11.11.15

“O Menino que Mordeu Picasso” já está em Belém

Fotos: Juliana Baccchin
De título instigante, livremente inspirado no livro homônimo de Antony Penrose que, de fato, mordeu Picasso e dele recebeu de volta outra mordida, o espetáculo chega a Belém para apresentações em escolas, de hoje a sexta-feira, 13, e duas sessões imperdíveis no Sesc Boulevard,  dias 14 e 15 de novembro, às 11h (R$ 10,00 e R$ 5,00).

Escrita e dirigida por Marcelo Romagnoli, a peça traz a Belém o ator Fábio Espósito, ator com grande influência clownesca, com passagem pelo Cirque Du Soleil e com 20 anos de carreira. Ele, que encarna o artista, já arrebatou duas premiações para o espetáculo, na categoria Melhor Ator, o Prêmio APCA - Associação Paulista dos Críticos de Arte - e o Prêmio Femsa de Teatro. Além dele, o elenco conta Rodrigo Pavon, que veio do grupo paulistano Club Noir, e interpreta o garoto curioso que aborda Picasso.

“O Menino que Mordeu Picasso” narra o encontro de Pablo Picasso com uma criança que frequenta seu atelier e acompanha o jeito de pintar de um dos artistas mais expressivos da história moderna. A relação dos dois é o pano de fundo da trama, que fala sobre grandeza e a pureza de ser criança. Em alguns momentos o menino é o próprio artista quando jovem.

“Picasso foi um gênio, de personalidade forte e sensível. O recorte que o espetáculo traz mostra esse homem já maduro, repensando a vida, sem medo nem culpa, que ao mesmo tempo em que se dispõe a conviver com sua criança interior faz uma profunda auto-análise da própria obra. 

Neste clima de diversão, a peça apresenta o pintor despido da fama e o mostra mais humano, próximo e cheio de dilemas. O texto é cheio de referências e dialoga muito bem com crianças e adultos”, diz o ator Fábio Espósito, em entrevista ao Holofote Virtual.

Assim, o público é transportado para o atelier de Picasso em Cannes, na França em 1956, com cenário que reproduz e apresenta diversas obras do artista, num grande jogo de cores, com a porta de entrada em destaque. A cenografia possui reproduções de obras do pintor tanto em pintura, como cerâmica, esculturas e outras feitas com sucata que ele recolhia pelas ruas. As máscaras usadas em cena foram criadas por Maria Cristina Marconi, inspiradas em esculturas de Picasso. 

Os figurinos pintados à mão levam a assinatura de Fábio Namatame. A trilha original brinca com os timbres de desenho animado. Em algumas cenas mistura sonoridades espanholas com composições clássicas da vanguarda da época, como Igor Stravinsky.

Espósito faz questão de destacar ainda mais “detalhes” da montagem. “É brilhante direção e dramaturgia de Marcelo Romagnoli, que soube dimensionar o pintor em toda sua grandeza. 

A trilha composta por Morris Picciotto trabalha além da ambientação, e cria camadas sonoras que espelham a personalidade e o íntimo do pintor. E o trabalho de Rodrigo Pavon em cena é de uma generosidade imensa, sempre aberto ao jogo e sem economia de recursos dramáticos”, diz.

Formado em Direito, Fábio Espósito acabou optando pela carreira artística, despertada aos dez anos quando participou de um espetáculo na escola, mas ele costuma dizer que na verdade tudo isso começou muito antes. “Acho que já nasci interpretando, sabe. Minha mãe nunca soube, mas meu choro era cênico, tudo mentira”, brinca.

"Cirque du Soleil foi uma grande escola", comenta o ator

A incursão na equipe do Cirque du Soleil, 35 anos de idade, para interpretar o Palhaço no espetáculo “Quidam”, foi uma experiência enriquecedora. Morou em Montreal, no Canadá, e em Las Vegas, nos Estados Unidos, até voltar para o Brasil. 

“Foi sensacional, uma grande escola, profissionalismo e competência. E o convívio com artistas do mundo inteiro foi extremamente importante pra minha formação. Gente bacana, mas que não devem nada aos artistas de circo do Brasil. 

O circo brasileiro, os palhaços genuínos do Brasil são grandes, são sensacionais. O palhaço nunca me deixou. O trabalho com o clown sempre me acompanha, não tem jeito. Isso é pro resto da vida”, confessa.

Fazer “O Menino que Mordeu Picasso” tem sido um prazer para o ator. Para ele, o fascinante em Picasso é que ele era antes de tudo “um amante da vida e da liberdade”.  Por esta personalidade e toda riqueza visual da montagem, o espetáculo vem arrebatando plateias, desde que estreou em 2012.

“A peça chega demais nas plateias, tem comunicação. O retorno é muito positivo. A gente sempre abre um debate quando dá, ao final das apresentações. A conversa é muito boa e muita gente, mais do que se espera, sabe de Picasso e sua obra. Isso é muito legal”, comenta Espósito, que já esteve outras vezes na capital paraense.

“Belém é onde eu me sinto bem. Gosto muito do clima, das pessoas, da culinária.  Pena que no Brasil seja tão difícil circular com espetáculos pelas cinco regiões. Esta troca é fundamental pro artista e pra identidade nacional”, finaliza.

Nesta circulação, o espetáculo também já passou por São Paulo, capital e interior, Curitiba e Salvador. Tanto nas apresentações abertas ao público como para as escolas públicas, haverá tradução simultânea para Libras, promovendo a acessibilidade do público portador de necessidades especiais.

FICHA TÉCNICA
Adaptação, texto e direção: Marcelo Romagnoli
Elenco: Fábio Espósito e Rodrigo Pavon - (Luís Deschamps - ator substituto)
Cenário e Luz: Marisa Bentivegna
Figurino: Fábio Namatame
Música composta e trilha original: Dr. Morris
Máscaras: Maria Cristina Marconi
Assistentes de Cenografia e Pintura: Ayelén Gastaldi e Júlia Saldanha
Assistente de figurinos: Juliano Lopes
Operação de Luz: Antonio Bezerra
Operação de Som: Maria Célia Carvalho
Fotos: Julieta Bacchin
Design gráfico: Denise Bacellar
Assessoria de imprensa: Elianna Homobono
Produção local: Davi Fleury
Produção Executiva: Anna Zêpa e Fábio Espósito
Produção: Beijo Produções Artisticas.

SERVIÇO
Local: Centro Cultural Sesc Boulevard
Blvd. Castilhos França, 522 - Campina, Belém - PA
Bilheteria: Valor: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Temporada: 14 e 15 de novembro de 2015
Horário: 11h
Duração: 50 minutos
Faixa etária: Livre para todas as idades.
Tema e Conteúdo: tema livre para todas as idades, conteúdo lúdico e imagético.

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