Quando a noite chega, os sons de alfaias, barricas, caixas de marabaixo, onças, reco-recos invadem a Praça dos Estivadores no bairro da Campina, em Belém.
São os instrumentos da oficina de percussão do Instituo Arraial do Pavulagem, que ganham vida nas mãos dos participantes. Os sons vêm tanto das mãos que aprendem a tocar pela primeira vez, como daquelas já calejadas pela experiência de participar ano após dos cortejos do Instituto.
Tem sido assim desde o dia 17 de fevereiro, quando começaram as oficinas preparatórias do Cordão do Peixe-Boi 2011, o primeiro cortejo do ano do Instituto Arraial do Pavulagem. E elas seguem de domingo a domingo até 3 março, mesmo com as chuvas que caem com toda a força sobre Belém. Haverá uma pequena folga para os participantes das oficinas e as atividades retornam no dia 15 de março para o início dos ensaios de dez dias do Cordão do Peixe-Boi.
No início os sons ecoam desajeitados, soltos, confusos. Fora do ritmo. Aos poucos, a sonoridade vai se encaixando, quase vira música. Mas ainda não é música, é apenas treino. “Um exercício para amolecer as juntas”, brinca um dos instrutores da oficina, Rogério Pinheiro, de 28 anos, seis só de Arraial do Pavulagem.
Quem erra os exercícios para alcançar o ritmo para, faz cara feia, se concentra e retorna.
As expressões e atitudes mudam conforme a personalidade e o gosto do freguês. O comportamento só não se modifica na vontade de continuar. Todos persistem. Na sede do Instituto, localizada no bairro da campina em Belém, ali em frente à Praça dos Estivadores, o percussionista Rafael Barros ministra a oficina de percussão, com o auxílio dos tocadores do Batalhão da Estrela - a comunidade crescente de pessoas que guarnece os cortejos-, e dos instrutores do Batalhão.
No prédio ao lado, numa sala cedida pela Unafisco, quem não quer tocar, se exercita, alonga, inspira e expira em movimentos de todos os tipos na oficina de dança. E na Praça, quem prefere ver o mundo de cima, arrisca os primeiros passos em cima de pernas-de-pau. Ou se já for veterano nessa arte de andar sobre pernas tão finas, de madeira ou metal, descansa um pouquinho depois de treinar. “Já andei, cansei,
parei. Aprendi já no primeiro dia”, lembra a estudante de 18 anos Ádrea Larisse Miranda, pernalta nos cortejos do Arraial.
Fonte: Texto de Yorrana Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário