18.11.15

A Euterpia, pra celebrar os 10 anos de Se Rasgum!

Desde que foi anunicado o fim em 2009, a banda já voltou a tocar junto em 2012 e 2013. E agora, mais uma vez, em clima de celebração, está nos 10 anos do Festival Se Rasgum. O show é nesta quarta-feira, 18, na Estação das Docas. A programação inicia às 19h.

Formado em 1998, o grupo mudou muito sua configuração até chegar a última formação que, em 2003, foi selecionada no Festival Novos Talentos da Música Brasileira. Promovido pelo Circuito Cultural Banco do Brasil, que vinha selecionando artistas em todo o país, a vencedora gravaria um CD Coletânea especial a ser divulgado nacionalmente. “Nunca saiu, não abemos porque”, dizem os Eutérpicos. Naquele mesmo dia também estavam no teatro as bandas Arcano XIX e Rádio Cipó.

A Euterpia seguiu caminho e quando gravou e lançou o primeiro álbum oficial,  o “Revirando o Sótão”, em 2007, já era super considerada no meio musical de Belém, com elogios do maestro Alcyr Meireles, que fez a direção musical do CD. O disco só veio reforçar o que  todo mundo já sabia. Assim, conquistou fãs e a admiração de muita gente, mas sobretudo o reconhecimento pelo trabalho musical autêntico que faziam.

Revirando o Sótão - Em uma resenha sobre o Revirando o Sótão, Marcelo Damaso, jornalista e um dos produtores do Festival Se Rasgum, disse que “o disco de estréia do quinteto é daqueles que você, ao escutar, olha o encarte, sente a poesia de Novaes na voz de Marisa, os experimentos do guitarrista Tom, o capricho (olha ele de novo) de Márcio e a criatividade do baterista “Canhão” e, por fim, conclui: é um disco para a posteridade”. E depois saiu comentando faixa a faixa do álbum. O texto pode ser acessado na íntegra, no Bongá da Mata.

O show desta noite promete ser divertido, cheio de uma energia que a banda sempre levou pra cena. MPB, Jazz, Experimentalismo. O repertório, inspirado em uma enquete feita pelo Facebook, para saber o que o público gostaria de ouvir, reúne basicamente as canções do CD Revirando o Sótão e algumas do EP Caótico Harmônico. 

Devem rolar, certamente, Absurdo Orelha, Veneza, Revirando o Sótão, Brechó do Brega, Lusco-fusco (uma das mais pedidas na enquete), entre outras. No palco, cuidado estético e boa performance, que nunca faltaram em uma apresentação do grupo. 

Pergunto a Marisa Brito (voz), Tom Salazar (guitarra e badolim), Antonio Novaes (violão e voz), Márcio "Pato" Melo (baixo) e Carlos "Canhão"Brito (bateria e percussão), se eles pensaram em algo especial e eles me dizem que pensar, pensaram, "mas que não deu tempo de realizar direito as coisas, pois o tempo de Festival é diferente, e com apenas dois ensaios, não daria pra fazer o que a gente pensou do jeito que a gente gosta de fazer”. 

Antonio Novaes chegou a Belém, no sábado, 14, mas a vocalista do grupo só chegou na segunda, pela manhã.  Foi só o tempo de tomar um açaí pra matar a saudade, descansar um pouco e partir para o ensaio no Fábrika Stúdio, do músico Jayme Katarro, um dos fundadores da Deliquentes, banda contemporânea d’A Euterpia, e que também está na programação do festival.

Haverá a participação de Washington “Cesak” Souza (sax), que já integrou a banda e tocará as músicas “Brechó do Brega”e “Tô que Tô”, e do convidado especial Alexandre Pinheiro (sax e flauta), “grande músico, com quem a gente te a honra de dividir o palco, e ficamos gratos por ele aceitar o convite”, diz Canhão.

Do começo, pro fim e de volta ao futuro

Eles dizem que não estão discutindo nenhuma volta oficial, mas que têm falado em gravar um segundo disco e (quem sabe) um DVD, além de estarem surgindo possibilidades de shows em São Paulo. Tudo é possível. Música pra fazer tudo isso não faltaria. Buscando na memória, contabilizam umas 70 músicas prontas pra serem devoradas e copartilhadas com o público.

“Acho essa ideia que tá brotando, de gravar um novo disco, muito bacana, mas estamos numa “vibe” tranquila, sem a obrigação exata de gravar, sem ansiedades ou os medos do inicio”, diz Novaes. “A banda está madura e intensa como sempre, mas o que prometemos pra hoje é fazer um show Alto astral, como o público pediu”, concorda Marisa.

“A gente tem muitas músicas engavetadas”, diz Márcio “Pato” em meio a uma profusão de ideias que invadiram a sala da entrevista naquele momento. Eram datas, situações e boas lembranças da banda ao longo de sua existência. Muita história e sempre esta vontade de tocar.

“Eu chamo isso de reencontro. As pessoas criam expectativas quando agente se reúne pra tocar, mas sempre que há oportunidade de tocar, a gente dá um jeito. Não tem mais aquela ânsia de voltar, fazer shows, como existia antes”, diz Tom Salazar. "A Euterpia nunca acabou, só vive um momento diferente daquele que já teve", é  no que acreditam.  

Trajetórias - Depois de “Revirando o Sótão”, A Euterpia ainda fez vários shows, repercutiu na imprensa, mas era difícil levar a banda do jeito que queriam no cenário de Belém do Pará. Em 2008, Marisa Brito, Antonio Novaes, Márcio “Pato”, Tom Salazar e Carlos “Canhão” Brito apostaram juntos e a banda mudou-se pra São Paulo.

As coisas não rolaram tão rapidamente e um ano depois, dois integrantes voltaram pra Belém. Tom Salazar e Pato. Canhão ainda morou por lá até 2014. Marisa e Antonio Novaes ficaram. 
Paulista, quando a banda saiu de cena, Marisa se dedicou ao canto e hoje é preparadora vocal. Ela também está ministrando uma oficina de canto no festival e diz que embora no momento, não esteja com nenhum projeto musical especifico, pretende voltar à cena. 

“Sei que dei uma pausa grande, mas quero retomar, sinto que chegou o momento de voltar”, diz ela que também é preparadora vocal junto a grupos de teatro e realiza outros trabalhos, sempre envolvidos com a arte, uma característica, aliás, da própria banda.

Antonio Novaes, desde que a banda se dissolveu, já morou fora do país, iniciou um trabalho solo, de volta em São Paulo, mas sem perder os laços com Belém, onde sempre vem se apresentar, retomar parcerias e criar novas situações.

Todos, mesmo fora d`A Euterpia, continuam ligados à arte ou à música de alguma maneira, com exceção de Pato, que tem poucas ligações profissionais na área musical. “Tocar mesmo, só com A Euterpia e desta foram também”, diz o baixista d`A Euterpia.

“A questão geográfica dificulta pra gente continuar como já foi um dia, o momento é outro”, concorda Tom. “Mas ainda nos lembramos de tudo e sabemos que podemos voltar a tocar. O trabalho está aí e o trabalho d`A Euterpia tá impregnado na gente, é muito orgânico. Tocamos a primeira vez meio assim... pra tirar a ferrugem, e na segunda passada já vem bem legal”, brinca Canhão.

O baterista e percussionista ficou em São Paulo até 2014. Hoje atua em bandas locais e retomou o projeto com o músico e pesquisador Albery Albuquerque, junto com Tom Salazar, o guitarrista, tem, que além de ter se tornado Mestre em Violão Clássico, formado em violão clássico pelo Conservatório Carlos Gomes e no Bacharelado em Música pela UEPA, também leva um trabalho desenvolvido em parceria com Daiane Gasparetto, “O Não Lugar”.

Noites de emoções até o sábado clarear

O 10º Festival SeRasgum iniciou sua jornada este ano com pockets shows espalhados pela cidade no finalzinho de outubro. Nesta segunda-feira, 16, deu inicio a Semana de Profissionalização da Música e abriu, ontem, a programação oficial de shows no Teatro Magarida Schivasappa com shows de Natália Matos, Liege e Os Mulheres Negras. Nesta quarta-feira, na Estação das Docas, o palco do Se Rasgum abre às 19h, com apresentações do DJ Dago Donato (SP), segue com show do grupo Carimbó Pirata (PA), às 20h, e entra em cena A Euterpia (PA/SP), às 21h, e encerra tudo com o show da Bixiga 70 (SP).

E ainda tem muita música ainda, de quinta, 19, a sábado, 21, no Hangar Centro de Convenções, com muitos outros momentos de reencontros pela frente. A banda Eletrola, por exemplo, é o revival da quinta-feira, 19. Ela faz parte de uma geração de bandas que surgiram no início dos anos 2000, em Belém. 

Com influências da música originalmente brasileira (particularmente o samba), mas também do hip hop, afrobeat, jazz, R&B, o show da cantora Céu será na sexta-feira, 20. Já no sábado, 21, te prepara coração. Entre outras atrações superbacanas, o último dia desta décima edição, conta com show de Moraes Moreira & Davi Moraes (BA), prometendo sets incríveis e muita adrenalina. É bom se poupar ou se recuperar bem da sexta, o show é imperdível.

Para sacar a programação do festival na íntegra, dá uma navegada pelo site do projeto: http://www.festival.serasgum.com.br/

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