25.5.17

Gruta lança livro e um novo espetáculo em Belém

O Gruta de Teatro lança, nesta quinta-feira, 25, às 19h, no Teatro Waldemar Henrique, o livro "Ato-Paixão Segundo O Gruta", escrito por Adriano Barroso, que traz a trajetória do grupo. O lançamento chega acompanhado pelo espetáculo "A Casa do Rio", texto de Barroso, premiado pela Funarte, com direção de Henrique da Paz, fundador do grupo, que surge na década de 1970, em Icoaraci. A entrada é franca.

A Casa do Rio conta a história de três mulheres em um momento limite de encantamento. O espetáculo se utiliza de realismo fantástico, revelando sentimentos e as memória delas, que vivem há anos trancada em uma casa sobre o rio e precisarão encontrar suas luzes interiores para se encantar. Em cena, três grandes atrizes, Astrea Lucena, Monalisa da Paz e Waléria Costa, que reforçam um das marcas do grupo, o trabalho de ator. 

O livro “A Paixão segundo o Gruta” vem sendo escrito desde 2011, em paralelo às diversas atuações de Adriano Barroso pela literatura, televisão e cinema. Ator, Dramaturgo, Roteirista, Documentarista, Produtor de Elenco e Diretor de ator, ele traz vasta experiência como escritor de roteiros, dramaturgia de pássaros e outras investigações. Mais recentemente, entre outros trabalhos estão os roteiros de “Antigamente Não existia Dia” ( curta - 2017), “Paradoxos, Paixões e Terra Firme” (longa - 2017), “Ópera Cabocla” (média - 2013), e da série “Os Dinâmicos”,  animação com argumento meu, inspirado na trajetória do grupo “Vieira e Seu Conjunto”. O trabalho está na reta final e em breve estreia nas telinhas.

“O Gruta tem 50 anos na verdade ele é de 67, mas so foi homologado em 69”, diz ele. “A maior dificuldade de escrever o livro foi mesmo achar o tom, não sou um biógrafo, por tanto não poderia ser um livro técnico com metodologias de biografia. 

É um livro para contar história e o processo de trabalho do Gruta, esse foi o grande achado”, explica Adriano que pretende com isso contribuir com a memória da cidade e para que as novas gerações entendam como um grupo combativo e atuante trabalha.

“Há pouquíssima literatura sobre o teatro paraense do fim do seculo XX e a maioria são da academia. 

Quero também dar força para que os artistas possam contar suas histórias e engrandecer o paraense que não nos conhece, portanto não pode reconhecer. O Gruta também é um grupo que sempre se irmanou com outros artistas outros grupos. Há, por tanto, também, um pouquinho da história do Cena Aberta, do Cuíra, do Experiência”, diz o autor.


Entre idas, vindas e importantes produções

O Gruta já encenou grandes textos, alçando vôos ousados, que revolucionaram a cena teatral de Belém. São inesquecíveis “Auto da Cananéia” de Gil Vicente, em 1971; “Cínicas e Cênicas”, de Henrique da Paz e Marton Maués, um marco, em 1987; “Caoscomcadicáfica”, também de Henrique (adaptação de O Processo, de Kafka), em 1989; “A Vida que sempre morre, que se perde em que se perca?”, mais uma vez de Henrique, numa releitura de “Antígone”, de Sófocles; “Odeio Drummond”, de Barroso, em 1997, e na sequência “Hamlet Máquina”, de Heiner Müller, em 1998.

O diretor, Henrique da Paz, tem sua trajetória marcada pelo teatro, iniciada em 1967, na pequena vila de Icoaraci. Eram anos difícieis, talvez parecidos com o nosso tempo atual em que nos vemos retrocedendo um pouco no tempo no cenário político brasileiro. Vale dizer que em essência, o Gruta é um grupo atuante dentro desse contexto. 

“Foram anos difíceis. Ditadura. Censura. Mas nada disso me desanimou e continuei a fazer teatro, participando de todas as produções do grupo. Em 1969 comecei a participar de espetáculos não só em Icoaraci, mas também em Belém, no Grupo Experiência”, conotu Henrique ao Holofote Virtual, em entrevista realizada em 2011, sobre a temporada do espetáculo Aldeotas, um texto de Genro Camilo.

Ao longo de sua história, o grupo fez várias paradas em sua produção. E mais de 40 anos de existência, as dificuldades sempre foram muitas, mas os fundadores, integrantes nunca deixaram de produzir e sempre entre um hiato e outro, trouxe à tona grandes produções para Belém, viajou o país, e fez apresentações memoráveis em vários sentidos e que de certo são passagens que estão no livro de Adriano Barroso.

Outra marca do grupo também é sua etiqueta familiar. Profundidade eu diria. Adriano, que é casado com Monalisa, que são pais de Mariana, que é neta Henrique, que já foi casado com Waléria. Agregam em torno grandes amigos  e talentosos artistas. O que dizer de Astrea Lucena, atriz que tem trajetória tão longa quanto a de Henrique e ao do próprio Gruta, se não aplaudi-la. Inúmeros espetáculos de teatro encenados, textos lidos, e uma incursão pelo cinema e, mais recentemente, na televisão.

Eu tenho a melhor das expectativas, o maior dos desejos de ver agora e novamente o grupo em cena. Que tenham voltado para este e novos textos, reportagens de antigos espetáculos que de certo com releituras atualizadas devem novamente tomar conta de grandes palcos, aqui e outras cidades do país.

A CASA DO RIO
Ficha técnica

Direção: Henrique da Paz
Com: Astrea Lucena, Monalisa da Paz, Waleria Costa
Cenário: Boris Knez e Aldo Paz
Figurino: Jeferson Cecim
Maquiagem: Mariana Paz Barroso
Cabelos: Germana Chalu
Iluminação: Sonia Lopes
Assistente de iluminaçao: John Rente.
Produção: Belle Paiva Tati Brito
Apoio: Tv Norte independente.

Histórias que ajudam a contar o GRUTA

Na minha memória ficaram alguns de seus espetáculos encenados nos ano 1990 e, a seguir, disponibilizo alguns links com entrevistas e reportagens realizadas pelo Holofote Virtual que é bem novinho em relação ao grupo, surgiu em 2008, mas que já pôde registrar alguns momentos de sua produção. Evoé, Gruta, que vocês tragam a luz de sua dramaturgia a esta terra! 

Sobre A Casa e o Rio, leituras dramáticas realizadas na Da Tribu, em 2016! http://holofotevirtual.blogspot.com.br/2016/01/gruta-retorno-cidade-com-leituras.html

Entrevista com Henrique da Paz, sobre uma das retomadas em 2011
http://holofotevirtual.blogspot.com.br/2011/05/grupo-gruta-de-teatro-retorna-sua.html

Reportagem sobre Aldeotas
http://holofotevirtual.blogspot.com.br/2011/05/gruta-estreia-espetaculo-premiado-com.html

Entrevista com Genro Camilo, autor de Aldeotas
http://holofotevirtual.blogspot.com.br/2011/05/entrevista-gero-camilo-e-montagem-de.html

Super entrevista com Henrique da Paz, quando filmou a mini série Miguel Miguel, para Tv Cultura do Pará.
http://holofotevirtual.blogspot.com.br/2009/08/um-homem-de-teatro-desponta-no-cinema.html

Apanhado de textos sobre o Gruta, no Holofote Virtual
http://holofotevirtual.blogspot.com.br/search?q=Gruta

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