14.9.10

Resitencia Marajoara mostra cobras e feiticeiras no cineclube do CCBEU

Ação criadora originária de comunidades periféricas - na contracorrente das instituições e à revelia do silêncio dos fazedores de opinião e de cultura -, o Resistência Marajoara é uma prova de que os fenômenos culturais não sucedem por decreto ou por vontade de indivíduos, ao contrário, resultam da luta entre grupos e nações e se processam de forma dinâmica no interior das sociedades.

Em dois anos, o projeto Resistência Marajoara se tornou uma marca – resultado de oficinas de diversas linguagens das quais nasceram cerca de dez obras audiovisuais realizadas/produzidas de forma coletiva por jovens que nunca haviam pegado numa câmera de filmar no Município de Soure, ilha do Marajó.

Prêmio Funarte (Residência Artística/Interações Estéticas - 2009), o projeto estimula jovens à produção audiovisual com a tecnologia do possível (disponível). Alguns deste filmes poderão ser assistidos no Cine CCBEU, na próxima quinta-feira, 16 de setembro de 2010.

Com jovens se revezando na realização, produção, técnica e mesmo como atores/atrizes, os filmes deste projeto atravessam o universo marajoara, os elementos mágicos, míticos e religiosos, as encenações híbridas, o sagrado e o profano, alguns signos e as suas possibilidades de traduções, as tradições e o tempo presente, enfim, diversos e complexos processos simbólicos de representação comunitária.

“Forjados nas práticas artísticas e sociais que envolvem as comunidades locais, enquanto pilares das atividades inovadoras que possibilitam a melhoria da qualidade de vida das pessoas, estes filmes são parte de uma nova concepção estética que vem sendo construída a partir dos tradicionais símbolos míticos e eróticos da cultura marajoara, nos quais as falas perdem lugar para as atitudes, os pensamentos saem de cena para a entrada dos gestos, os protocolos são superados pelos processos e os resultados idealizados são destruídos pelas dinâmicas sociais”, analisa o coordenador do projeto, o poeta e realizador Francisco Weyl.

Contexto - Com raríssimas condições de infra-estrutura econômica, o Marajó, a maior ilha rodo-fluvial do mundo (49.606 Km2) se caracteriza pela concentração de renda e elevados índices de mortalidade infantil.

O PIB per capita, de apenas R$ 2.119,00, equivalia a 48% do PIB per capita paraense e a 24% do PIB per capita médio do País.

Com uma população de 22.063 habitantes (IBGE-2007), Soure tem 12.369 pessoas abaixo da linha de pobreza. De acordo com o IPEA, 35.670 famílias estão abaixo da linha de pobreza em todo o Marajó (40% do total de famílias). Em Soure, o IDH médio é de 0,720; 0,860 (Idh educacional); 0,750 (Idh longevidade); e 0,560 (Idh renda).

“O Resistência surgiu para atender a uma demanda da sociedade local, expressa a partir da manifestação de pessoas e grupos articulados à produção cultural marajoara e que dizem respeito à necessidade de que sejam organizadas agendas de intervenção artística e social voltadas, especialmente, à comunidade, e, necessariamente, com a participação desta como propositora, provocadora e executora”, finaliza Weyl.

Serviço
Projeção de filmes coletivos do Resistência Marajoara: “A lenda da cobra grande”, “A festa da cobra” e “Quem cortou a língua de feiticeira que os donos do mundo temiam?”. No Cine CCBEU. Dia 16 de setembro, 18H30min. Entrada e conversa franca. Participam: Andrea Scafi, Francisco Weyl, Rosilene Cordeiro, Joana Rita, Isabela do Lago e Paulo Alex.

Fonte: Projeto Resistência Marajoara

2 comentários:

Bela do Lago disse...

Obrigada pela divulgação,
vamos lá!!!!

Rosilene Cordeiro disse...

Grande mobilizadora do cinema paraense. Grrrannnde vc!!!
Merda querida