25.2.11

Casa do Professor leva a Poeta da Praia para Ajuruteua

O Centro Cultural - Cineclube Casa do Professor vai exibir o primeiro longa-metragem do paraense Márcio Barradas, “A poeta da praia”. 

Autor de uma filmografia - de estilo próprio - que se destaca pela mixagem (e necessariamente pela superação) dos dois grandes gêneros do cinema (ficção e documentário), conceitos/gêneros na maioria das vezes justapostos nos seus filmes, Barradas quer dialogar com o público após a sessão, dia 26 de fevereiro de 2011, na praia de Ajuruteua, em Bragança (há 236 Km de Belém).

Considerado o realizador da ilha – pelo fato de atuar de forma solitária na bucólica ilha de Mosqueiro (há 80 km de Belém), o realizador, apesar de uma vasta e qualificada obra. Entre outros, já filmou “A janela”, “Fluido humano”, “Coração roxo”, “Icoaraci”, “O filho de ogum”, “O mastro de são caralho” e o ainda inédito “Comparsas”, inspirado em conto de Charles Bukowski. Alguns destes filmes podem ser vistos no youtube, outros, apenas nos circuitos cineclubistas.

O realizador da Ilha - Um realizador de cinema independente é como uma ilha, entretanto, mais que terra ele é pedra, mas não cercada de água e sim por montanhas, por todos os lados.

E se o mundo é uma ilha, margeada, por tsunamis, o realizador independente, à margem, também constrói terremotos submarinos. Isolado, mas não solitário, o realizador independente é capaz de sobreviver a todas estas intempéries produzidas pelo subcinema comercial.

Porque assim ele (d)escreve a sua a gramatologia fílmica, por entre experimentalismos e narrativas, forjados à vigília e lapidados em pedras que depois se tornam esculturas. O realizador independente, ilhado, rebela-se contra todas as formas que disfarçadas tentam apagar da memória o átimo da ãnima, ali mesmo onde ela se manifesta e nos faz ser o que somos.

As ilhas de tão distantes, paradisíacas, são pinturas de sonhos, imagens. Assim é Mosqueiro.
E é desta ilha que temos notícia sobre da produção de pelo menos dois filmes independentes do realizador Márcio Barradas: “O Mastro” (documentário média-metragem), “A poeta da praia” (ficção – longa), e agora mais recentemente “Comparsas” (inédito, todos produzidos na Ilha de Mosqueiro.

Para quem está cansado do lugar comum e para estes que insistem em tomar como referência o "cinemão" americano e europeu – numa eterna luta contra a força do cinema amazônida – as comunidades periféricas insubordinadas rebelam-se e provam que nós temos cinema. Se estamos ou não sós nesta ilha, o tempo dirá, afinal de contas, a história é inexorável.

Sinopse: Filósofa moradora de rua vive refugiada numa ilha, fugindo do contato humano. Passa seus dias perambulando pelas praias escrevendo seus pensamentos na areia. Não demora muito para ser notada pela população local, que não entende as atitudes da estranha mulher e passa a hostilizá-la. Sua vida, então, fica mais exposta às mazelas de uma sociedade contraditória e violenta.

Serviço
projeção do filme A POETA DA PRAIA. De Márcio Barradas. Dia 26 de fevereiro, 19hs. Centro Cultural Cineclube Casado Professor. Praia de Ajuruteua. 19h.  

 (texto de Francisco Weyl, da Paracine e articulador do Cineclube Casa do Professor)

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