A iniciativa integra o calendário de atividades do Instituto para o Arrastão do Pavulagem 2014 - cortejo que reverencia os santos da quadra junina e a cultura popular brasileira há quase três décadas. Nesta terça-feira, 27, a partir das 18h30, na sede do Instituto, no bairro da Campina. A entrada é franca.
Heranças de um tempo antigo, os festejos e folguedos em louvor ao divino estão imersos na história dos povos. Sagrados e profanos, eles ganham novos contornos com o avanço dos séculos e incorporam elementos que revigoram sua existência.
"Na Antiguidade, faziam-se ritos que inspiraram as folias ou estão na sua origem. Elas são manifestações culturais que têm raízes históricas tão antigas quanto às primeiras comunidades humanas", comenta o sociólogo Emanuel Matos, um dos convidados do seminário.
Emanuel Matos abordará as relações entre sagrado e profano, a partirde uma perspectiva apolínea e dionisíaca. Ao evocar as divindades da mitologia grega, com Apolo, o deus da juventude e da luz; e Dinonísio, deus da loucura, do vinho e do delírio; Matos lembra a dualidade e o sincretismo que marcam os traços culturais dos povos em qualquer tempo.
"Trabalho, festas, sagrado, embriagues, viagens espirituais e psíquicas sempre existiam. Nas folias, eles estão em perfeita sintonia. Nos rituais oficiais, eles estão lá firmes e fortes. Existem em cerimônias sacras. Há a presença do Eros [Deus do Amor]. Do vinho. Do prazer, do gozo espiritual", compara.
"Essa ideia de compartilhamento é o que a gente acredita para o cidadão do futuro, a junção desses elementos pode ser de grande valia para uma formação mais integral", afirma o Ronaldo Silva, presidente do Instituto Arraial do Pavulagem.
Este ano, o Oralidades também leva para a roda de conversas o historiador Aldrin Figueiredo, que fará um panorama das folias na região amazônica, com destaque para a Marujada de Bragança, o Marambiré e a Pastorinha de Alenquer. Ademar Leão Feio, membro e fundador da Irmandade dos Devotos do Glorioso São Sebastião, de Cachoeira do Arari, representa a tradição das festividades de santo do interior do Pará.
A mediação será feita pelo músico de Junior Soares, um dos fundadores do Arraial do Pavulagem, devoto de São Benedito e que traz as referências da marujada bragantina para o debate. Com as vivências múltiplas dos participantes, ao seminário promete ser um
terreno fértil para o diálogo tão diverso quanto às folias que percorrem o
norte brasileiro.
"O interessante é ter acesso ao olhar de cada um e como
essa realidade é pensada, processada para esse momento de troca. Como que cada
um deles vai buscar dentro do universo que eles dominam os pontos de encontro.
O Oralidades é muito necessário para abastecer os brincantes de conteúdos para
construção dos cortejos e a cada vez mais a gente vai aprofundando esse
conceito", avalia Ronaldo.
Serviço
Serviço
Projeto Oralidades apresenta seminário "Folias do Norte". Dia 27 de maio,
às 18h30, na sede do Instituto Arraial do Pavulagem (Rua Boulevard Castilhos
França, 738, em frente à Praça dos Estivadores. Bairro da Campina). Entrada
Franca.
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