Três filmes, da recente produção audiovisual paraense, serão exibidos nesta quarta-feira, 29, a partir das 19h, no Centro Cultural SESC Boulevard, marcando o lançamento do Edital Ideal de Curta-Metragem, iniciativa privada e independente, parceria do Grupo Educacional Ideal com a Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas do Pará (ABDeC-PA), a Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA) e a Produtora Caiana Filmes.
Além de inédita, a iniciativa chega para cobrir uma lacuna no que diz respeito ao incentivo a realização de cinema no estado, que não tem, no momento, nenhuma política pública direcionada ao setor audiovisual. Os três curtas escolhidos para a sessão de lançamento representam a mais recente produção audiovisual local. São eles, “Matinta”, de Fernando segtowick, premiado no Festival de Brasília, “Mãos de Outubro”, de Vitor Souza Lima, que tem vários prêmios em festivais e mostras, e “Quando a Chuva Chegar”, de Jorane Castro, seelcionado em festivais como o do Recife, Pernambuco, este ano.
Para os integrantes da entidade, o edital representa um grande passo para o fomento do mercado audiovisual local. “Com a falta de políticas públicas locais, voltadas para o audiovisual, este edital promete revelar novas caras do cinema paraense, assim como fomentar e dar continuidade aos que já se lançaram na carreira de cineasta”, diz Ed Amanajás, Coordenador de Redes da ABDeC-PA.
Tendo como tema, a Educação, o edital é aberto a realizadores experientes ou estreantes e, ainda que com um valor abaixo do praticado em editais públicos, quando estes existem, os R$ 40 mil serão destinados a realização de um filme de ficção ou documentário, que deverá ser todo rodado em território paraense, com equipe formada por profissionais do estado.
Quando a Chuva Chegar |
Ao todo, serão selecionados cinco roteiros, mas somente um receberá o prêmio. Os autores dos outros quatro, porém, não ficarão totalmente de fora da premiação e participarão de oficinas de aperfeiçoamento de roteiro, saindo delas com um material pronto para ser inscritos em outros editais nacionais.
Restrospectiva – O cinema paraense vem se destacando, desde o final dos anos 90, quando os realizadores retomaram a produção, estagnada desde a geração de e pós Líbero Luxardo, conseguindo aprovar, junto à prefeitura local de então, o Edital de Prêmio Estímulo ao Curta Metragem, a partir do qual se produziu o premiado “Chama Verequete”, de Luiz Arnaldo Campos e Rogério Parreira; “Dias”, de Fernando Segtowick e “Quero Ser Anjo”, de Marta Nassar.
No início dos anos 2000, mais dois filmes se destacaram, premiados em editais do Ministério da Cultura, “Mulheres Choradeiras”, de Jorane Castro e “Açaí com Jabá”, dos diretores Alan Rodrigues, Marco Daibes e Valério Duarte. Vieram depois, “Dezembro”, também de Segtowick, “Origem dos Nomes”, de Marta Nassar e “Severa Romana”, de Sue Pavão, Bio Souza e Rael Hellyan.
As Mulheres Choradeiras |
Mais tarde, chega a vez dos documentários, graças às premiações do Doc TV e de outros editais, foram lançados “Chupa Chupa, a história que veio do Céu”, de Roger Elarrat e AdrianoBorroso, “Turcos Encantados”, de Luiz Arnaldo Campos e “Eretz Amazônia”, de Alan Rodrigues, além de “Invisíveis prazeres cotidianos", de Jorane Castro, premiado dentro e fora do Brasil, e ainda “Serra Pelada, esperança não é sonho”, de Priscilla Brasil, que também fez depois outro premiadíssimo do cinema paraense “As Filhas da Chiquita”, realizado de forma independente. Este mês, vimos "O Ajuntador de Cacos", belo documentário de Paulo Miranda que retoma a trajetória do Padre Giovanni Gallo. Nesta vertente, a produção é mais que independente e há vários filmes que não são ainda conhecidos para a maioria do público paraense
Da ficção, não podemos esquecer do curta “De Assalto”, de Ronaldo Rosa, e nem da recém filmada minissérie “Miguel Miguel”, de Roger Elarrat e muito menos de uma produção mais antiga, “Matinta Pereira”, de Jorge Vidal, que também recebeu menções honrosas e premiações em festivais.
A produção é considerável, mas ainda percebe-se um circuito de realizadores que aprovam seus projetos por terem já uma larga experiência, principalmente. Por isso, o presente edital inova e acaba abrindo a possibilidade para que mais realizadores iniciantes se apresentem e, mesmo sem conseguir a premiação, aperfeiçoe seu projeto, pois há, de fato, uma novíssima geração produzindo e é necessário que se abra caminhos à profissionalização, para além da graduação em cinema, agora em curso pela UFPA.
Mãos de Outubro |
Finalização – Dentro de toda esta cena, porém, há curtas que ficaram inacabados, como “Alice”, de Rubens Shinkai e “Era Uma Vez Carol”, de Emanuel Freitas, mas que após alguns anos de espera, de acordo com o diretor, deve ser lançado em 2011.
A dificuldade em captar para a finalização acaba prejudicando esta cadeia. “A canção de Eleanor”, de Valério Duarte e “Nas trilhas do gatilheiro: a história de Quintino da Silva Lira”, de André Luis Silva de Miranda, não foram lançados ainda. Ambos ganharam o edital Prêmio Mis de Estímulo a Realização de Curta Metragem de 2008, o mesmo que premiou “Mãos de Outubro”.
Mais recentemente, “Ribeirinhos do Asfalto”, de Jorane Castro, este finalizado, ainda não foi exibido em Belém e estamos no aguardo. E há produções como “Juliana contra o Jambeiro do Mal pelo coração de João Batista”, de Elarrat, e “Quem Vai Levar mariazinha para Passear”, de André Mardock e Ester Sá, em andamento, sem falar dos filmes de animação e da produção de Andrei Miralha, com os curtas lançados este mês no DVD “Miritis”.
As Filhas da Chuiquita |
Debate - Há inúmeros filmes que não foram citados aqui. Mas não só a produção, como também o circuito de exibição, em espaços não comerciais, como os cineclubes, tem avançado, contrariando a realidade da falta de apoio e patrocínio ou editais públicos. Isso não quer dizer que se deve continuar neste caminho. Tudo isso pode e deve melhorar e além de editais é preciso firmar cada vez mais parcerias a fim de garantir o lançamento e a distribuição desses filmes. A ideia é discutir também isso, hoje, após a exibição dos curtas.
O lançamento contará ainda com a apresentação do Grupo de Redes da ABDeC-PA, atualmente coordenado pelo ator e realizador Ed Amanajás e uma discussão em torno do mapeamento da produção de cinema no estado. Outra novidade será a formação da nova chapa de gestão da ABD Nacional, que terá um realizador paraense indicado à vice-presidencia, Afonso Galindo. Os detalhes para a inscrição dos roteiros no edital Ideal serão dados na oportunidade e todos os interessados na produção audiovisual estão convidados a participar.
Serviço
Lançamento do Edital Ideal de Incentivo ao Curta Metragem. Nesta quarta-feira, 29, ás 19h, no Centro Cultural Sesc Boulevard (Boulevard Castilho França, nº 522). Mais informações pelo número 91 3323-6026.
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