7.6.11

Definida a protagonista do novo curta metragem de Roger Elarrat

Os protagonistas do filme, Leoci Medeiros e Geisa Barra
Mesmo sem experiência como atriz, a publicitária e apresentadora Geisa Barra foi a eleita da equipe para interpretar o papel feminino mais importante do curta “Juliana contra o jambeiro do diabo pelo coração de João Batista”, premiado no edital do Ministério da Cultura. Ela estará ao lado de Leoci Medeiros, ator que já estava definido no elenco.

Há pouco mais de um mês para o início das filmagens do curta metragem que também chegou a ser contemplado pelo edital da Petrobras, a equipe do novo curta de Roger Elarrat fez nestas últimas semanas escolhas importantes para sua realização, em julho. As locações não serão mais em São Caetano de Odivelas, no nordeste do estado, como se pensou em princípio, por causa da manifestação do Boi de Máscaras que se origina no município e que está presente na estética e trama do filme.

No início do ano Elarrat chegou a visitar a cidade e gostou muito das possibilidades que encontrou por lá, mas sem apoios locais, os custos ficariam mais além da realidade de seu orçamento. As filmagens serão em Belém e arredores, em locações que lembrem uma zona rural. Ao invés de trabalhar com os grupos de Boi de Máscara de São Caetano, o diretor já fechou a participação do Boi de Máscaras Veludinho, do bairro do Guamá.

Escolha da atriz foi feita de forma colaborativa pela  equipe
A outra decisão foi em relação a protagonista, que ainda era uma icógnita. Foram necessários mais de 20 testes, feitos com atrizes e não atrizes, num processo cheio de rigor e cuidados, características já reconhecidas nos projetos desenvolvidos pelo diretor.

Os testes mediram vários aspectos das candidatas, inclusive com interpretações já ao lado de João Batista, personagem interpretado por Leoci Medeiros, protagonista masculino da história.

“Tivemos muito cuidado nesta escolha, pois sabia que os dois precisavam combinar. Feitos os testes, resolvemos reunir toda a equipe e ficamos um dia inteiro discutindo, de forma colaborativa, nossas opções. Depois de ver exaustivamente cada um dos testes, veio a grande surpresa. Ao ver a performance de nossa selecionada, não tivemos mais dúvidas e batemos o martelo”, disse o diretor em entrevista concedida ao Holofote Virtual, no Instituto de Artes do Pará, onde já estão acontecendo os ensaios.

Identidade visual do curta é de Otoniel Oliveira
Desafios - Ela nunca foi atriz, mas não se pode dizer que o audiovisual seja novidade absoluta em sua trajetória. “É a primeira vez que meu lado atriz vai ser testado de verdade. Digo isso porque, trabalhando como apresentadora em rádio e tv, tive experiências em que a gente precisa esquecer de si para encarnar um personagem. Mas nunca fiz teatro, nem comercial onde precisei interpretar uma personagem, muito menos cinema”, diz.

Geisa traz em sua formação, cursos de publicidade e propaganda (UFPA), jornalismo (Estácio-FAP) e radialismo (Radioficina/SP). “Em audiovisual já trabalhei com produção, reportagem, edição e apresentação, além de assessoria de comunicação e no planejamento de campanhas publicitárias, políticas e eventos, aqui no Pará e em São Paulo”, apresenta-se.

Mesmo declarando-se ainda muito tímida com o trabalho, Geisa tem gostado da nova experiência e deste novo desafio em sua vida profissional. “A ficha ainda não caiu exatamente, mas a equipe está muito afinada, todos têm sido parceiros nesse processo, muito solícitos em me deixar a vontade nos ensaios, dando um toque aqui e ali. Nunca trabalhei com isso, nem fiz cursos. Mas como sou bem cara de pau, acabo encarando numa boa, me sentindo a vontade em emprestar meu corpo, minha voz e minha cara para um personagem”, explica.

João Batista é um cara sem alma
Com referências do mito de Fausto e do filme "Coração Satânico", o roteiro conta a história de um garoto que gostava de roubar jambos por onde andava e costumava desafiar a crença popular de que não se pode comer fruta ou carne vermelha na Sexta-Feira Santa. Por isso, já adulto, João Batista acredita ter perdido sua alma para o diabo. 

Incomodado e já sofrendo consequências físicas desta obsessão, ele resolve sair em busca de uma resposta para recuperar sua vida. No roteiro não há indicação muito clara sobre o que está acontecendo com João Batista. Seres encantados e criaturas sobrenaturais são vistos por ele, mas as outras pessoas estão, na verdade, participando de um festejo do boi de máscaras pelas ruas.

A solução de seus problemas pode estar com Juliana, na visão de Geisa, uma jovem decidida, “sem papas na língua, curiosa, mas também cética”. Para a atriz estreante, a personagem sente-se atraída pelo lado estranho de João Batista, mas não consegue entendê-lo completamente e por isso o deixa.

“Já fui assim e por isso a entendo bem, hoje já consigo entrar mais nas pessoas, enxergar o mundo através do olhar do outro e tentar entendê-los. Acho que nos 15 minutos do filme, ela passa por esse processo pelo qual eu levei 10 anos”, comenta. Para conseguir construir sua Juliana, ela conta com o ator Leoci. “A equipe diz que temos uma boa química e eu acho que é por isso que me sinto muito a vontade”, acredita.

Cinema e teatro, atuações bem difetentes para um ator
Teatro e cinema - Leoci, ao contrário de Geisa, é ator por formação e já atua no teatro há quatro anos, mas no cinema também será a sua primeira vez. Deparando-se com uma linguagem totalmente diferente da sua atuação nos palcos, ele diz que está entusiasmado com o trabalho e que também apostou em Geisa como protagonista.

“Para mim, que venho da linguagem teatral tem sido um grande desafio fazer um personagem para o cinema. A interpretação para a câmera é muito diferente. Já tinha feito comerciais e alguns vídeos institucionais, mas nunca interpretando um personagem. A Geisa pegou tudo muito rápido, entrou muito bem no clima e no tom da cena que lhe serviu como teste. E isso é muito legal, pois assim ela também me deixa mais seguro. Ela não é atriz de formação, mas é uma artista, percebe-se”, diz Leoci.

João Batista é um cara que não gosta de nada, não tem cor, prato ou time preferido. Por isso mesmo, sem muitos referenciais, ele não é uma interpretação fácil. “JB, como já o chamamos carinhosamente, precisa descobrir por que ele é assim, por que ele ficou desse jeito. Vai atrás de Juliana, com quem teve um relacionamento e acha que ela ainda é uma pessoa capaz de lhe compreender. Preciso buscar as nuances dele e às vezes um olhar, uma respiração traduz melhor o que ele está sentindo. Isso é um desafio para um ator que vem do teatro, acostumado a maior expressividade quando está no palco”, explica.

Juliana também é uma personagem cheia de intenções diferentes. De acordo com Geisa, ela vai mudando muito durante a história até se transformar em uma heroína. “O Roger, como roteirista e diretor, tem sido fundamental para nos ajudar a entender a história, entrar nos personagens e expressar isso tudo. Estou muito feliz e grata a ele e todos por fazer parte deste projeto”, conclui.

Roger Elarrat, reunido com equipe do filme
Direção de elenco - Roger Elarrat conta que desta vez resolveu dirigir diretamente os atores, um trabalho que cabe geralmente a figura de um diretor ou preparador de elenco. 

“Trabalhei desta forma em outros trabalhos, mas confesso que sempre tive vontade de fazer isso pessoalmente. Desde quando eu fazia assistência de direção e participava dos ensaios, dos testes. Aprendi muito com este tipo de profissional e comecei a bolar uma dinâmica. Tenho muito interesse em ajudar os atores, ao Leoci, por exemplo, a construir o João Batista dele. Esta era uma vivência que me faltava no processo de um filme, o desafio que mais está me interessando no momento”, afirma.

Roger Elarrat trabalha com planejamento detalhado, importante para deixar fluir a produção. É um diretor que gosta de desafios e tem se deixado marcar pela realização de filmes que diferem-se entre si nas escolhas estéticas e de linguagem, mas convergem em referenciais que revelam uma autoria. É constante a presença de temas com forte teor de mistério ou que voltam-se ao inusitado e até ao sinistro.

O cartaz do filme, por Otoniel
É assim em “Visagem”, animação em stop-motion baseada no livro de Walcyr Monteiro - “Visagens e Assombrações de Belém”, em “Chupa-Chupa – A história que veio do Céu”, documentário sobre os fenômenos luminosos que assombraram o município de Colares, nos anos 70 e com o realismo fantástico da minissérie Miguel Miguel, baseado no livro homônimo do escritor Haroldo Maranhão.

No que depender de trajetória e experiência dele aliadas a uma boa equipe, o novo curta de Roger Elarrat tem tudo para obter um excelente resultado e quem sabe trazer mais prêmios ao cinema paraense. 

O roteiro teve colaboração de Adriano Barroso e para a direção de fotografia foi convidado o paulista Emerson Bueno. O curta tem produção executiva de Camila Kzan e  identidade visual de Otoniel Oliveira. Na direção de arte, está Bóris Knez e a premiada Sônia Penna (Madame Satã), assinando a maquiagem, além de Maurity Ferrão, no figurino. A produção de figuração e elenco é do ator Dário Jaime e a coordenação de produção, de Teo Mesquita. Na assistência de direção, o filme conta com Célio Cavalcante e Lucas Escócio.

(Fotos desta postagem: Célio Cavalcante. Arte: Otoniel Oliveira)

3 comentários:

Anônimo disse...

É uma honra trabalhar com tanta gente boa, com uma equipe profissional, as coisas estão no rumo certo, já falei pro Roger, que gosto do jeito como as coisas estão sendo conduzidas. o meu sincero e humilde obrigado a todos desta equipe fantástica, é um momento importante da minha carreira, que bom que posso compartilhar com os leitores virtuais e com todos envolvidos neste projeto. Muito Obrigado! Leoci Medeiros

Anônimo disse...

Esse Leucy é bom mesmo!

Anônimo disse...

Nooooossa eu vi, o trailer no Amazônia Doc. deste curta PARAENSE e fiquei muito feliz com a produção e a qualidade desse projeto, a Geisa conhecia um pouco pela tv já o Leoci por ser um ator de teatro, esse rapaz é bom mesmo, não é só charmosinho não como muitos, ele tem talento, ele está bem diferente... quando estreia o filme? Parabéns