31.3.16

Tragédia da Cabanagem retratada em "Palhaço!"

Fotos: Manoel Pantoja
No ano em que Belém completa 400 anos, a dança, a arte surrealista e o clown são a inspiração da Encenação coreográfica “Palhaço!” que traz para cena, um dos fatos históricos mais impressionantes no processo de adesão do Pará à independência do Brasil: a tragédia do Brigue Palhaço. A Attuô Cia de Intérpretes Contemporâneos, em parceria com o Grupo Lacor, através do Programa de Arte e Lazer na UFPA, promovem o espetáculo que estreia na próxima quinta-feira, 7 de abril, no Teatro Margarida Schivasappa.

A encenação conta a história de cidadãos, índios, tapuios, caboclos, milicianos, que eufóricos com o grito de liberdade proposto por D. Pedro I, se insurgiram contra a Junta de Governo da Província. Essa, formada em sua maioria por portugueses que até bem pouco tempo, eram completamente avessos à ideia de independência. 

Os revolucionários foram sumariamente presos sem direito à defesa, alguns fuzilados em praça pública e outros conduzidos ao porão do navio Brigue Palhaço (antes chamado de São José dos Diligentes). Na manhã de 22 de outubro de 1823 pereceram 256 homens, sufocados e asfixiados no calabouço flutuante.

O Diretor Kleber DüMerval que também integra o elenco, utilizou o clown como referência para a construção da linguagem do espetáculo, que se apoia na multinarrativa com dança contemporânea, texto, canções originais e que abordam questões políticas atemporais. 

“O importante, também, é abordar com poética artística essa narrativa, e que se tenha conhecimento do ocorrido em 1823; um evento como esse não pode cair no esquecimento”, afirma DüMerval. A caracterização se destaca pela maquiagem simples, que se somam aos  intérpretes com figurinos sujos e sem cor que, de certa forma, conseguem nos dizer que palhaços para serem eles mesmos não precisam ser coloridos. 

Outro argumento é que os fatos históricos e o conceito de liberdade de expressão foram utilizados na composição da trilha sonora de Lenno Ávila, compositor e integrante do elenco. “Um dos pontos altos da trilha é o embate simbólico da Monarquia e a Cabanagem interpretados pelas  figuras femininas das bailarinas Leidiana Ribeiro e Priscilla Barreto em uma performance inundada de poesia e elementos metafóricos”, acrescenta Lenno.

Os textos contaram com a preparação cênica de Paulo Lima - Diretor do Grupo Lacor, que através da pesquisa e desenvolvimento do trabalho corporal, desenvolveu atividades sistemáticas para a construção dos personagens em atividades no Laboratório de Pesquisa Corporal da UFPA localizado no ICED.

“Sempre buscamos algo que seja novo para os intérpretes da companhia. Mergulhamos na arte do clown depois de participarmos de oficinas de dança contemporânea e linguagem do corpo promovidas pelo Programa Arte e Lazer na UFPA” – acrescenta Paulo.

O elenco é formado por 10 (dez) artistas, entre eles bailarinos, dançarinos, cantores, atores e músicos. O espetáculo se desdobra para dar valores humanos e como estes podem se perder e se modificar diante de situações limite. A busca pela liberdade é o fio condutor da  narrativa, ainda que o preço seja a própria vida.

Ficha técnica
Direção: Kleber DüMerval
Elenco: Ary Caldas, Charles Wanzeler, Diego Jaques, Junior Coelho, Kleber DüMerval, Lenno Ávila, Leidiana Ribeiro, Paulo Lima, Priscilla Barreto e violinista Valéria  Dias.
Figurino: Leidiana Ribeiro e Kleber DüMerval
Iluminação: Tarik Coelho
Canções originais: Lenno  Ávila
Realização: Attuô Cia de Intérpretes Contemporâneos e  Grupo LACOR

Serviço
Palhaço! Dia 7 de abril, próxima quinta-feira, às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa. Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (associados Vivo Valoriza), R$ 20 (meia-entrada),

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