Fotos: Alexandre Sequeira |
O novo trabalho do artista é inspirado na obra “Peer Gynt”,
do dramaturgo norueguês Henrik Johan Ibsen, considerado um dos criadores
do teatro realista. As apresentações serão nesta quinta-feira, 08, e sábado,
10, às 21h, no Estúdio REATOR.
Entregue à arte da performance, Nando Lima está
experimentando e descobrindo mais sobre si mesmo. Em seu novo trabalho, a
questão central é inspirada em Peer Gynt, de Henrik Ibsen.
“Ser fiel a si mesmo; Porém hoje, onde existe uma necessidade de transbordamento da imagem pessoal, e a sedução é irresistível às novidades dos pop-ups que brotam nas mil telas que nos rodeiam e capturam nossa anima", diz.
“Ser fiel a si mesmo; Porém hoje, onde existe uma necessidade de transbordamento da imagem pessoal, e a sedução é irresistível às novidades dos pop-ups que brotam nas mil telas que nos rodeiam e capturam nossa anima", diz.
"Como atualizar esse princípio num contexto
radicalmente tecnológico? A resposta talvez esteja em aceitar a diversidade e
possibilidades exploratórias dos conteúdos ao qual estamos expostos; e
reenquadrar o antropófago que herdamos. Deglutição ao extremo para alcançar a
singularidade, ou unicidade do sujeito, se é que isso é possível”, continua.
Em abril, o diretor e ator acompanhou a Mostra Internacional
de Teatro de São Paulo, em que viu muitas coisas e possibilidade de se
trabalhar o teatro, percebendo o quanto tudo está aberto às experimentações e
manifestações.
“Vi muitas maneiras da arte do teatro se manifestar, a
pluralidade, a excelência, a intuição comercial e criativa, a maquina
funcionado quase sempre em sintonia com a grande arte que é o TEATRO. Eu não
tenho essa verve, meu caminho é mais inglório, mais modesto e pessoal, minha
comunicação com o mundo ainda é muito truncada, não está perto do sublime. O
REATOR é a minha caverna as avessas...”
Além dessas apresentações, Nando Lima também leva seu “Sweet
Batata” à Virada Cultural de São Paulo, no dia 17 de maio, na Sede Luz do
Faroeste - (http://www.pessoaldofaroeste.com.br).
“Assim que eu voltar, farei nova temporada, no final de maio ainda, e em
junho”, diz Nando Lima, que na entrevista abaixo fala um pouco mais sobre a
arte da performance e seu novo trabalho.
Holofote Virtual: Como você entende hoje a performance?
Nando Lima: A performance não se restringe mais somente ao
ato na hora marcada Ela se instala o tempo inteiro, antes eu morria de medo de
perder o ‘contato com a realidade’, mas agora tudo virou plural, o
"processo" de "criar" é a todo momento, talvez essa seja a
única vantagem de envelhecer: é que eu não tenho mais tempo para separar nada,
a minha conexão é constante, olho para mim em todos os meus atos cotidianos,
mesmo quando durmo sonho, fluxo, flexões, sinapses, tudo junto agora meu tempo
acabou, ‘agora é o tempo da colheita...’ e tudo está no ‘panejamento’ da
cenografia, na edição fragmentada dos vídeos, na escolha afetuosa das músicas,
nas falhas do que era pra ser e não acontece, o que é sublime está sendo
descartado porque o meu dia encontrei no desarranjo. Talvez isso não faça
sentido para quem ler, mais para mim é claríssimo.
Holofote Virtual: "Peer Gynt" foi a tua fonte para compor “Sweet Batata”. Fala um pouco da tua pesquisa...
Nando Lima: Exato. O Peer é um personagem cuja a essência
é "ser fiel a si mesmo”. Esse é meu ponto de partida. Na verdade,
ser fiel ao que pertenço, ao trabalho com manipulação de imagens.
O Peer sofre
as agruras da vida, por escolher o caminho mais difícil, nem o bem, nem o mal,
talvez o único possível, ao se lançar em busca de um sentido para estar vivo.
A
questão é: quem é esse si ? Fechar o foco ou ser permeável? Insistir, rodar a
vida toda atrás do próprio rabo, gastar tempo dinheiro e mandíbulas, mas
continuar com fome. Processos hoje são psicossomáticos, quase um jogo
bio-psico-social, que faço diante da plateia, que é o meu espelho
predileto.
Sou, como toda a gente um almanaque dos anos de leitura, o
Ibsen ainda é quase um desconhecido para mim, mais o sotaque surrealista dele,
é o que me encanta, a realidade paralela, a não copia do real escondida no
cotidiano, nas interfaces, nos hipertextos, nos realinhamentos e decomposições,
o que eu tento é fazer com que a criatura que está presente na sala comigo
tenha acesso a um código de leitura construído no instante em que estamos
cara a cara. Como se quebrássemos os espelhos e misturássemos os pedaços para
recompor um novo espelho, que também será quebrado infinitamente.
Holofote Virtual: Quem é Sweet Batata?
Nando Lima: É um doce, quente, um lugar para onde eu pude
voltar depois que meu amor morreu, eu tinha que ir para algum lugar e vim para
esse ambiente onde posso por consolo na minha dor. É como posso tornar a
vida possível, o lugar da LARGADA , de onde continuo, de onde começo a corrida
sem enxergar onde está a faixa da chegada que romperei no tempo que for disso.
Holofote Virtual: E o Reator, como está de programação para
este ano? E o Nando Lima... Teremos o Barbante, né.. vamos dar uma palhinha
sobre isso também?
Nando Lima: Podemos fazer outra matéria porque vamos ter o
YELLOWCAKE em Julho e também o projeto do Danilo Bracchi no segundo semestre,
além do Barbante, que dá mais três páginas para a "Teoria Geral da
Performance".
Ficha Técnica
Sweet Batata - Performance de Nando Lima
- Roteiro \ Cenografia \ Iluminação \ vídeo: Nando Lima
- Desenho de Som: Leo Bitar
- Pesquisa de músicas: Nando Lima
- Fotos divulgação: Alexandre Sequeira
- Recepção: Milton Aires
- Produção: Estúdio REATOR
- Citações: Amy Winehouse, Cássia Eller, Alberto Silva Neto , Henrike Ibsen, Vicente Cecim, Edvard Grieg, Carlos Cerana, Meredith Monke, Antonin Artaud, André Labarthe, Second Life.
Serviço
“Sweet Batata”, nesta quinta-feira, 08, e no sábado, 109 de
maio, 21h, no Estúdio REATOR – Trav. 14 de Abril, 1053, próx. A Gov. José
Malcher (lado esquerdo). Mais informações: 91-81128497 e https://www.facebook.com/e.reator?ref=hl
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