10.2.11

O maquinário da incomunicabilidade humana volta à cena

Espetáculo “Máquina, a história de uma paixão sem limites”, do Grupo de Teatro Universitário, encena o automatismo das relações. O espetáculo entra mais um vez em cartaz, de 17 a 20 de fevereiro – quinta a domingo -, pontualmente às 20h13, sempre no Teatro Universitário Cláudio Barradas.

As máquinas entram em cena para revelar e desmembrar mais uma vez as relações humanas em todo seu absurdo quase maquinário. Os personagens são os mesmos que fizeram a máquina funcionar tempos atrás, mas a dinâmica da peça é outra, com elementos surpreendentes. 

Como peças de uma grande fábrica, e funcionários desta, os atores do grupo encarnam problemas do cotidiano comuns à humanidade e levam o público a também identificar-se como uma peça moldada para a sociedade, afinal a grande maioria da população acorda diariamente para o seu emprego, igreja, sala de aula e outros aspectos do cotidiano e por vezes não se percebe enquanto massa de manobra, quase sem vida própria.

Aliás, a fábrica de “Máquina” é na verdade um pretexto (ou pré-texto), pois por vezes ela é também um ambiente familiar, religioso ou mesmo escolar. A máquina figura o automatismo do cotidiano humano que, sem piedade alguma, engole todos à sua volta. E tudo isto é retratado com muito humor – e sem piadinhas infames no intervalo do cafezinho.

O trabalho de concepção e realização do espetáculo sempre se encaixou muito bem com a dinâmica de uma fábrica. Ives de Oliveira, diretor do espetáculo, afirma que “é impressionante como todo o material de cenas criado ‘conversava’ muito bem com a idéia fundamental do trabalho, e com isso, temos uma apresentação não apenas de cena, mas de todo um leque de emoções vividas por todos nós durante todo o período de ensaio, inclusive após a vitoriosa estréia no ano passado. As pessoas se identificam com a peça, e é muito gostosa de assistir e se divertir”, diz orgulhoso.

Como marca da pesquisa do Grupo de Teatro Universitário, a peça flerta com música o tempo inteiro, mas desta vez, canções que marcam o popular alienante das massas dão o tom em cena, interpretadas nesta temporada por Bárbara Gibson e Leandro Oliveira.

O processo de criação do espetáculo seguiu sempre nos moldes da poética absurda de Ionesco, e fundamentada nos princípios de Taylor e Fayol, teóricos da teoria geral da administração. O espetáculo conta com máquinas, empregados, gerentes mal-humorados, desmotivados e uma gama de relações líquidas a se dissolver. 

Os males do homem contemporâneo, especialmente no que tange a incomunicabilidade, perpassam por este maquinário. A “Máquina” é um convite a (re) pensar as nossas relações humanas no absurdo que no fundo a tange. E com uma boa dose de risadas.

Serviço
Espetáculo “Máquina: a história de uma paixão sem limites”, de 17 à 20 de fevereiro (quinta à domingo), sempre às 20h13, no Teatro Universitário Cláudio Barradas (R. Jerônimo Pimentel, esquina com a R. Dom Romualdo de Seixas – Umarizal). Ingressos a R$9,99 a inteira e R$4,99 a meia, com direito a troco.

Texto enviado por Leandro Oliveira (ASCOM – Grupo de Teatro Universitário)

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