Morador de Breves, o pedagogo especialista em Psicologia da Educação Vanderlei Castro é o convidado do Dia do Marajó. O encontro será às 18h30 desta terça-feira (22) no Sesc Boulevard
Para falar sobre questões sociais e identidade local do município marajoara de Breves, o Instituto Peabiru convidou o pedagogo Vanderlei Castro, morador natural da região. O educador irá ministrar a palestra da 7a. edição do Dia do Marajó, que será realizado nesta terça-feira, dia 22 de fevereiro, às 18h30, no auditório do Sesc Boulevard (em frente à Estação das Docas), com entrada franca.
Durante a palestra, Vanderlei Castro irá traçar uma trajetória dos ciclos econômicos do município de Breves, desde os tempos áureos da Borracha e do Arroz de Várzea, entre as décadas de 40 e 60, até as casas de farinha de mandioca artesanais, ainda muito utilizadas na região.
“Aqui tudo é artesanal. Não temos casa de farinha industrial. E nossa região é de várzea, não dá para adentrar máquinas e tratores para fazer fazendas de pasto, como no sul do Estado”, explica. “Será preciso encontrar novos caminhos para a economia local, com a valorização de seus aspectos únicos”, complementa o diretor do Peabiru João Meirelles.
Para ele é necessário que os produtos do Marajó incorporem o conceito de territorialidade e sejam reconhecidos por sua origem singular. Meirelles lembra, por exemplo, que a maior parte do açaí consumido no Brasil vem do arquipélago do Marajó e que isso não representa um ganho proporcional para as populações que o colhem.
Desde 2002, o professor Vanderlei Castro, especialista em Psicologia da Educação pela PUC-MG, desenvolve pesquisas sobre o desemprego pós ciclos econômicos na região. Segundo ele, não há muitas opções de trabalho e entretenimento cultural no município, levando jovens a prostituição e ao consumo de drogas. “Quase não temos atividades de cinema, teatro e esportes”, comenta, referindo-se ao extinto Cine Marlen e aos dois únicos grupos de dança e teatro, o Nheengaibas e o Luzarte.
Contudo, para o educador, com o projeto de interiorização da Ufpa - que chegou no Marajó em 1986-, foi possível perceber uma visão político-cultural ascendente nos jovens. Segundo ele, a sede local da Universidade teve todas as vagas preenchidas no último processo seletivo para cursos como Serviço Social, Letras, Pedagogia, Matemática e Ciências Naturais. “Temos também o IFPA (Instituto Federal do Pará), e mais uma universidade tecnológica que está com a inauguração prevista para outubro ou novembro deste ano”, comemora.
Sobre a identidade de Breves como ilha marajoara, Vanderlei comenta que hoje em dia já há uma associação maior, mas que nem sempre foi assim. “Nós paraenses não reconhecíamos o lado de Breves como Marajó. Lembro que nos anos 80 cheguei no cais de Belém e vi duas placas: 'navio para Marajó' e 'navio para Breves'. Agora já temos uma identidade maior como marajoara, porém ainda com alguns contrastes”, conclui.
O Dia do Marajó é promovido mensalmente pelo Programa Viva Marajó, coordenado pelo Instituto Peabiru e pelo Fundo Vale para o Desenvolvimento Sustentável. O programa tem como objetivo contribuir na implementação e consolidação de áreas protegidas do Arquipélago do Marajó, para a melhoria da qualidade de vida, a conservação da biodiversidade e da cultura e promoção da sustentabilidade.
Serviço
7o. Dia do Marajó. Terça-feira (22), às 18h30. Local: Sesc Boulevard (em frente a Estação das Docas). Aberto ao público, com entrada franca. Informações: 3222 6000.
Fonte: Texto de Michelli Byanka Almeida
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