Um dos criadores da Nouvelle Vague, Jean-Luc Godard discute em seu ultimo trabalho, "Film Socialism", a falência das ideologias de esquerda e o papel da Europa no século 21.
O longa faz uma viagem pelo medirrâneo e mostra seus passageiros discutindo estes assuntos em diversas línguas. A estreia é nesta quinta, 11, em sessões às 18h e 20h30, no OI Cine Estação.
Depois de uma estreia muito aclamada no Festival de Cannes 2010, na mostra Un Certain Regard, Godard declarou que ‘Film Socialism’ seria seu último filme, o qual traz a marca única de um diretor que trabalha tempos, diálogos e inserções sonoras como nenhum outro; ruídos em colagem de citações filosóficas e históricas que revelam o domínio absoluto do fazer cinematográfico por este cineasta. Cinema de idéias, de montagem liberta dos padrões consagradas pelo cinemão comercial, dos procedimentos de encenação a correr riscos de novas associações de imagens, de movimento.
Na cena, uma menina, o irmão e os pais, que tentam explicar temas como liberdade, igualdade e fraternidade. E seis lugares com mitos falsos ou verdadeiros: Egito, Palestina, Grécia, Odessa, Nepal e Barcelona.
Seus últimos filmes em película exibidos em Belém - Elogio ao Amor (Éloge d’amour, 2001), Nossa Música (Notre Musique, 2004) e, recentemente, a reprise de Acossado (A Bout de Souflle, 1959) - acusam a lacuna deixada pela não exibição em tela grande de História (s) do Cinema (Histoire du Cinéma, 1997-1998), o que reforça a máxima de que o melhor espaço para assistir filmes ainda é a sala escura do cinema.
Em ‘Film Socialism’ (2010), o cenário é um cruzeiro pelo Mediterrâneo. Na tela, um criminoso de guerra, sua neta, um famoso filósofo francês e uma cantora norte-americana (Patti Smith). A babel em alto mar imaginada pelo diretor põe em xeque o futuro do cinema em meio a proliferação da imagem digital, na idéia do que é público e o que é privado (ou íntimo), e questões políticas que estão na ordem do dia. Colagens de pura beleza cinematográfica.
Godard, que foi um dos primeiros diretores importantes a filmar e editar em vídeo, realizou ‘Film Socialisme” inteiramente em formato digital, o que pode ser observado pela mobilidade da câmera, planos-seqüências, improvisação, ensaio, montagem descontínua em imagens carregadas de valores e informações que desafiam o olhar do espectador.
Film Socialisme - Direção e roteiro: Jean-Luc Godard / Com Patti Smith, Catherine Tanvier e Jean-Marc Stehlé (1h40/14 anos). É co-dirigido por Fabrice Aragno, Paul Grivas, Louma Sanbar, Anne-Marie Miéville, Pierre Binggeli e Jean-Paul Battaggia.
Serviço
Exibições: 11/08 (às 18h e 20h30); 12/08 (às 18h e 20h30); 14/08 (às 10h, 18h e 20h30); 17/08 (às 18h e 20h30); 18/08 (às 18h e 20h30); 19/08 (às 18h e 20h30); 21/08 (às 10h, 18h e 20h30); 28/08 (às 10h, 18h e 20h30). Ingressos: R$ 7,00 (inteira) R$ 3,50 (meia). Realização OS Pará 2000, Secult e Governo do Pará.
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