”, de Margarete Refkalefsky, Drª em Artes Dramáticas e diretora do Teatro Cláudio Barradas da Escola de Teatro da UFPA (ETEDUFPa);

“Cordões de Pássaros Juninos: a Função da Música no Espetáculo”, de Rosa Maria Mota da Silva, mestre em Musicologia e prof. da Escola de Música da UFPA;

“Os Grupos de Pássaros Juninos como uma Escola de Formação de Brincantes”, de Olinda Charone, Drª em Artes Cênicas e prof. da ETEDUFPa.

Serviço
Projeto “ Saber da Fonte”. Todas as terças-feiras do mês de abril, 18h30, com entrada franca, no auditório do Instituto de Artes do Pará (Nazaré, ao lado da Basílica).

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