"Navegante da Luz",
de Marisa Mokarzel, foi desenvolvido a partir da Bolsa Funarte de Estímulo à
Produção em Artes Visuais 2013. Além das histórias, o livro apresenta ainda inúmeras fotografias do inicio da trajetória do fotografo e imagens raras, pouco publicadas e manuscritos do artista.
“A família de Miguel Chikaoka chegou do Japão no início do
século passado. Trouxe junto com ela o rigor, a disciplina e o sentimento
religioso, qualidades que adquiriram novo sentido, mas foram assimiladas,
herdadas e transformadas no decorrer da vida do fotógrafo.
Das lembranças de
infância e adolescência, Miguel traz consigo as sessões de cinema vividas no
cotidiano da comunidade, no barracão, onde toda a família se reunia, e junto
aos compatriotas assistiam o drama e a saga dos samurais. Foram esses os seus
primeiros heróis, apresentados em um projetor de 16mm”.
O trecho é parte da pesquisa da crítica de arte e curadora
Marisa Mokarzel, presente no livro “Navegante da Luz: Miguel Chikaoka e o
navegar de uma produção experimental”, sobre o percurso de vida e das produções
artísticas do fotógrafo, disponibilizado gratuitamente, aqui.
A autora faz a comparação com a atividade marítima no título, de desbravar
mares, não por acaso: Miguel tem uma história de descobertas. Abandonou um
doutorado em engenharia depois de seu envolvimento certeiro com a fotografia;
depois, saiu de São Paulo, seu estado natal, para a Amazônia paraense, fixando
residência em Belém em 1980.
O entrelaçar dessas escolhas e da vida que se seguiu após
esses fatos são descritos de forma poética pela autora, que relembra também as
próprias memórias de além-mar – já que sua família tem origem libanesa. Em uma
narrativa leve, mesmo com referências acadêmicas, Marisa apresenta o
desconhecido, o pouco falado. A pesquisa durou meses até que a autora
conseguisse reunir os dados que procurava. Um exemplo é a referência para
Miguel do filme “Dodeskaden” (O Caminho da Vida), de Akira Kurosawa, lançado em
1970 no Brasil, visto por ele no projetor, citado anteriormente.
“Chikaoka relata que esse foi seu primeiro momento de
questionamento em relação ao ponto de vista heróico, que não dava lugar a
outras representações do povo do outro lado do continente. Talvez, a partir
daquele instante, as interrogações passaram a ser ininterruptas, dando início
às perguntas sobre qual papel desempenhar (...)”, escreve a autora.
Nesse
momento, Miguel abraça de vez seu novo território e empenha-se em desenvolver
projetos voltados para a reflexão da prática fotográfica. Essa trajetória é
importante para compreender o surgimento de ações como fotovarais, oficinas e a
criação da Fotoativa, em 1984 – cenário germinal para as proposições artísticas
e estéticas de Miguel.
O projeto foi contemplado pelo Ministério da Cultura e pela Fundação
Nacional de Artes (Funarte), no Edital Bolsa Funarte de Estímulo à Produção em
Artes Visuais 2013.
Junto com o lançamento do livro, uma exposição foi montada
com fotografias e instalação de Miguel Chikaoka na Kamara Kó Galeria, e segue
em cartaz até 28 de junho.
Visite também
Exposição “Navegante da Luz” na Kamara Kó Galeria (Trav. Frutuoso Guimarães,
611 – Campina) até 28 de junho , de terça a sexta, das 15 às 19h; sábado das
10h às 17h. Entrada franca. Classificação: Livre.
Confira
O “Livro Navegante da Luz: Miguel Chikaoka e o navegar de uma produção experimental” está disponível na internet, acesse aqui.
O “Livro Navegante da Luz: Miguel Chikaoka e o navegar de uma produção experimental” está disponível na internet, acesse aqui.
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