O cinema como ferramenta para se questionar a urbanidade e as condições habitacionais da população. Assim podemos definir o trabalho desenvolvido pelo cineasta Sérgio Péo, que está em Belém participando do II Festival Pan Amazônico de Cinema que se estende até o dia 14.
Sérgio terá uma parte de sua produção cinematográfica apresentada em uma mostra organizada pela Fundação Curro Velho, através do Cine Clube Pedro Veriano, e ABD. Os filmes estão sendo exibidos desde o dia 05 e ficam em cartaz até dia 10, no auditório do IAP, na Casa da Linguegam e no Cine Líbero Luxardo.
“Pra mim está sendo super emocionante a realização desta Mostra que tem um caráter de volta pra minha terra. Uma vez que fiquei aqui até os meus 13 anos de idade. A última vez que voltei foi há 17 anos,” lembra Sérgio.
Sérgio Péo nasceu em Belém, em 1947 e estudou arquitetura no Rio de Janeiro, na UFRJ, o que influenciou sua carreira no cinema que sempre levam o espectador a uma reflexão sobre as mudanças de urbanização das cidades, como o realizado na favela da Rocinha, onde passeia pela favela e faz um comparativo das ruelas filmando nos anos de 76 e 96.
Com o “Associação dos Moradores do Guararapes”, comunidade que adquiriu na justiça a posse do terreno, Sérgio conquistou o prêmio de melhor curta metragem no Festival de Gramado, em 1979.
“Meus filmes sempre estão no entorno de questões sociais, mais ligados à questão da habitação e do urbanismo fazendo um caminho por um veio poético que identifico como vindo das minhas origens aqui em Belém”, confessa.
Na Casa da Linguagem, um dos locais da exibição dos filmes do cineasta, Sérgio estará presente e irá conversar sobre a importância político-social do cinema brasileiro nos anos 70, tema que irá desenvolver no Fórum Doc BH que se realizará em 17 de novembro próximo.
O evento tem ainda um valor pessoal porque foi lá que o menino Sérgio estudou, quando o prédio abrigava o Colégio Floriano Peixoto. “Nunca mais entrei lá, e agora voltar pra falar de meus filmes é muito emocionante”, completa.
Para a crítica, a linguagem de seus filmes registra e documenta a memória de um determinado tempo, levando o expectador à reflexão e análise, recriando e reformatando uma nova visão crítica.
De sua produção a ser exibida em Belém, destaca-se também “Marajó, o Movimento das águas”, iniciado em 1991 e terminado só agora em 2010. Uma homenagem à pesquisadora do folclore marajoara, Lindalva Caetano.
Trajetória - Além de cineasta, Sérgio é também artista plástico. Embora resida no Rio de Janeiro desde 1962, seus filmes mostram a essência da importância da memória da terra, sentimento natural característico dos povos pan-amazônicos.
Em parceria com outros cineastas de relevo desenvolveu e apresentou políticas que incentivaram não só a produção e distribuição do cinema brasileiro assim como a formação de um público expectador de opinião.
Na década de 70 contribuiu também com o ideário responsável pela fundação da Corcina (Cooperativa dos Realizadores Cinematográficos Autônomos), primeira cooperativa que objetivava promover e apoiar realizações de produções nacionais independentes a partir dos curtas-metragens.
A Corcina chegou a reunir 46 realizadores/produtores/autores. Prosseguindo com a política de apoio ao cinema nacional foi diretor da ABD/RJ (Associação Brasileira de Documentarista).
Ao longo deste curso percorrido, Sérgio Péo teve parte de sua obra premiada em vários festivais de relevo nacionais e internacionais.
Serviço
Você pode ver a Mostra Sérgio Peó, no dia 7, às 16h, no Cine Líbero Luxardo - no Centur; no dia 09, a partir das 18h30, na Casa da Linguagem - Av. Nazaré, esquina com Assis de Vasconcelos e no dia 10, às 17h30, mais uma vez no IAP. A programação faz parte do Amazonia Doc.2.
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