17.11.15

Jornal "A Verdade Nua e Crua" é lançado em Belém

Surge um novo jornal na região norte do país. Inspirado em publicação que já circular no sul do país, em Porto Alegre, o jornal  “A Verdade Nua e Crua” será lançado em Belém nesta terça-feira, às 19h, no Casarão da Associação Foatoativa, na Praça das Mercês, no bairro da Campina. Abordando temas sobre a vida na rua, dependência química, família, esportes, utilidades públicas e também poesia, relatos, humor e outros assuntos, a ideia principal é combater a invisibilidade social.

Produção independente, o "Verdade Nua e Crua" é inspirado no jornal Boca de Rua, que surgiu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, há 16 anos, para dar visibilidade àqueles que são ora esquecidos, ora silenciados pela sociedade. A ideia foi lançada por lá ainda em 2001, por um projeto da Ong Alice – Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação – germinou e foi capaz de unir dezenas de pessoas em situação de rua em um objetivo comum: afirmar sua existência e pontos de vista quebrando o silêncio que os relegava à invisibilidade.

Em Belém, o jornal é uma iniciativa de dependentes químicos em fase de recuperação e vários colaborares, para mostrar que nem todas as pessoas que moram na rua são alcoólatras, toxicômanos, marginais, prostitutas. “Sabemos que na rua existem também vários artistas com variados e grandes talentos, pessoas que mesmo em situação de rua ainda mantém sua dignidade e criatividade”, dizem Antônio Carlos Miranda Ramos, Carlos Augusto, Carlos Henrique Barbosa, Eduardo Castro de Souza e Hilda Cristina, da organização do evento.

O objetivo é aproximar e integrar essas pessoas, em situação de rua, à sociedade e fazer valer os seus direitos como cidadãos. No lançamento serão realizadas várias ações, como a marcação da logo do jornal com o stencil (matriz de madeira ou outro material utilizado para reprodução de um desenho) para marcar blusa, bolsa, shorts... Leve o seu. 

Também haverá participações especiais, foto-varal, que terá por tema "pessoas em situação de rua", e qualquer pessoa pode participar, desde que leve de uma a cinco fotografias em tamanho 15x21, demonstrando alguma 'verdade crua' da rua através das suas imagens.

No sul como aqui no norte, a publicação circulará na cidade, fazendo das ruas sua redação e essência, revelando a perspectiva de quem sobrevive nas ruas. Num primeiro momento o leitor sentirá de imediato o impacto da realidade de quem o produz: uma comunidade historicamente vitimizada, suscetível a todos os tipos de violência e que em sua maioria enfrenta permanentemente a segregação e repressão do Estado através de suas diversas instituições. 

Os 16 anos de Boca de Rua - Porto Alegre
A ideia de lançar uma publicação semelhante aqui foi de Daiane Gasparetto, que tem formação em psicologia pela UFPA e durante 10 anos integrou a Companhia Moderno de Dança. Atualmente ela vem realizando projetos com suas composições e parcerias no projeto Não Lugar, ao lado do músico Tom Salazar e é colaboradora do projeto. Foi ela quem trouxe o jornal lá do Rio Grande do Sul e mostrou aqui em Belém.

“Este jornal nos chamou a atenção porque abriu espaço para as pessoas que não tinham oportunidades de falar. Inicialmente somos nós, usuários da Unidade de Acolhimento (UA), que resolvemos fazer este jornal para falar de tudo um pouco, pois quando chegamos a esta casa de recuperação, não tínhamos perspectiva alguma de vida ou de ter novamente contato com nossos familiares. Agora com essa ideia, podemos dizer que juntos somos capazes de mudar a nossa história”, finalizam os organizadores.

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