Estreou nesta sexta-feira, 05, e ficará em cartaz, no Theatro da Paz, até este domingo, 07, o espetáculo “Fundo Reyno’, do dramaturgo e compositor Walter Freitas, temporada conquistada através do Edital de Pautas da Secretaria de Cultura do Estado do Pará.
É um feito raro uma vez que, historicamente, o Theatro da Paz tem se mantido fechado ás produções locais, sendo espaço aberto apenas aos grandes festivais de dança, ópera e concertos eruditos. O preço do ingresso está acessível: R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia).
Fundo Reyno enfoca a relação do homem amazônico com a água, utilizando não só as artes cênicas como também literatura e música em uma encenação que foge ao óbvio, saltando deste espetáculo, o texto escrito em versos, a cenografia e o figurino, além da música inesperada tocada pelos três foliões que acompanham toda a saga das Pajés Sacas, que no fundo do rio, lutam pelo amor de um homem e pelo poder da aljava, a chave tão cobiçada do Reyno.
Estreando em março deste ano, com dramaturgia, direção e composição musical do próprio Walter Freitas, Fundo Reyno recebeu, em 2008, o Prêmio Funarte Myriam Muniz. A temporada de estreia foi no Teatro Waldemar Henrique, por duas semanas a preços populares e com cessão de convites a comunidades de escolas e projetos sociais.
No mês de junho ainda foram feitas duas apresentações no Galpão da Fundação Curro Velho e, mais recentemente, foi apresentado no Teatro Universitário Cláudio Barradas, na Aldeia Mostra SESC Círio de Artes 2010.
Nesta nova oportunidade, a montagem foi adaptada ao palco italiano (originalmente arena), para contar a história de um quadrilátero amoroso envolvendo duas pajés-sacacas que disputam a posse da chave que lhes abre todo o poder mágico do fundo das águas amazônicas.
No elenco central, quatro atrizes, entre elas, Andrea Rocha que vive Antero, aquele que originalmente guarda a chave do Reyno. Para fazer o papel, Andrea precisou aprender o Nheengatu, língua antiga com a qual Antéro por diversas vezes se comunica.
Ao longo do processo, Andrea diz que teve algumas dificuldades para a construção de Antéro. “Foi meu primeiro personagem, um ser que você cria através dos atos do personagem escrito no texto, e você vai descobrindo seu caráter, os trejeitos”, diz ela que antes disso só havia tido contato com a encenação quando fez parte do Grupo “Tecnart”, da escola técnica, com o professor Cláudio Barradas. “Depois fiz um espetáculo infantil, totalmente amador e voltei às cênicas como produtora, até o Walter me chamar para esse processo”.
Walter Freitas é mais conhecido por seu trabalho musical, autoral, mas já foi várias vezes premiado em teatro, inclusive com o Prêmio Waldemar Henrique de Dramaturgia, pela ópera "Hánêreá - Lendas Amazônicas", com a publicação de seu texto infanto-juvenil "FIAU BABAU", com o Prêmio IAP de Literatura pela ópera DeZmemórias", sobre os dez anos de morte do seringueiro Chico Mendes, além de ter seu minitexto "A Cuia Mágica" encenado e lançado em edição bilíngue em Paris, por um grupo de teatro francês.
Na dramaturgia, começou compondo e escrevendo letras, ainda criança. No teatro, iniciou pelas mãos do Ramon Stergmann, como contra-regra, depois foi ator do Grupo Maromba, fundado por ele. Em 2004, Walter foi premiado com uma bolsa do Instituto de Artes do Pará que resultou na montagem “Tambor de Água”.
Vale à pena ver Fundo Reyno, temporada só até este domingo, sempre às 20h, no Theatro da Paz. Ingressos na bilheteria por R$ 10 e R$ 5.
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