Irrequieto, antropofágico, ele absorve tudo o que vê, ouve e sente e os transforma em ilustração e quadrinhos com uma fome digna dos artistas mais intrépidos. É com este trabalho que Fábio Vermelho reinaugura, nesta sexta-feira, 6, a partir das 17h, o Espaço Oficina Assim. A primeira exposição individual do artista, intitulada "Weird Works, é um convite para adentrar no mundo irrequieto do jovem artista.
Também ilustrador, e com forte influencia em sci-fi, cultura da década de 1950 e muito rock'n'roll, Vermelho aponta Robert Crumb - um dos fundadores do movimento underground dos quadrinhos americanos e figura mais importante desse movimento - como sua maior influência.
“Crumb me inspira, totalmente”, diz. ”Gosto também dos trabalhos de Matthias Schultheiss e as gravuras de Gustave Doré. Eles são incríveis!”, arremata Fábio, que aproveita para reafirmar sua antropofagia: “Também sou inspirado por músicos e diretores de cinema, como os Cramps e o John Waters”, complementa.
Apesar de ter apenas 22 anos, Vermelho já foi visto em muitos trabalhos. Em 2012, trabalhou para o evento “Grito do Rock”, onde desenhou cartazes para o festival e para algumas bandas envolvidas, e também esteve junto como poeta Caco Ishak, ilustrando o livro “Não precisa dizer eu também”, de 2013. Mais recentemente, esteve nas páginas da revistas Gotaz, ilustrando a seção “poemas visuais”, da edição número 3.
Autodidata, Vermelho começou muito cedo. Com apenas 4 anos copiava os desenhos dos gibis mais populares, como Dragon Ball Z e Pokemon.
“Quando eu era criança, desenhava tanto quanto uma criança normal, eu acho. Quando era pré-adolescente, fazia uns quadrinhos malfeitos... mas as pessoas da minha sala até gostavam. Eu, realmente, levei a sério esse negócio de desenho, ilustração, em 2010, quando entrei na faculdade”, conta o artista, que pela habilidade se formou em designer, com habilitação em projetos de produtos.
“Eu desenho pessoas estranhas para pessoas estranhas”, brinca Vermelho ao tentar descrever seu próprio trabalho. Porém, o que se vê em seus traços é o mais puro processo de amadurecimento da produção diária, que o deixa às vezes oito horas dentro de seu estúdio/quarto.
“Gosto de desafios. Passo horas estudando o estilo de outros artistas para extrair o que eles têm de melhor. Eu baixo da internet, livros sobre desenhos da figura humana, livros sobre perspectiva etc. Pratico muito, desenho coisas diferentes do meu mundo. Encaro tudo como um grande estudo”.
Agora além de ter seus trabalhos espalhados por revistas,cartazes e livros nacionais, Vermelho está despontando no mercado editorial Americano. Recentemente publicou uma curta história em quadrinhos na edição número 5, da antologia norte-americana Seqapunch.
Oficina Assim - Esse universo delirante e incrivelmente talentoso de Vermelho estará em exposição durante todo o mês de junho, no Espaço Oficina Assim já integra o Circular Campina-Cidade Velha, projeto independente, criador de uma rede de espaços culturais para divulgação, comercialização e socialização da arte e promoção da cidadania nos bairros históricos de Belém. O Circular também, aliás, retoma as atividades neste domingo, 08.
Depois das primeiras experiências de produção de cursos e oficinas de formação, aperfeiçoamento em arte e exposições, o Assim prepara outras grandes surpresas para esse ano, que vão desde a climatização do espaço de oficinas, cursos e exposições, a ser inaugurado já na exposição de Fábio Vermelho; passando pela revitalização do quintal do casarão do século XIX, onde funciona atividades culturais distintas. O espaço também disponibilizará livros de arte, para leitura no local.
Serviço
Exposição Weird Works. Individual de Fábio Vermelho. Abertura dnesta sexta, 06, das 17h até 22h.
Visitação até 6 de julho, de quarta a sábado, de 17h às 22h. No Espaço Oficina Assim - Rua Frei Gil de Vila Nova, 215, entre Manoel Barata e Ó de Almeida.
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