18.8.10

Terreiro eletrônico de José Celso Martinez esquenta turbinas para a estréia

A mega estrutura do Grupo Teatro Oficina, construída para duas mil pessoas, e montada na Praça da Bandeira, começa a chamar atenção dos passantes.

Na noite de terça-feira, 17, José Celso Martinez fez o último ensaio oficina antes da estréia da maratona de espetáculos que começa amanhã, 19, às 20h, com “Taniko, o Rito do Mar”.

O Teatro Extádio está pronto, é um grande terreiro eletrônico. Ontem, na passagem de Cacilda!, já entraram luz, algum figurino e foram feitos os ensaios de câmera. O espetáculo dura seis horas, mas ainda é pouco diante da história da atriz.

Em contato com sua trajetória, o público recebe uma verdadeira aula de história do teatro, da música e do cinema brasileiro. Estamos em uma década de guerra, glamour e da criação do Teatro Brasileiro Moderno, onde Cacilda Becker é um dos maiores mitos. Para Zé Celso, seis horas ainda é pouco. Seriam necessárias nove peças para dar conta de tudo.

Os ensaios extrapolam, obviamente, o tempo do espetáculo. Zé Celso é extremamente exigente. “Não, vamos de novo” é uma frase constante até que tudo fique exatamente afinado.

O diretor é imbatível, nada lhe escapa e olha que a parafernália é gigantesca. Tudo impressiona, mas nada mais do que a agilidade de José Celso Martinez neste processo todo.

Orquestrar um teatro para multidões e contagiá-la, como acontece com as torcidas de futebol não é fácil. Por isso, ele conta com os oficineiros paraenses que estarão na platéia e também no centro da arena auxiliando o grupo neste contágio do público.

A montagem da Cia Teatro Oficina para Uma Estrela Brasyleira a Vagar, Cacilda! é musical, eletrônica e animada. A pista é transformada em rua, asfalto e calçada, emoldurada pelas linhas improváveis de um Pão de Açúcar inflável.

Todos os elementos de uma época estão atualizados, trazidos para o presente, e mais palmeiras, o mar, o Rio de Janeiro, em cenário real e virtual.

Estão ali várias fases da vida de Cacilda. Na primeira, entre 1940 e 1947, Cacilda revela-se uma escritora extraordinária, uma filósofa precoce do Teatro.

Em cena, um anjo leva suas cartas às amigas Sonia Oiticica e Maria Clara Machado.

O passeio pela década de 40 em Cacilda!! é cantado pelo Uzyna Uzona em múltiplas camadas da realidade brasileira e da atriz. É o momento de sua entrada nos palcos, aos dezoito anos.

A música é executada ao vivo por uma banda de grandes músicos, que interpretam as trilhas das peças vividas por Cacilda. Um coro acompanha tudo em performances musicais.

Cacilda começa no TEB Teatro do Estudante do Brasil. É indicada pra trabalhar com Dulcina de Moraes, mas recusa. Vai para a Cia de Raul Roulien, o galã brasileiro de Flying Down to Rio, filme de Hollywood com Fred Astaire e Gigers Rogers.

Cacilda mostra-se encantada pela liberdade da capital carioca, pelos palcos, o Cassino Copacabana, o Cassino da Urca.

Bandas e mais bandas chegam ao país, Disney lança Alô Amigos imortalizando o encontro animado de Zé Carioca e Pato Donald. E Getúlio Vargas assina um decreto e cria a Cidade Cinema, 1º plano de implantação de uma indústria do Cinema Brasileiro.

Além dos americanos muitos artistas europeus chegam ao Brasil fugindo da Segunda Guerra. E Cacilda contracena com tudo isso.

É a protagonista deste espetáculo: filma ao lado de Grande Othelo, é dirigida por Ziembinski, por Willy Keller, tem uma experiência na Cia de Bibi Ferreira, trabalha no Rádio com Jean Sablon.

Em outro momento, ela se encanta e se desencanta com a carreira, chega a desistir, mas o paraense Sérgio Cardoso a traz de volta aos palcos pra fazer Gertrudes, a mãe de Hamlet.

A terceira parte desta tetralogia narra a fase da atriz no TBC – Teatro Brasileiro de Comédia e sua saída dessa companhia para a fundação de sua própria, o TCB – Teatro Cacilda Becker.

Serviço
Espetáculos do Dionisíacas em Belém. Nesta quinta-feira, 19, Taniko, Rito do Mar, às 20h. Sexta-feira, 20, Cacilda, às 19h; Sábado, 21, Bacantes, às 19h e domingo, 22, O Banquete, às 19h. Entrada é um kilo de alimento não perecível a ser torcado no Teatro Extádio, na Praça da Bbandeira.

Fonte: Holofote Virtual, com informações do Grupo Teatro Oficina.

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