Criado pelo Coletivo MIASOMBRA, o espetáculo, realizado com patrocínio do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz (2009), em parceria com o Estúdio REATOR, reestreia este ano, com temporada de quinta, 22, a domingo, 25, às 21h, no Centro Cultural SESC Boulevard.
Em 2011, quando o espetáculo estreou, a equipe do Miasombra, vinha de uma maratona de estudos e experimentações. Pesquisa de materiais, laboratórios, criação de uma dramaturgia para teatro de sombras, o que nenhum dos envolvidos dominava, mas que à serviço da arte, chegaram a resultados próprios, com bonecos de formato tridimensional, sombras coloridas, enfim uma nova forma de construir um teatro de animação.
A partir daquele momento, foi inaugurada a trajetória do coletivo, que segue sua pesquisa em busca de silhuetas que se projetem para além da sombra chinesa, o método mais conhecido neste tipo de dramaturgia. No início deste mês, a técnica do coletivo foi repassada à turma que se inscreveu na oficina ministrada, no Sesc Boulevard. O Miasombra mostrou aos participantes uma carpintaria toda própria, em cima do processo de construção da livre adaptação para a obra de Miguel de Cervantes.
À Sombra de Dom Quixote é uma fabulação contemporânea análoga à realidade fantástica de certos Quixotes, cavaleiros de tristes figuras que encontramos em nossos caminhos.
Novidades - O espetáculo retorna ao público, repaginado. Os bonecos e cenários receberam novos tratamentos, a partir do trabalho da artista visual e educadora Aline Chaves, responsável pela revisão e manutenção dos bonecos que foram criados, originalmente, pelo artista Maurício Franco.
“Tivemos um cuidado muito grande, na verdade, para não perder a estética original dos elementos de manipulação, preservando a pesquisa de materiais e estilo desses bonecos, que são tridimensionais. A Aline faz a manutenção, sem perder a visualizada anterior das sombras, mas introduzindo materiais outros em prol da durabilidade dos bonecos.
Eles estão mais encorpados para a cena, pensando também que eles, após a apresentação, ficam em exposição para o público, no palco da apresentação”, diz Milton Aires, ator manipulador e coordenador de produção do espetáculo.
A equipe de manipuladores ganhou um novo elemento, o ator goiano Patrick Mendes, que está radicado em Belém. Ele foi convidado para a manipulação, substituindo o ator Lucas Alberto da Cunha, que não está mais morando em Belém. A trilha sonora, criada por Leo Bitar, agora tem no comando o de Thiago Ferradaes, iluminador que, por sua vez, divide a manipulação da luz, com os atores. A dinâmica de apresentação também sofreu metamorfose.
“Estávamos trabalhando em determinado espaço delimitado pelo o que era o Estúdio Reator. Agora, estamos vislumbrando dimensões mais abertas, no Sesc. Estamos felizes em retornar com o espetáculo, estamos movidos por uma saudade e uma vontade que nos faz reviver tudo que já passo e nos impulsiona para este novo momento. Estamos encarando tudo isso como um segundo estágio”, diz David Matos, que assina a dramaturgia e direção.
Constituído de imagens fragmentadas, o espetáculo não reproduz a narrativa original do romance, mas encontros de personagens poéticos com Dom Quixote num cenário ilusório, onde referências de um lugar Belém/La Mancha estão latentes.
Encenação - Costurada por cartas escritas para um Sr. Quixote, os os atores compartilham histórias de pessoas que se misturam com imagens reais e imaginárias. Além de bonecos coloridos e tridimensionais, os atores manipuladores utilizam chapas de raio X.
“Descobrimos que ela nos revela o âmago do nosso Dom Quixote, esse lado interior de todos nós, impulsionado por um gigante que vai comendo, tragando a tudo e nos alimentando de tantas informações. A chapa de raio X é o elemento que vem pra dizer onde é este universo. O gigante é o teatro que a todos come, engole e depois vomita. Ficamos diferentes depois disso, que é como as pessoas vão ficar depois do espetáculo”, define David.
“Este é um espetáculo cheio de informações e formação. Dedicamos muito tempo estudando fontes de luz, material para a confecção dos bonecos e a dramaturgia para sombra. Esses são nossos focos principais de trabalho, não nos interessa apenas o resultado, mas pesquisar de que forma esta sombra vai acontecer”, explica Milton Aires.
A ideia, com a nova montagem, é fazer com que o espetáculo circule mais pelo Pará e também pelo país. O grupo pretende levá-lo a um público mais amplo. No segundo semestre, já há nova agenda, no Teatro Cuíra, por ter sido selecionado pelo Projeto de Ocupação “Pauta Mínima – 2ª Edição” do Grupo Cuíra do Pará.
COLETIVO MIASOMBRA
- David Matos: Dramaturgismo e Direção
- Maurício Franco: Direção de Arte
- Aline Chaves: Revisão e Manutenção de Bonecos
- Leo Bitar: Desenho de Som
- Thiago Ferradaes: Iluminação e Operação Técnica
- Cláudia Silveira: Costureira
- Luciana Medeiros: Assessoria de Imprensa, Registros: vídeo e fotografia
- Nando Lima: Consultoria Artística de Design Gráfico
- Patrick Mendes: Revisão de Arte Gráfica
- Produtores Criativos: Apoio de Produção
- Milton Aires: Coordenação de Produção
- Atores manipuladores: Márcia Lima, Milton Aires, Patrick Mendes e Lucas Alberto (off).
- Laboratórios: Aníbal Pacha – Teatro de formas animadas em sombras; David Matos – Dramaturgia da imagem no teatro de sombras e Iara Souza – Dramaturgia da luz para o teatro de sombras.
Serviço
À sombra de Dom Quixote. De quinta, 22 de maio, a domingo, 25, às 21h, no Centro Cultural Sesc Boulevard. Entrada franca. Agradecimentos: In Bust Teatro com Bonecos – Desabusados Cia. – Andrea Rocha – Andreia Rezende – André Mardock – Cristina Costa – Marcelo Rodrigues – Ester Sá – Manuel Santos – Telma Lima. Parceria: A Trama | Estúdio Reator | Casarão do Boneco | In Bust – Teatro com Bonecos, Holofote Virtual. Mais informações: 91 8134.7719 e 3088.5858.
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