22.2.11

Quando a saudade e o tempo não têm fim

Alberto Bitar abre nova exposição, na Fotoativa, propondo uma reflexão sobre a dispersão do tempo

Por Camila Gaia, da assessoria de imprensa

Quanta carga de lembranças pode haver dentro de um apartamento vazio e em quartos de hotéis? Que sentimentos podem estar impregnados nesses ambientes? Ausência e presença, memória e esquecimento, pessoalidade e impessoalidade são os conceitos abordados em “Sobre o vazio”, novo trabalho do fotógrafo Alberto Bitar, que abre sua temporada de exposição hoje (22), na Associação Fotoativa, e segue até o dia 15 de março.

Utilizando como base a fotografia estática, “Sobre o Vazio” é composto por audiovisuais que trazem à tona uma reflexão sobre o tempo, a dispersão da memória e o grau de pessoalidade inerente aos dois ambientes, aparentemente diferentes, mas que trazem consigo histórias de personagens que viveram nestes ou lugares ou simplesmente passaram por ali. 

“Sobre o Vazio sugere pensar sobre a transitoriedade das coisas e sobre a ideia de que lugares e objetos podem trazer a subjetividade de quem os escolheu e/ou os possuiu, mesmo que por um curto espaço de tempo, de como o tempo de coexistência pode, ou não, influenciar nessa percepção e de como esse tempo pode colaborar para a fixação da memória.”, conta Alberto.

A exposição, contemplada pelo XI Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), é composta por audiovisuais montados a partir de imagens e áudios capturados no antigo apartamento onde o fotógrafo viveu durante 25 anos, com a família, e em quartos de hotéis localizados na capital paraense.

“O apartamento, que parece impessoal à medida que tem suas imagens captadas com o espaço totalmente desocupado, faz contraponto com o ambiente de quartos de diferentes hotéis recentemente desocupados por seus hóspedes. Independente do tempo de permanência, esses lugares podem guardar, nas memórias dessas pessoas, lembranças e saudades de momentos importantes nas suas histórias”, explica o fotógrafo.

Trajetória - Desde 1991, quando iniciou seus primeiros estudos fotográficos, o movimento apreendido na fotografia fixa, os rastros ou a captura do fluxo do tempo decorrente da utilização das baixas velocidades do obturador da câmera, têm servido de suporte para compor séries que resultaram em exposições como “Hecate” (1997), “Passageiro” (2004/2005) e “Efêmera Paisagem” (2009).

“A partir do interesse pelo movimento apreendido na imagem fixa passei a desenvolver trabalhos com o auxilio do suporte do vídeo, mas utilizando como base imagens fixas. São trabalhos que nos fazem pensar nos primórdios do cinema, mas não deixam de ter em sua essência aspectos da linguagem fotográfica”, explica o fotógrafo.

No ano passado, com o vídeo “Sobre distâncias e incômodos e alguma tristeza",  Alberto foi selecionado no Prêmio Porto Seguro de Fotografia, em 2009. Este trabalho foi também exibido na Mostra de Cinema de Tiradentes, no Festival de Fotografia de Porto Alegre, além de fazer parte da mostra competitiva do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo - Curta Kinoforum.

Serviço
Sobre o Vazio, de Alberto Bitar. Abertura: Hoje (22), às 19h, na Associação Fotoativa (Trav. Da Praça Visconde de Rio Branco, n° 19. Praça das Mercês. Visitação: de 23 de fevereiro a 15 de março, de segunda a sexta, das 9h às 18h, e aos sábados das 9h às 13h. 

Nenhum comentário: